Falamos aqui, um dia desses, que Ryan Murphy nunca para. Senão, vejamos: Murphy e equipe – obviamente, não vamos cair na armadilha de achar que alguém consegue sucesso sozinho, ainda mais na indústria do entretenimento- tem o toque de midas.
Como produtor, roteirista e idealizador, já fez o sucesso de séries tão diferentes entre si quanto Nick/Tup (sobre cirurgia plástica), Glee e seu Glee Project, American Crime Story, American Horror Story, Feud… Teve um ou outro tropeço, como nas menos vistas Scream Queens e The New Normal. Mas seu índice de acertos é impressionante.
Assim como é impressionante sua nova criação, Pose. A série, original FX, um dos canais da Fox, é perfeita para quem acompanha o reality de competição mais hypado da atualidade, a RuPaul’s Drag Race. As referências da cena drag que aprendemos no reality – e que já foram compiladas no documentário Paris is Burning (sim, disponível na Netflix!) – são a base da nova série. Isso quer dizer, basicamente, a cena gay e drag da New York dos anos 80, com seus bailes, suas competições entre “casas”, sua linguagem e expressões artísticas específicas. Muitas delas surgidas como uma forma de identidade e valorização própria, em um universo totalmente desqualificado pela sociedade. A arte dos excluídos.
Como Ryan Murphy não é nem um pouco bobo, ele não deixa brecha para os críticos: todas as personagens trans são vividas por atrizes transgênero. E, antes que alguém fale em cotas ou vitimismo, todas elas estão excelentes em seus papéis.
A história tem um olhar aprofundado na medida certa, mostrando todo o preconceito e limitações sofridos pelos personagens naquela época e mostrando que, apesar do tanto que evoluímos em termos de aceitação, algumas coisas continuam iguaizinhas.