O Dirigível Graf Zeppelin e a viagem do Cônsul Carlos Renaux
No início do século XX, os dirigíveis eram considerados uma das grandes maravilhas que a tecnologia humana havia conseguido criar. Em 1900, o Zeppelin, considerado o primeiro dirigível experimental de sucesso, decolou pela primeira vez de um hangar flutuante no Lago de Constança, sul da Alemanha. Os voos comerciais entre o Brasil e Alemanha começaram em 1930.
Por aquele tempo, apenas a Alemanha e o Brasil tinham infraestrutura aeroportuária apropriada para a operação segura de dirigíveis. O primeiro voo teste de um Zeppelin da Alemanha até o Brasil aconteceu em março de 1930, quando o Graf Zeppelin D-LZ127, proveniente da base de Friedrichshafen (ou Porto de Frederico, em português), uma cidade alemã no estado de Baden-Württemberg, com uma escala em Sevilha, na Espanha, chegou em Recife. O voo foi um sucesso. Dentre os fatores de êxito, está o tempo de duração da viagem: enquanto um voo de dirigível da Europa para o Brasil durava apenas três dias e meio, a mesma viagem de navio durava de 15 a 21 dias.
Com o sucesso dos dirigíveis, no começo da década de 1930 o governo Getúlio Vargas firmou uma parceria com a empresa de dirigíveis Luftschiffbau-Zeppelin GmbH (Companhia Zeppelin) e construiu, em Santa Cruz no Rio de Janeiro, o Aeroporto Bartolomeu de Gusmão, considerado o maior do mundo naquele momento. Aos poucos foi instituída uma linha regular de passageiros, e os voos dos dirigíveis entre a Alemanha e o Brasil foram o início da primeira ponte aérea entre o Brasil e a Europa, com a linha Frankfurt – Rio de Janeiro, com escala em Recife.
Em 1932, o Cônsul Carlos Renaux, que ainda vivia em Baden-Baden, onde exercia o cargo de Cônsul Honorário do Brasil, fez a travessia do Atlântico no trajeto Frankfurt – Recife – Rio de Janeiro a bordo do Graf Zeppelin. Ele estava com 70 anos de idade e havia feito fortuna suficiente que lhe permitiu realizar este sonho A viagem da qual Renaux participou foi noticiada nos jornais da época e também foi registrada em vídeo, e ainda hoje pode ser visualizada no documentário produzido pela British Pathé, intitulado: “Flying Down To Rio 1932”.
O Graf Zeppelin veio 68 vezes ao Brasil entre os anos de 1930 e 1937. Em uma das viagens que fez à América do Sul, em junho de 1934, o Graf Zeppelin sobrevoou as cidades de Joinville, Blumenau e Indaial enquanto se dirigia para Buenos Aires.
O Hindenburg foi outro dirigível igualmente famoso. Apesar do pouco tempo de atividade, ele realizou voos de exibição em vários pontos do Brasil, passando por São Paulo e por Santa Catarina, onde sobrevoou Joinville, Blumenau, Indaial, Jaraguá do Sul, Corupá e Brusque. O Hindenburg estampava a suástica nazista na cauda. O dirigível Hindenburg LZ 129 chegou a ser fotografado sobrevoando o Palacete Carlos Renaux (atual Praça Barão de Schneeburg), no centro de Brusque, por volta das 5 horas da manhã do dia 1º de dezembro de 1936, mesmo dia em que Blumenau também receberia a rápida visita do dirigível que, seis meses depois, se incendiaria em pleno voo nos Estados Unidos.
O dirigível Hindenburg veio oito vezes para o Brasil entre os anos de 1936 e 1937. Não obstante o crescente sucesso da linha aérea, o terrível acidente com o Hindenburg encerrou as viagens de passageiros da Europa para as Américas, encerrando, também, a era dos dirigíveis. O Hindenburg explodiu em 6 de maio de 1937, em Lakehurst, perto de Nova York, e o incêndio do maior dirigível do mundo causou a morte de 35 pessoas. A tragédia iria antecipar a aposentadoria do Graf Zeppelin, que ainda passaria mais uma vez por Blumenau, em 1937, antes de fazer sua última viagem em 18 de novembro do mesmo ano.