Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Professor: verdadeiro herói e exemplo da nossa sociedade

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Professor: verdadeiro herói e exemplo da nossa sociedade

Rosemari Glatz

Fruto da imigração europeia, é próprio da nossa cultura a preocupação e o cuidado para que nossas crianças e jovens desde cedo tenham acesso à escola. Em Brusque e Guabiruba, inicialmente colonizadas por alemães que eram, na sua maioria, alfabetizados, desde os primeiros tempos tiveram como preocupação básica a educação das crianças.

Sobre a questão do ensino, em 1961 Ayres Gevaerd escreveu que era grande a preocupação do primeiro Diretor da Colônia Itajahy-Brusque, Barão von Schneeburg, com a questão da educação. Dotado de extraordinária visão de futuro, apenas dois meses após ter chegado à Brusque (em 4 de agosto de 1860), em outubro de 1860 von Schneeburg já se dirigiu ao presidente da Província requerendo, com urgência, a implantação de escolas na nascente colônia.

Acatando os pedidos do Diretor, em 30/07/1861 foi instalada a primeira escola pública em Brusque, apenas para crianças do sexo feminino. A escola de instrução primária pública para o sexo masculino foi autorizada em 22/04/1864.

Em 1º/02/1868 começou a funcionar, no bairro Aymoré, em Guabiruba, uma escola particular e, em 1869 já haviam sido construídas 5 escolas na Colônia. Em 1872 foi fundada a Escola Evangélica Alemã, atual Colégio Cônsul Carlos Renaux, que sobreviveu à política de nacionalização do Governo Vargas na década de 1930. Em 1916, o município contava com 2 escolas estaduais, 17 municipais, 2 particulares e, em 1920, 34% da população sabia ler e escrever. Uma pequena amostra da importância histórica que as escolas sempre tiveram para nossa gente, importância esta que foi aflorada em tempos de pandemia do Covid-19.

Ao longo dos últimos anos, principalmente após a promulgação da Constituição Federal (1988) e do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), observamos um contrassenso no que se refere a educação no Brasil. Ao mesmo tempo em que constatamos um aumento nos índices de alfabetização, observamos que o número de analfabetos funcionais continua crescendo, um fantasma que atinge até mesmo estudantes das universidades e demonstra a fragilidade do sistema educativo nacional. Intrínseco ao processo, resta escancarado a contínua e constante desvalorização do profissional que abraça a profissão das profissões: o professor.

E, neste ponto, chegamos ao que interessa: como estão os nossos heróis professores em tempo de pandemia?

Tudo foi uma grande surpresa. De repente, escola e universidades fechadas. Muitos professores começam a se desdobrar para descobrir como ensinar a distância, sem nunca ter aprendido. Foram colocados em plataformas online que não conheciam, sem mencionar a dificuldade de muitos em lidar com a tecnologia.

Num curto espaço de tempo, professores foram movidos a guardar os seus antigos saberes na gaveta e abrir suas janelas virtuais em prol de uma causa maior, que não pode e não deve ser interrompida: o aprendizado.

O fato é que os professores estão trabalhando mais que o normal e alguns se declaram exaustos, tensos, preocupados. Dores corporais e crises de ansiedade começam a fazer parte deste novo cotidiano “forçado”. Passados pouco mais de dois meses, já encontramos professores esgotados e alguns dizendo: “desacelerem o mundo que eu quero descer”.

Precisou uma pandemia para que muitos compreendessem que a escola ou universidade não é só um prédio. O papel do professor voltou a ser valorizado pelos familiares e responsáveis pela educação das nossas crianças, adolescentes e jovens.

Ao acompanhar os filhos, os pais se reconectaram com a complexidade da educação. Quem sabe, agora, a sociedade redimida aproveite a oportunidade para se apropriar do seu passado e volte a valorizar o verdadeiro herói e exemplo da nossa sociedade: o professor.

Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo