Saiba como a crise do coronavírus na China afeta a economia brusquense
País é responsável por 56% do volume de importações das empresas locais
Apesar de nenhum caso de coronavírus ter sido confirmado no Brasil até agora, efeitos da epidemia são sentidos em outras áreas. As relações entre algumas empresas de Brusque e da China, onde o vírus começou a se espalhar, são próximas. Como consequência da globalização, a interrupção na produção de muitas delas no país asiático acaba refletindo aqui.
O gerente comercial da ES Logística, Lisandro Bueno, conta que a China está praticamente parada e que nem documentos estão conseguindo ser enviados. A ES é uma empresa de agenciamento de cargas que transporta contêineres e cargas aéreas de todo o mundo para o Brasil.
“Tudo que se move em torno de importação e exportação, pelo menos aqui em Santa Catarina, parou. Continuam os embargos do governo lá, ninguém se mexe em certas províncias. Isso impacta diariamente o nosso serviço, viagens de navio foram canceladas”, relata.
De acordo com Bueno, a paralisação da produção na China impacta muito nos negócios aqui no Brasil.
“Muito prejuízo, não só para nós, mas no geral. Não chegando e saindo carga, ninguém fatura. Vamos ter um grande problema de faturamento não só neste mês, mas no trimestre, porque até a situação normalizar e as empresas conseguirem produzir na China, demora”, lamenta.
Ele comenta que não há uma previsão de retorno significativo da produção no país e que as consequências ainda não pode ser inteiramente avaliadas.
“De imediato não há uma previsão de melhora. Só depois da volta aos trabalhos vamos perceber o real impacto. A partir da próxima semana vamos saber quantos fábricas vão voltar a trabalhar. Por enquanto não tem nenhuma fábrica que voltou 100%, nem os nossos escritórios parceiros na China”, acrescenta.
A presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Rita Conti, diz que a situação está muito duvidosa, principalmente na área têxtil.
A Acibr recebeu informações da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) que dão conta que vai levar ao menos seis meses para que a situação na China normalize, de acordo com o secretário geral do Sub-Conselho da Indústria Têxtil do Conselho da China para a Promoção do Comércio Internacional (CCPIT-Tex).
As relações comercais de empresas brusquenses com a China se dão, sobretudo, na área de importação. Em 2019, por exemplo, o país foi responsável por 56% de todo o volume de importações das empresas daqui. Além disso, países da Ásia, como Índia, Coréia do Sul, Vietnã, Tailândia, Indonésia e Taiwan respondem por mais de 20%
O presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem, Malharia e Tinturaria de Brusque (Sifitec), Marcus Schlosser, ainda acha cedo para conseguir medir o reflexo desta crise na produção têxtil da região.
“O horizonte é de desvantagens, pela diminuição do comércio mundial. A China tem grande potencial de compra de produtos brasileiros. É uma questão de monitorar, mas qualquer coisa que afete uma economia daquele tamanho, vai acabar afetando todo mundo e a região aqui com certeza também”.
Desde segunda-feira passada, empresas em Pequim, capital da China, estão organizando o retorno gradativo dos trabalhadores, o que deve demorar ainda em locais como Hubei e Zheijang, as duas províncias de onde veio o coronavírus.
Por outro lado, alguns setores estão sendo mais acionados por conta da crise na China, que mexeu bastante com o câmbio do dólar.
“Talvez fique atrativo para o nosso mercado exportar, são oportunidades nos dois lados. No agronegócio, já houve um reflexo. Já estão solicitando mais alimentos da nossa região principalmente”, destaca a presidente da Acibr.