Ruínas na Antônio Heil: conheça a história do prédio abandonado às margens da rodovia em Brusque
Construção desgastada pelo tempo chama atenção de quem passa pelo local
Construção desgastada pelo tempo chama atenção de quem passa pelo local
Um projeto abandonado, de quase 30 anos, marca a vista de quem entra em Brusque pela rodovia Antônio Heil e gera curiosidade nos moradores. A construção parada há muito tempo e tomada pela vegetação foi alvo de disputas judiciais que, depois de mais de 20 anos, se aproximam do fim.
A história começa na década de 1990, quando um grupo de empresários decidiu construir no local um centro comercial que iria da avenida Bepe Rosa até a via lateral da rodovia Antônio Heil. O espaço seria chamado de Brusque Outlet Center.
Para executar o projeto uma permuta pelo terreno foi feita com a brusquense Gertrudes Hoffmann Furtado. Conforme consta nos autos judiciais, ela receberia 22 salas comerciais na troca do terreno.
Após o contrato de permuta feito, o grupo de empresários buscou financiamento com a Cassol Pré-Fabricados para executar a obra. Mas, por motivos diversos e falta de recursos, o grupo não conseguiu dar continuidade no projeto que, então, ficou abandonado.
Já no começo dos anos 2000 o grupo Brusque Outlet Center passou a ser alvo de processos judiciais. O terreno, adquirido via permuta, foi utilizado como garantia dos demais contratos e acabou indo a leilão para quitação da dívida com a Cassol.
Em 2005 Gertrudes entrou com pedido de embargo do leilão, pois como não recebeu a sua parte no acordo de permuta, o terreno ainda era dela. Desde então, já se passaram 17 anos, diferentes instâncias, inclusive o Superior Tribunal de Justiça, e o processo segue aberto.
O leilão chegou a acontecer e o terreno foi arrematado pela empresa L.A.M Administradora de Bens que, inclusive, passou a ser dona do local nos registros da prefeitura. Apesar da negociação ter sido embargada e o valor já ter sido devolvido para a empresa, a matrícula do terreno ainda não foi alterada.
De acordo com a família da Gertrudes, eles ainda não puderam reaver a o registro do terreno porque ele segue arrolado na justiça. Por esse motivo, o processo, que tinha recebido baixa definitiva em novembro de 2021, precisou ser reaberto em janeiro deste ano e segue em aberto.
Questionados sobre o futuro do terreno, a família explicou que não tem planos concretos para a área. O neto de Gertrudes, Alexandre Furtado, contou que após o registro voltar para sua avó eles irão pensar sobre vender o espaço, caso apareçam interessados, ou montar um negócio no local.
O projeto do Brusque Outlet Center é de 1994 e exemplares do material gráfico de venda foram guardados pela família de Gertrudes. Nele constam os motivos elencados para o investimento no negócio e tudo que o espaço teria.
A construção teria cinco pavimentos, sendo três deles destinados para as 400 lojas. Na cobertura, além de lojas, teria um restaurante panorâmico, com mirante e capacidade para 600 pessoas, e centro de convenções, com espaço reservado para desfiles de moda. Outro destaque da cobertura seria o cinema que teria capacidade para 360 espectadores.
Os andares seriam interligados por rampas, escadas, e, com destaque no material gráfico, escadas rolantes e elevadores panorâmicos. O local também teria vazados para os outros pisos para proporcionar melhor ventilação e iluminação no local.
Com foco na venda de produtos direto de fábrica, o Brusque Outlet Center teria espaço destinado para ônibus de excursão, local reservado para os motoristas descansarem e salas para os guias turísticos se organizarem. Conforme o material gráfico, a garagem teria “capacidade para 40 ônibus e 500 carros, ou 4,8 mil automóveis no seu horário de funcionamento”.
Outro ponto destacado no material é a energia elétrica do local que prometia um gerador com circuito independente que entraria automaticamente em funcionamento quando houvesse falta de energia.
O material gráfico também traz motivos econômicos e geográficos da época para investir no local. Conforme uma pesquisa realizada pela Ideco e divulgada em agosto de 1993, Brusque atraía na época 98,5% dos turistas e compradores que visitam a região em quase 2 mil ônibus por mês. Além disso, o material também traz a informação de que isso gerava uma receita de US$ 1 bilhão ao ano, conforme a média em agosto de 1993.
Desenvolvido antes da criação do Plano Real, o material gráfico traz no ponto “Motivo Comercial” detalhes da realidade da época. Ele prometia um espaço melhor de interação entre produtor e consumidor, “revitalizando o ciclo de compra e venda que anda tão abalado por planos econômicos, inflação e outros desmotivadores de negócios”.
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