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De Pedro José Werner até o loteamento Maluche: o fio da meada que liga 160 anos de história

A primeira tentativa de colonizar Brusque como um núcleo colonial aconteceu, sem sucesso, em 1835. Somente anos mais tarde foi que o Presidente da Província de Santa Catarina determinou nova colonização. Ainda assim, entre 1835 e 1860, alguns colonizadores adquiriram terras às margens do Itajaí-Mirim onde se instalaram, de forma que, em 1860 já existiam […]

A primeira tentativa de colonizar Brusque como um núcleo colonial aconteceu, sem sucesso, em 1835. Somente anos mais tarde foi que o Presidente da Província de Santa Catarina determinou nova colonização. Ainda assim, entre 1835 e 1860, alguns colonizadores adquiriram terras às margens do Itajaí-Mirim onde se instalaram, de forma que, em 1860 já existiam na região três engenhos de serra, pertencendo um ao industrial Pedro José Werner, outro ao comerciante Francisco Sallenthien, e o terceiro a Paulo Kellner.

Reinoldo Gaertner era o quarto grande proprietário de terras brusquenses na época da fundação Colônia. Os três: Sallenthien, Kellner e Gaertner, haviam chegado dez anos antes à Santa Catarina e integraram o grupo dos dezessete primeiros imigrantes pioneiros que, em 2/09/1850, fundaram a Colônia Blumenau. Tanto Kellner quanto Gaertner eram de Brunswick, Alemanha, e sobrinhos do Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau, fundador de Blumenau e administrador daquela cidade por cerca de 35 anos.

Outro nome mencionado pelos historiadores é o de Vicente Ferreira de Mello, mais conhecido por Vicente Só. Consta que, quando os primeiros grupos de imigrantes alemães chegaram em Brusque, Vicente Só já estava estabelecido no morro onde hoje é a Igreja Católica São Luis Gonzaga. Mais tarde ele foi morar em Itajaí, onde terminou os seus dias. Na opinião do memorável guardião da história brusquense, Ayres Gevaerd, Vicente Só teria sido um garimpeiro de ouro, uma vez que o garimpo era algo muito comum por aqui.

Dentre os cinco nomes mencionados, o mais importante para a história da Brusque de 1860 é Pedro Werner. Sua família integrava o grupo de imigrantes alemães que em 1828 aportou em Desterro (Florianópolis) e que estabeleceu a primeira colmeia alemã em Santa Catarina: São Pedro de Alcântara. Na década de 1850, Werner transmigrou para a região de Itajaí onde fixou residência e, já em 15/02/1855, começou a movimentar em Brusque os seus engenhos.

Apelidado de Pedro Miúdo, Pedro Werner foi proprietário de grandes áreas de terras, dono de engenhos de farinha, serraria, olaria, além de trabalhar como balseiro e garimpeiro, e foi um dos fundadores do Clube de Caça e Tiro Araújo Brusque, em 1866. A família do sogro de Pedro Werner, Mathias Palm, assim como os seus cunhados, igualmente migraram de São Pedro de Alcântara e tinham terras aqui na região.

A propriedade de Pedro Werner ficava no lugar que hoje conhecemos como Praça Vicente Só, defronte à Sociedade Recreativa Bandeirantes, e foi onde, em 4/08/1860, o primeiro grupo de imigrantes alemães foi recebido e alojado. Ali encontraram uma casa, um engenho de serra e um de farinha de mandioca pertencentes a Pedro Werner, e foi ele que alojou os colonizadores, pois nada havia sido preparado pelo Governo para recebê-los.

Consta também que Pedro Werner foi um dos colonizadores que, junto com Pedro Jacob Heil, solicitou à administração da Colônia autorização para – com recursos próprios e de outros fiéis, construir uma igreja na sede. Edificada no mesmo local onde hoje está a imponente igreja matriz São Luis Gonzaga, a igreja foi abençoada pelo Padre Gattone em novembro de 1866.

Depois que Pedro Werner faleceu, sua família mudou-se para Lages. Dos seus descendentes, o neto Antônio Nicolau Maluche (Antônio Maluche), filho de Maria Werner Maluche e de João Augusto Maluche, voltou para Brusque e aqui também fez história. E uma delas guarda relação direta com o loteamento Maluche, projetado e implementado na fazenda que pertenceu a Antônio Maluche, neto de Pedro José Werner. Sim…aquele mesmo Werner que, em 4/08/1860, recebeu os pioneiros fundadores de Brusque.