Rotina de acidentes faz moradores da rua Gustavo Halfpap mudarem hábitos
Órgãos de segurança avaliam condição da via e reforçam o risco durante início das chuvas
Os recorrentes acidentes na rua Gustavo Halfpap, no Centro 2, levam insegurança para moradores e chamam a atenção dos órgãos ligados aos setor no município. A rua é indicada como um trecho de risco. Apesar da estrutura existente, melhorias de sinalização e revisão da pista são debatidos internamente para reduzir o número de casos no trecho mais crítico.
Só neste ano, um motociclista morreu, outro ficou ferido, e o motorista de um caminhão de concreto ficou preso às ferragens após tombar na Gustavo Halfpap. Também há relatos de carros invadindo a varanda e caindo sobre o telhado de residências da rua.
Na avaliação do comandante do 18º batalhão, tenente-coronel Otávio Ferreira Filho, a atenção com a segurança no ponto deve ser redobrada por quem dirige ou caminha no trecho. Para ele, a adoção de ferramentas de controle de velocidade, como a fiscalização eletrônica, poderia reduzir a sensação de insegurança dos moradores do entorno.
O acúmulo de material, como restos de óleo na pista, segundo Ferreira, é um agravante para o trecho de descida. Segundo o comandante, a educação no trânsito tem papel importante para evitar mais acidentes. “É uma rua bastante perigosa, mas o risco não está tanto na via, mas no condutor, está faltando uma consciência de quem utiliza este acesso.”
As causas da maioria dos acidentes e as situações de maior risco são conhecidas pelos órgãos de segurança: pista molhada, desrespeito à sinalização, além da presença de restos de óleo ou areia na pista. Os dados serviram para a fundamentação do laudo de um dos acidentes do local, em maio deste ano.
Melhorias na sinalização
O técnico de Planejamento Urbano da Secretaria de Trânsito e Mobilidade de Brusque (Setram), Luís Henrique Blumer, foi um dos servidores que avaliou a situação da Gustavo Halfpap no primeiro semestre deste ano. Ele acredita que um reforço na sinalização e orientações possam auxiliar a reduzir os acidentes. Na rua, o trânsito de caminhões é limitado a 10 toneladas e velocidade de 30 quilômetros por hora.
Segundo Blumer, o início de períodos de chuva é o de maior risco no trecho de descida. De acordo com o especialista, com água insuficiente para limpar a pista, os motoristas ficam expostos à baixa aderência. Ele também indica a dificuldade de escoamento devido ao declive acentuado como um agravante.
A busca por alternativas para melhorar a condição da via é discutida entre Setram e Secretaria de Obras. No início do mês, a insegurança da rua e a necessidade de instalação de calçadas de passeio no entorno foi indicado pela Associação de Moradores do Centro 2.
O local, ressalta, já recebeu diferentes tentativas de melhorias, como a colocação dos guard-rail, a partir de 2012. As estruturas foram fixadas depois de dois acidentes envolvendo colisão de carros contra muros de residências da rua. Depois da instalação, pelo menos, outros cinco considerados graves pelo órgão foram constatados nos pontos com a proteção.
Estrutura limitada
O técnico atribui o acúmulo de óleo sobre a pista à falta de manutenção periódica nos veículos. Já quanto aos acidentes, destaca o somatório de fatores como a imprudência, falta de perícia para dirigir no trecho e o comportamento inadequado no local. “É necessário o domínio do veículo a todo o momento”.
De acordo com Blumer, as características do local limitam as possibilidades de ações no trecho mais crítico da rua. A colocação de proteções é praticamente descartada para a área mais urbanizada devido a falta de espaço e acessos fora do padrão, já no ponto sem a possibilidade de construção de calçadas, moradores improvisaram uma passagem pela lateral da via.
Sensação de insegurança
O receio de passar de observador à vítima dos acidentes recorrentes da rua Gustavo Halfpap fizeram o motorista Roberto Wilke, 68 anos, adotar medidas de prevenção. Ele evita esperar no semáforo para acessar a rua Primeiro de Maio por receio de que possa ser atingido por algum veículo sem controle no mesmo sentido.
De acordo com ele, as medidas de segurança adotadas até o momento, como a colocação de guard-rail, próximo ao semáforo, são paliativas e não resolvem a causa dos acidentes. Para ele, o problema da via está no traçado das curvas. “É um defeito na pista, um erro no projeto.”
Morador há mais de 40 anos de uma das transversais da via, todos os dias ele convive com a situação de risco desde a abertura e pavimentação da ligação. “Nos dias de chuva, é pior. Isso já virou rotina para nós, aqui. O terreno do vizinho já parece um depósito de veículos batidos.”
A percepção é a mesma de Denner Voltolini, 43, morador das proximidades do ponto mais crítico há 10 anos. A rotina, afirma, é de atenção e receio constantes para ações do cotidiano, como atravessar a rua ou visitar um vizinho.
“Caminhando também é ruim de se locomover aqui, a calçada é sem condições e é preciso andar pelo canto da estrada”, descreve. A situação, segundo ele, é de risco. O filho, de seis anos, já caiu no local.
Outro cuidado que eles mantém é evitar ficar em frente ao imóvel. “Temos medo, sim, já aconteceu coisa que, se estivéssemos aqui, o carro teria pego. Já aconteceu de uma van bater e virar aqui na frente, coisas inacreditáveis. No fim do ano, um Ford KA perdeu o controle, girou na pista e parou dentro do terreno.”