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Fragmentos da imigração italiana para Brusque e região – parte II

Em 1875, quando chegaram os primeiros italianos, Luis Paes Leme era o Diretor da Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro, e precisou dar acolhida aos imigrantes italianos após receber o telegrama em que o Ministro da Agricultura, José Fernandes da Costa Pereira Júnior, informava que em breve chegariam à Colônia 200 imigrantes Lombardos, e que […]

Em 1875, quando chegaram os primeiros italianos, Luis Paes Leme era o Diretor da Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro, e precisou dar acolhida aos imigrantes italianos após receber o telegrama em que o Ministro da Agricultura, José Fernandes da Costa Pereira Júnior, informava que em breve chegariam à Colônia 200 imigrantes Lombardos, e que a Colônia deveria se preparar para recebê-los. Paes Leme orçou as despesas, distribuindo os valores entre mantimentos durante o transporte, mantimentos para dez dias, auxílio, casas provisórias, sementes, ferramentas, etc. Os primeiros 108 colonos chegaram em 4/07/1875. A partir de então, a região da Colônia Príncipe Dom Pedro, que depois de extinta, em 6/12/1869, havia sido anexada à Diretoria da Colônia Itajahy, passou a ser colonizada com imigrantes italianos.

Os lotes junto à sede da Colônia já estavam ocupados pelos alemães, cuja chegada oficial se deu a partir de 1860. Das terras destinadas à colonização, restou a periferia e, principalmente, os terrenos da extinta Colônia Príncipe D. Pedro, quase todos montanhosos, onde a agricultura de porte se tornou dificultada, áreas às quais se adaptaram somente aqueles que já eram lavradores em seu país de origem.

Inicialmente, os italianos receberam lotes nas localidades de Poço Fundo e Águas Claras. A seguir, foram distribuídos os terrenos que margeiam o Ribeirão Alferes, já no vale do Rio Tijucas, onde, em 1875, havia sido criado o núcleo de Nova Trento, ligado administrativamente à Colônia Brusque.

A partir de 1876, os imigrantes que chegavam eram levados para ocupar os terrenos montanhosos que faziam parte da extinta Colônia Príncipe D. Pedro. Foi criado o núcleo de Porto Franco (hoje Botuverá), com colonos de origem italiana. As maiores áreas de concentração de elementos italianos foram as localidades de Cedro; Águas Negras, Porto Franco e Ribeirão do Ouro (ambos em Botuverá); Alferes (hoje Nova Trento) e um pequeno grupo foi instalado na localidade de Lageado (atual bairro Lageado Alto, em Guabiruba).

Sobre os primeiros anos após a chegada dos imigrantes italianos, D. Arcângelo Ganarini escreveu, em 1880, um texto intitulado “Notícias de Brusque e Nova Trento, isto é, das Colônias Itajaí e Príncipe Dom Pedro na Província de Santa Catarina Império do Brasil”, traduzido do italiano para o português e publicado ao longo de várias edições da revista Blumenau em Cadernos em 1959. Vejamos as impressões:

Em 1875, os nossos Trentinos e Lombardos, fugindo, como estes diziam, às misérias da pátria, começaram a encaminhar-se para o Brasil, cheios de douradas esperanças, e Brusque recebeu o seu contingente. Os primeiros chegados eram umas vinte famílias de Valsugana e de Monza, que não querendo adaptar-se às terras que lhes haviam sido designadas na colônia Príncipe D. Pedro, foram localizadas em melhor situação entre Brusque e Alferes (Nova Trento).

Coisa curiosa, escreveu D. Arcângelo Ganarini, era observar como os de Monza, não entendendo o modo de falar dos de Valsugana, os tomavam por alemães, ao passo que os de Valsugana pensavam o mesmo em relação aos de Monza. Também em Brusque não havia meios de se entenderem, pois ainda não tinham nenhuma prática da língua portuguesa. Por felicidade, um dos chegados conhecia o alemão, e este teve de servir de intérprete, e todos passaram a recorrer a ele ao pretenderem fazer qualquer compra ou tratar dos seus negócios com a Diretoria. No ano seguinte, graças às boas informações prestadas pelos primeiros aqui estabelecidos, foi um contínuo chegar de gente do Trentino, da Lombardia e do Vêneto e em menos de três anos a população (da Colônia Brusque) chegou a 11 mil pessoas.