Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Churrasco de festa de igreja: curiosidades históricas e modo de fazer

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Churrasco de festa de igreja: curiosidades históricas e modo de fazer

Rosemari Glatz

Seja em um restaurante tradicional, nas festas de igreja ou em casa, a nossa gastronomia é rica e diversificada, e se come muito bem na região de Brusque. Isso é fato. E, na nossa cultura, em determinadas ocasiões até gostamos de ficar numa longa na fila, espírito aberto, coração e pensamentos dedicados a viver esse momento rico que só uma boa festa de igreja nos proporciona. Passar o dia em comunidade, como passamos nas Festas de Maio tão comuns nas nossas paróquias, compartilhando espaço nas grandes mesas de bancos de madeira com pessoas da cidade, sorrisos dos conhecidos e dos visitantes, histórias repetidas e aumentadas de ano para ano, realmente é algo muito especial na nossa cultura, uma experiência mágica sempre rememorada com boas lembranças.

Diversas vezes, já escutei pessoas afirmando que isso é exclusividade daqui da região. Mas não. Ainda criança, nos idos da década de 70, já fui apresentada ao churrasco de festa de igreja na minha cidade natal – Taió, no Alto Vale do Itajaí.  Mas você conhece a origem, sabe como se prepara o nosso tradicional churrasco de festa?

O famoso churrasco de festa de igreja consiste numa carne de gado nobre deixada marinando em tempero específico, no mínimo de um dia para outro, e depois grelhada no carvão. A receita tradicional é feita com filé duplo – um corte bovino em forma de T, separando três cortes do boi: de um lado o filé-mignon, de outro o contrafilé e ainda o afamado “rabo do churrasco”, extraído de parte da costela do boi.

Conhecida como “sauerbraten” – um assado tradicional de carne fortemente temperada, a marinada responsável pelo sabor único do nosso churrasco de festa tem origem na Alemanha, onde era usada para conservar as carnes antes do surgimento dos refrigeradores. Na terra de Goethe existem variantes regionais de sauerbraten, e, por lá, geralmente o vinho tinto, vinagre de maçã, ou uma combinação de ambos, é a base da marinada. 

Adaptada pelos imigrantes alemães que colonizaram os Vales do Itajaí, o vinho tinto e o vinagre de maçã usados para preparar a marinada foram substituídos por sumo de limão, fruta que aqui existe em abundância – na Alemanha, o nosso limão comum, de casca fina laranja, não existe. O jeito de cozer a carne também foi adaptado, pois lá não se costumava grelhar as carnes como aqui. E agora que você já conhece a origem, compartilho a receita que utilizo para preparar o nosso tradicional e delicioso churrasco de festa de igreja.

Ingredientes e modo de fazer: numa bacia, prepara-se a marinada com suco de limão comum (na falta de limão, pode-se utilizar vinagre branco de álcool), cebola descascada e cortada em rodelas, sal a gosto, e água suficiente para que a carne fique totalmente imersa. Eu gosto de acrescentar orégano, pimenta do reino moída e salsa em rama. Por fim, acrescenta-se o filé duplo, que deve ficar completamente submerso no líquido para adquirir sabor e amaciar a textura da carne. 

Depois de deixar a carne marinando durante 24 horas, o churrasco deve ser assado dos dois lados em braseiro forte, e servido imediatamente. Nas festas de igreja, costuma-se servir o churrasco acompanhado da cebola crua utilizada para fazer a marinada e de pão francês. Às vezes, também é servido acompanhado de maionese de batata, pepino em conserva, e salada de tomates com cebola. 

Nossa! Só de escrever a receita já consigo sentir o cheiro inconfundível! Quem conhece e aprecia, certamente compreende essa nossa paixão pelo nosso tradicional churrasco de festa de igreja!

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