Saiba como está o cumprimento de metas do plano de saneamento pelo Samae de Brusque
Receita utilizada para investimentos cresce, mas questões como sistema de esgotamento preocupam
Receita utilizada para investimentos cresce, mas questões como sistema de esgotamento preocupam
O Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) de Brusque tem atividades guiadas pelo Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), criado em 2017, que dá diretrizes para investimentos e funcionamento. O documento é levado em consideração pela Agência Intermunicipal de Regulação do Médio Vale do Itajaí (Agir), que emitiu parecer administrativo em 16 de março regulamentando o mais recente reajuste na tarifa.
O parecer da Agir traz, em detalhes, dados prestados pelo Samae no pedido de reajuste anual da tarifa, incluindo os investimentos determinados pelo PMSB em 2019 e a meta para 2020.
Antes do pedido do reajuste, a Agir chegou a iniciar diversas visitas para verificar as atividades do Samae, mas foram interrompidas em função da pandemia de Covid-19. Na visão da agência, é pouco possível que a ampliação da capacidade de tratamento seja atendida até 2020. O motivo elencado é a tramitação lenta das licitações.
No pleito de reajuste de tarifa feito pelo Samae à Agir, a autarquia explica que a redução dos valores investidos em 2020 em relação a 2019 é justificada pelo fato de o projeto da Estação de Tratamento de Água (ETA) da Cristalina não estar finalizada naquele momento. Com o fim do projeto, o Samae irá adicionar valores do superávit financeiro acumulado no final de 2019, que foi de R$ 31.644.765,96.
Como consta na tabela, há dois itens “não previstos” no PMSB. A Agir afirma que, embora não se trate de uma situação costumeira, há situações de caráter emergencial e que, por razões diversas e justificadas, causam mudanças no plano. No caso, há um Termo de Acompanhamento de Conduta (TAC) assinado com o Samae em relação aos investimentos que não estavam previstos.
Quando a Agir verifica alguma chamada “não conformidade”, ou seja, algo que não esteja de acordo com legislações e demais regras na atividade do Samae de Brusque ou de qualquer outra autarquia de sua área de cobertura, é possível aplicar notificações, multas, revisão de metas e TACs. Desde setembro de 2019, o não cumprimento de investimentos pode resultar em redução da tarifa, que leva em consideração o equilíbrio econômico-financeiro a capacidade de pagamento da tarifa por parte dos usuários.
O parecer administrativo da Agir destaca que os investimentos relacionados pelo Samae não foram separados item a item. A soma de quatro deles foi prestada na listagem de 2019, por exemplo. A agência explica que não há qualquer irregularidade neste sentido. No entanto, afirma que prejudica a transparência e obriga a execução de auditorias e outras formas de controle. A separação item a item facilita os procedimentos de verificação da Agir.
O Samae ainda não destinou valor algum para a implantação de um Sistema de Esgotamento Sanitário (SES). De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). No PMSB está prevista esta implantação.
O investimento está estimado em cerca de R$ 45 milhões, com prazo de execução de 36 meses, sem cronograma físico estabelecido. A ideia é de que atenda 20% da população.
A Agir explica que o tema é tratado com preocupação. A agência também afirma que a situação “chegou a um nível que não pode mais ser aceito”, e que a atual administração municipal “já se movimentou e adotou uma série de ações para dar uma solução ao esgotamento sanitário”.
“Tudo demanda estudos de alta performance, os investimentos são vultuosos e tudo, segundo a legislação brasileira, deve ser recuperado por meio da tarifa”, comenta a Agir em resposta por escrito a O Município.
O Samae investiu no ano passado, pela primeira vez desde 2016, mais de R$ 5 milhões em seus serviços e estruturas. No parecer administrativo da Agir é observado que os índices de investimento de 2015, 2017 e 2018 inferiores em relação ao estabelecido no PMSB e “a todos os compromissos com a universalização, regularidade e qualidade do fornecimento de água tratada.” Em 2012, 2013, 2014, 2016 e 2019, os investimentos são mais satisfatórios, superando 12% das receitas.
Em contato com O Município, a instituição completa: “as metas apontadas no PMSB são um horizonte de projeto. Mudanças e adaptações podem ocorrer conforme a necessidade e as demandas e a oferta. Por isso é um plano. Contudo, quando se trata de água para o consumo humano, é obrigatório atender a produção, a continuidade e a qualidade. Ou seja, não pode faltar água, salvo casos emergenciais, inclusive como a situação de seca que atualmente se apresenta.”