Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Villa Renaux: ícone vivo do Patrimônio Histórico de Brusque

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Villa Renaux: ícone vivo do Patrimônio Histórico de Brusque

Rosemari Glatz

No dia em que comemoramos o Dia Nacional do Patrimônio Histórico, 17 de agosto, compartilhei nas minhas redes sociais uma fotografia e um pequeno texto sobre um dos imóveis que considero um ícone no quesito Patrimônio Histórico de Brusque e que, faz alguns anos, está com o processo de tombamento encaminhado nos níveis municipal, estadual e federal: a Villa Renaux. Imagem e texto provocaram vários comentários entre os internautas, revelando um salutar interesse pela preservação do nosso patrimônio histórico.

Imagem e texto se referem a mansão que o Cônsul Carlos Renaux mandou edificar quando voltou da Alemanha, onde era Cônsul Honorário do Brasil em Baden. A mansão e todo o seu entorno foram projetados pelo alemão Eugen Rombach, o mesmo engenheiro que havia projetado a mansão que o Cônsul havia adquirido já construída, em Baden, na década de 1920. O Cônsul contratou o engenheiro quando ainda morava em Baden e a família Rombach chegou a Brusque no dia 4 de agosto de 1931, com um contrato de permanência de 4 (quatro) anos.

O projeto foi iniciado ainda em 1931. A implantação levou cerca de quatro anos, envolvendo a construção das casas, o mobiliário, as estradas, os jardins e o lago, bem como o mausoléu, e foi concluído por volta de 1935. O casarão foi batizado “Villa Goucki”, uma homenagem do Cônsul à sua terceira esposa, Goucki, e a fotografia que publiquei nas minhas redes sociais mostra a mansão no final da década de 1930 e pertence ao acervo da Unifebe/Villa Renaux.

Após a morte do Cônsul, em 1945, seus descendentes costumavam se reunir na “Villa Goucki” duas vezes ao ano, para render homenagem aos antepassados: no dia 11 de março, aniversário natalício de Carlos Renaux, e no dia 8 de dezembro, aniversário natalício da sua primeira esposa, Selma Wagner. O Cônsul Carlos Renaux, apesar de ter casado três vezes, só teve filhos com a primeira esposa, Selma.

Durante muitos anos, Selma Carolina, a filha mais nova de Carlos e Selma Renaux residiu na Villa Renaux, contribuindo na preservação do patrimônio até sua morte em 1988. Mas Dona Selma, como era conhecida, não residia na casa principal: habitava a residência aos fundos da casa do Cônsul, uma edificação destinada a moradia dos serviçais.

A partir do início dos anos 1990, a saudosa professora e historiadora Bia Renaux, bisneta do Cônsul e neta de Otto Renaux, assumiu a preservação do imóvel. Sua atenção e esforço pela preservação da ambientação da época chegou aos mínimos detalhes, com o resgate do mobiliário e peças originais tais como louças s e objetos de decoração. Bia viveu na Villa Renaux até sua morte, em 5 de janeiro de 2017.

Em 2017, o Centro Universitário de Brusque (Unifebe) firmou com o herdeiro do imóvel – Vitor Renaux Hering, o Termo de Cooperação para Cessão de Direitos de Uso de Imóvel e Acervo Documental. A “Villa Goucki” passou a ser denominada oficialmente Villa Renaux. Desde então a Unifebe está gerindo o acervo documental histórico físico e digital da Villa Renaux, com o objetivo de contribuir para a sistematização, preservação e socialização da memória, documentação visual da história e do patrimônio cultural da cidade de Brusque/SC e região.

Em 2020, a mansão que permeia o imaginário e desperta o interesse de muitos está totalmente envolta pela exuberante vegetação que a abraça. E quem passa pela rua 1º de Maio e desconhece a existência deste patrimônio histórico de valor imensurável para o País, sequer suspeita que a mata que encobre a colina acolhe, protege e guarda em seu seio a casa que pertenceu a um dos maiores nomes da história de Brusque, e que nela deu o seu último suspiro: o Cônsul Carlos Renaux.

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