Os primórdios do Padre Gattone em Santa Catarina – Final
Esta coluna é a continuação do artigo sobre Alberto Francisco Maximiliano Gattone, primeiro padre de Brusque, e traz algumas contribuições históricas sobre o período em que ele viveu, já no Vale do Itajaí, antes de vir para Brusque. Pe. Gattone emigrou da Alemanha para o Brasil em 1860, e logo foi encaminhado para trabalhar em […]
Esta coluna é a continuação do artigo sobre Alberto Francisco Maximiliano Gattone, primeiro padre de Brusque, e traz algumas contribuições históricas sobre o período em que ele viveu, já no Vale do Itajaí, antes de vir para Brusque. Pe. Gattone emigrou da Alemanha para o Brasil em 1860, e logo foi encaminhado para trabalhar em São Pedro Apóstolo de Gaspar, onde ficou entre 1861 e 1867, quando foi transferido para Brusque, onde os católicos careciam de assistência religiosa.
Assim que chegou em Gaspar, passou a instruir os jovens, pois eles haviam crescido com pouca doutrina religiosa. Foram meses de catequese, em que às vezes também se distribuíam uns tabefes com o livro na cabeça de algum rapagão ou de uma mocinha que estavam alheios às explicações do padre. A Primeira Comunhão de uns 40 jovens foi uma grande festa, com café servido aos comungantes na casa de Nicolau Deschamps.
Durante os anos em que ficou em Gaspar, Padre Gattone morava com a família de Nicolau Deschamps, que tinha um pequeno negócio e uma hospedaria. A esposa de Nicolau Deschamps cuidava do padre como uma mãe. Pe. Gattone, de saúde fraca, certo dia teve uma hemoptise (tosse com sangue), e foi nessa ocasião que a sra. Deschamps fez um sermão ao vigário, recriminando-o, porque o padre, ao invés de dormir na cama, sempre se deitava no chão. E o Pe. Gattone se “converteu”.
Nos anos em que esteve em Gaspar, Pe. Gattone ficava dois meses consecutivos na sede, a fim de preparar as crianças para a Primeira Comunhão. Ele também abriu uma escola em Gaspar, mas ela teve pouca duração, devido aos múltiplos trabalhos e ao estado precário de saúde do vigário.
Em Gaspar, com a assistência do sacristão Lickefett, o Pe. Gattone atendia os fiéis na casa de Nicolau Deschamps. Mas, numa viagem que o sacristão fez a Joinville para levar documentos ao Pe. Carlos Boegershausen, foi assassinado pelo canoeiro do rio Itapocú, que achava que havia dinheiro na maleta do sacristão. Lickefett foi sucedido por João Kormann, que o Pe. Gattone conheceu na casa dos pais de Kormann em Guabiruba, depois que, em 1864, Kormann, dentro do mato, na sua propriedade, teve um encontro com 11 bugres. Anos depois, reportando-se aos dois anos e meses que acompanhou o vigário, João Kormann ainda dizia: “Nossa vida era dura e cheia de privações, mas bonita ela foi”.
Enquanto foi vigário de Gaspar, Pe. Gattone também visitava as capelas de Blumenau, nos bairros Centro, Garcia, Badenfurt e em Testo-Salto (hoje Pomerode). Em Ilhota substituiu, temporariamente, o vigário de Itajaí. Até 1867, visitava as capelas de Brusque e Guabiruba duas vezes por ano, em média. E onde não havia capela, o vigário celebrava a missa em casa particular.
Estima-se que o Pe. Gattone celebrou a última missa em Gaspar no dia 21/05/1867, e depois assumiu a cura d’almas em Brusque. Mas, em 29 /06/1867, ele voltou para abençoar a nova capela, edificada no alto do morro onde a atual Matriz de Gaspar está implantada. Era construída de madeira e barro, coberta de tabuinhas, tinha torre de madeira e uma pequena sacristia.
Brusque foi fundada em 1860, e colonizada preponderantemente por imigrantes católicos. Mas foi só em 16/04/1867 que foi criada a Capelania de Brusque. Pe. Gattone foi o primeiro pároco com residência fixa na cidade e, conhecendo o fervor religioso dos fiéis da região, tranquilizou a comunidade católica de Brusque e Guabiruba. Pe. Gattone permaneceu em Brusque até 1882, quando foi transferido para o Rio de Janeiro.