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Fragmentos da imigração italiana para Brusque e região

Nos primeiros anos de existência da Colônia Itajahy-Brusque, a região foi ocupada com imigrantes alemães. Em 1869, chegaram os poloneses, e a partir de 1875 chegaram os italianos, que também deram grande parcela de contribuição para a formação da nova Colônia. Os italianos vieram atraídos pelas cláusulas do Contrato Caetano Pinto, que estimulavam a imigração […]

Nos primeiros anos de existência da Colônia Itajahy-Brusque, a região foi ocupada com imigrantes alemães. Em 1869, chegaram os poloneses, e a partir de 1875 chegaram os italianos, que também deram grande parcela de contribuição para a formação da nova Colônia.

Os italianos vieram atraídos pelas cláusulas do Contrato Caetano Pinto, que estimulavam a imigração europeia. As condições eram atrativas para as populações que sofriam com os problemas decorrentes de uma situação econômica desfavorável. Aliciados por agenciadores e atraídos pela possibilidade de serem proprietários de terrenos documentados, bem como pela fertilidade da terra, a partir de 1875 os “Vales do Itajaí” passaram a receber grande contingente de imigrantes italianos.

Quando se lê as principais cláusulas do Contrato Caetano Pinto, não se tem ideia dos grandes problemas que elas acarretariam, e que estavam associadas ao grande número de imigrantes que deveriam ser introduzidos no Brasil: 100 mil dentro de dez anos. Os lotes já deveriam estar demarcados, mas não foi assim. Nas Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro, que possuíam uma única administração, e que passamos a designar apenas como Colônia, o número de funcionários para a demarcação dos lotes era insuficiente para atender ao número de imigrantes recém-chegados. Em 1876, ano de entrada de grandes contingentes italianos, o engenheiro Pedro Luis Toulois chefiava uma comissão responsável pela demarcação. O trabalho de medição era demorado, e a situação se agravava pelo alto volume de chuva. Mesmo sem os lotes demarcados, grandes levas de imigrantes continuaram a chegar e, para a administração colonial, a acomodação deles se transformou num grande problema.

Luis Paes Leme era o Diretor da Colônia no ano da chegada dos italianos, e se viu obrigado a dar acolhida aos imigrantes após receber o telegrama de 10/02/1875, em que o Ministro da Agricultura informava que em breve chegariam à Colônia 200 imigrantes lombardos, e que a administração deveria se preparar para bem recebê-los. Os primeiros 108 colonizadores chegaram em 4/07/1875.

Não sendo possível localizar os imigrantes nos seus lotes logo que chegavam, foram acomodados nos barracões de recepção. A partir de 1876, os barracões estavam apinhados, e a Colônia não tinha condições de receber mais imigrantes. A população da Colônia, que em 1875 era de 4.568 habitantes, subiu para 8.110 até dezembro de 1876. Não se sabe com exatidão o número de imigrantes que chegou na região de Brusque por força do Contrato Caetano Pinto, mas se sabe que entre os anos de 1875 e 1877 entraram 5.616 pessoas. Quanto à procedência, vieram de Cremona e de Mântua, sendo que a maioria veio do norte italiano: Vêneto, Piemonte, Lombardia. Os Trentinos eram chamados de tiroleses e possuíam passaporte da Áustria, porque as províncias de Trentino e Ístria eram províncias austríacas que não foram incluídas na unificação italiana, passando a integrar a Itália apenas depois da Primeira Guerra Mundial.

No início de 1877, os barracões estavam completamente abarrotados de imigrantes. Os italianos tinham vontade de vencer, mas a realidade que encontraram aqui foi dura: as terras eram montanhosas, o isolamento era quase total, aliado ao desconhecimento do espaço que os cercava. A consequência foi o desencanto, o arrependimento, o desespero e a vontade de voltar. Houve revoltas e motins e vários a deixaram a Colônia, voltaram para a Itália ou foram em direção à América Platina (Argentina, Paraguai e Uruguai). Os que ficaram, ajudaram a construir as pujantes cidades de Nova Trento, Botuverá, Brusque e Guabiruba. São vitoriosos.