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Os sete sepultamentos de Anita Garibaldi na Itália

A catarinense reverenciada como a “Heroína dos Dois Mundos” nasceu em Morrinhos, Laguna, no dia 30/08/1821 e faleceu na Itália em 1849. Dos pais, ela recebeu o nome de Ana Maria de Jesus Ribeiro e se imortalizou na história com o nome de Anita Garibaldi. E até depois de morta continuou a fazer história, pois […]

A catarinense reverenciada como a “Heroína dos Dois Mundos” nasceu em Morrinhos, Laguna, no dia 30/08/1821 e faleceu na Itália em 1849. Dos pais, ela recebeu o nome de Ana Maria de Jesus Ribeiro e se imortalizou na história com o nome de Anita Garibaldi. E até depois de morta continuou a fazer história, pois foi sepultada sete vezes na Itália.

Ana Maria se casou pela primeira vez aos 14 anos de idade (1835), em Laguna, com Manuel Duarte de Aguiar. O casal não teve filhos, e o casamento durou pouco. Em 1839 ela se uniu ao italiano Giuseppe Garibaldi, com quem constituiu família. Ana Maria passou a ser conhecida como Anita Garibaldi, e sua biografia é documentada a partir deste ponto. Em março de 1840, Garibaldi e Anita se retiraram de Santa Catarina. Em 1840, nasceu o primeiro filho, Domingo Menotti, em Mostardas (RS). Em maio de 1841, Garibaldi e Anita se desligaram do Exército Farroupilha e, em junho, chegaram a Montevideo, Uruguai, onde se casaram em 1842. Lá nasceram os outros três filhos: Rosita, Teresita e Ricciotti.

Em dezembro de 1847, Anita partiu com os três filhos para a Itália. Se instalaram em Nizza, terra natal de Garibaldi. Em abril de 1848, Garibaldi se juntou à família, levando consigo os restos mortais da filha Rosita. Anita, que não temia disparos de canhão, cargas de cavalaria ou espadas empunhadas, faleceu em Mandriole, bem perto de Ravenna, Itália, acompanhando o seu amado na luta pela unificação da Itália. Era o dia 4/8/1849, ela tinha 28 anos incompletos, e estava grávida de seis meses do quinto filho.

O primeiro sepultamento de Anita aconteceu na mesma noite da morte. Ela foi sepultada clandestinamente, às pressas, escondida pela noite, em cova rasa, no Mote Della Pastorara, nas imediações da Fazenda Guiccioli di Mandriole (RA), onde havia falecido. Em 11 de agosto de 1849, Anita foi sepultada em outra cova simples (2), com uma cruz de madeira, no Cemitério de Santo Alberto em Mandriole, próximo à igreja.

Dez anos depois, liderados por Francesco Manetti, alguns garibaldinos sequestraram os restos mortais de Anita, sepultando-a em segredo (3). Tinham o receio de que a sepultura fosse violada pelos adversários da unidade italiana, e temiam pelo seu desaparecimento. Descoberto o sequestro, o padre Francesco Burzatti recuperou os restos mortais de Anita Garibaldi e os enterrou (4) no interior da igreja de Madriole, perto do altar, onde permaneceu até 1859.

Em 22/09/1859, ao voltar de seu longo exílio, Giuseppe Garibaldi foi a Mandriole acompanhado pelos seus três filhos: Menotti, Ricciotti e Teresita, e desenterrou os restos mortais de Anita. Organizou um cortejo fúnebre para o seu sepultamento (5) em Nizza (atual Nice, França). No caminho, passaram por diversas cidades, parando para homenagens em Ravenna, Bolonha, Livorno, Gênova e Nizza. Garibaldi pagou a promessa feita à memória de Anita no dia de sua morte, e motivou as populações por onde passou a retomar e prosseguir a luta pela unidade da italiana. Depois disso, Garibaldi iniciou a segunda parte da guerra pela unificação da Itália.

Em 1931, por solicitação do Governo de Mussolini, a França consentiu no traslado dos restos mortais de Anita Garibaldi de Nice para Roma. Como as obras no monte Gianicolo, em Roma, ainda não estavam prontas, ela foi sepultada provisoriamente em Gênova (6). Em 2/6/1932, o Governo italiano patrocinou um gigantesco traslado, transformando o evento em um dos maiores atos cívicos da história da jovem Itália (7). O túmulo onde descansam os restos mortais de Ana Maria de Jesus Ribeiro, a lagunense que se transformou em Anita Garibaldi, na Heroína dos Dois Mundos e na Mãe da Pátria Italiana, encontra-se no monte Gianicolo, em Roma. Vale a visita!