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Estrada de Ferro Brusque a Itajaí – 1895

A primeira tentativa de implementação de uma ferrovia em Santa Catarina guarda relação com os terrenos carboníferos em Laguna. Em seguida, apresentaram-se as concessões estaduais da Estrada de Ferro Nova Capital ao Litoral, da Estrada de Ferro São Francisco a Estreito e da Estrada de Ferro Brusque a Itajaí, todas de 1895. A da Ferrovia […]

A primeira tentativa de implementação de uma ferrovia em Santa Catarina guarda relação com os terrenos carboníferos em Laguna. Em seguida, apresentaram-se as concessões estaduais da Estrada de Ferro Nova Capital ao Litoral, da Estrada de Ferro São Francisco a Estreito e da Estrada de Ferro Brusque a Itajaí, todas de 1895. A da Ferrovia de Florianópolis e da Estrada de Ferro São Francisco a Jaraguá são de 1896. A concessão da Estrada de Ferro Porto Belo ao Planalto Serrano, e da Estrada de Ferro Blumenau ao Rio Negro são de 1898 e, finalmente, a concessão da Estrada de Ferro Porto Belo ao Rio Iguaçu data de 1912.

A história de Brusque com o sistema ferroviário tem início com a Lei nº 193, de 14/10/1895, que autorizou o governo a contratar quem se interessasse para construir uma estrada de ferro de bitola estreita ligando as cidades de Brusque a Itajaí. Naquele tempo, o principal meio de transporte era o hidroviário onde, pelo rio Itajaí-Mirim, lanchas faziam o escoamento de materiais de Brusque para Itajaí. O privilégio da concessão seria por 60 anos, com garantia de juros de 6% ao ano sobre um capital empregado de quinze contos de réis por quilômetro. Poderiam ser utilizados os leitos das estradas de rodagem para assentar os trilhos. Para esta concessão não houve interessados e não foi expedida nenhuma nova lei.

Passados 5 anos da Lei nº 193, a primeira tentativa de uso de trilhos para o transporte de cargas na região de Brusque foi do visionário empreendedor Carlos Renaux (Cônsul). Em 1900, Renaux assinou o contrato que lhe concedia autorização governamental para assentar uma estreita linha de trilhos na região de Brusque, constituído numa pequena linha férrea, da qual há muitos anos não restam quaisquer vestígios.

O contrato firmado por Renaux estabelecia que, para facilitar a passagem das carroças – principal transporte à época -, os trilhos não podiam atrapalhar as porteiras das propriedades e, ainda, que Renaux deveria disponibilizar os trilhos à Prefeitura Municipal para a condução de materiais para obras públicas quando esta necessitasse. A linha férrea tinha 3 km de extensão e ligava a antiga ponte Vidal Ramos (atual Ponte Estaiada) e a Fábrica de Tecidos Carlos Renaux (na localidade conhecida como Pomerânia, hoje Primeiro de Maio). Os carrinhos eram puxados nos trilhos da linha férrea por tração animal (cavalos).

Se da pequena linha férrea de Renaux nada restou, do projeto da ferrovia que ligaria Itajaí a partir do bairro Itaipava até Brusque, pouco sobrou. A obra da ferrovia, iniciada na década de 1950, teve derradeiro enterro em 1964, quando se decidiu pelo não prosseguimento da ferrovia entre Itajaí e Brusque. E foi assim que o ramal Brusque da Estrada de Ferro Santa Catarina se converteria na Rodovia Antônio Heil, que aproveitou a maioria das obras de infraestrutura da ferrovia. Em Brusque, hoje o que nos resta é apenas o túnel do Montserrat, às margens da rodovia Antônio Heil, dentro do Parque das Esculturas, estrutura que esteve soterrada até a década de 1990 e por onde jamais um trem passou.

Itajaí, por sua vez, em 2010 instalou o Museu Etno Arqueológico de Itajaí na antiga estação ferroviária desativada em 1971. A estação fazia a ligação do Porto de Itajaí com o Alto Vale do Itajaí e o acervo do Museu é composto de imagens, objetos e pertences dos funcionários da estrada de ferro. Também conta com uma réplica de um trem Maria Fumaça e com restos da construção da estrada encontrados durante a escavação arqueológica, além de materiais arqueológicos que incluem conchas, ossada animal, artefatos de pedra e osso como machados, pontas de flecha, colares, raspadores e furadores, além de esqueletos humanos.

Fonte: Alcides Goularti Filho: Projetos Ferroviários em Santa Catarina: as tentativas fracassadas para formar um sistema ferroviário catarinense.