Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Razões da Sociedade Amigos de Brusque

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Razões da Sociedade Amigos de Brusque

Rosemari Glatz

Prezado leitor. Este texto é uma republicação parcial do artigo com o mesmo título, de autoria de Ayres Gevaerd, que foi publicado O Município em 20/03/1970. Compartilho, seguindo fielmente as palavras do autor (mas omitindo algumas linhas do texto original por falta de espaço nesta coluna), pois o texto expressa, com originalidade, as razões que motivaram a existência da nossa querida Casa de Brusque.

“Às vezes fico pensando quais os motivos me levaram a reunir e estudar elementos históricos de Brusque. É possível que se prendam, em grande parte, aos tempos da meninice, quando ia visitar meus avós maternos nas Carreiras. Quando lá chegava, mais atraído pelas guloseimas que minha avó guardava, um gostoso pão de milho, com nata, queijo e açúcar grosso, do que pelos carinhos com que ela era pródiga para comigo.

Geralmente o casal de velhos se encontrava nos fundos do terreno, enxada em mãos, capinando ou arranjando canteiros para plantação. Ao primeiro sinal de minha presença, ela, minha avó, deixava o trabalho, mudava de roupa, fazendo-me depois sentar com ela na varanda. Contudo, antes de iniciar a palestra, fazia-me rezar o Pai Nosso e o Creio em Deus, em alemão.

Depois das perguntas preliminares, que giravam, invariavelmente, em torno do meu comportamento em casa, serviço, escola, etc., eu procurava desconversar, pedindo-lhe para contar histórias dos primeiros tempos, quando tudo se iniciava em Brusque, ataque de bugres, presença de bichos ferozes, etc., etc. Minha avó foi participante da 6ª leva de imigrantes, e tinha 10 anos quando sua família foi instalada no caminho para Guabiruba.

Tinha prazer em contar coisas do passado, das alegrias, das vicissitudes, das festas, do velho Schneeburg, enfim, de toda a vida colonial dos primeiros tempos (…). Tempos depois, moço já, anotei alguns desses relatos (…). Outra faceta que ficou em meu espírito foram velhos clientes que meu pai recebia na oficina de relojoaria. Vindos do interior, de várias linhas coloniais, contavam a meu pai o trabalho nas derrubadas e roças. A maioria dessas amizades de meu pai eu as tenho em fotografia feitas em 1935, por ocasião do 75º aniversário da fundação de Brusque, nos Atiradores. Lembrança feliz do então prefeito Victor A. Gevaerd, reunindo no salão da Casa S. José as pessoas mais idosas do Município, junto com autoridades e personalidades que nos visitavam então (…).

A fotografia de 1935 me impressionou fortemente. Quem pudesse reunir a vida de cada um desses velhos, que representaria sem dúvida, a verdadeira história de Brusque: os primeiros dias, as lutas pela sobrevivência, a família, as dores e as alegrias, o velho Schuetzen Verein, as igrejas, enfim toda vida de uma respeitável comunidade como foi e sempre será a nossa!

Não era possível deixar no esquecimento o trabalho dessa gente quase todo concentrado no tamanho da terra que eles receberam. Imaginava suas figuras silenciosas, curvadas sobre os sulcos da terra que eles traçavam com seus instrumentos de trabalho. Em seus rostos lia as vicissitudes e alegrias, e procurava compreender suas esperanças nos dias vindouros (…).

Gerações se sucederam e a vida brusquense se registrava simplesmente na tradição oral com uma ou outra crônica em jornais ou almanaques familiares, sem expressão maior e que o amanhã faria “infelizmente” desaparecer. Comecei a guardar tudo o que se relacionava com o passado brusquense: jornais, anotações, postais, fotografias objetos, etc. (…).

A ideia da fundação de uma entidade cultural que seria a guardiã desse material e de outro a se reunir, foi tomando vulto. Outros brusquenses tinham identidade com esses sentimentos, comungávamos o mesmo ideal. E assim, em 1953, fundou-se a Sociedade Amigos de Brusque, com finalidade, entre outras, de reunir a história de Brusque. E conseguimos, graças a Deus! ”

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