Saiba como funciona o atendimento no Centro de Reabilitação Especializado em Saúde Infantil de Brusque
Centro atua como um braço do SUS no atendimento especializado a crianças com transtornos relacionados ao neurodesenvolvimento
O prefeito de Brusque, André Vechi (PL), assinou no início deste mês de abril o decreto que oficializou a criação do Centro de Reabilitação Especializado em Saúde Infantil (Cresi). A regulamentação permite que a clínica tenha acesso a uma estrutura maior de equipamentos, espaços e nos serviços prestados.
Como diz o nome, o Cresi trabalha com serviços especializados, nesse caso, com o auxílio de uma equipe multidisciplinar de saúde de crianças com transtornos relacionados ao neurodesenvolvimento. Como atua junto ao Sistema único de Saúde (SUS), a instituição é como um braço do SUS, focado nos atendimentos especializados para crianças com algum tipo de transtorno.
De acordo com a coordenadora de Saúde Mental da Prefeitura de Brusque, Inajá Araujo, a regulamentação do Cresi, colabora com a organização dos serviços prestados para as crianças que apresentam sinais e sintomas de algum transtorno relacionado ao neurodesenvolvimento. E possibilita a integração das Secretarias de Saúde, Desenvolvimento Social e Educação para atender as necessidades apresentadas.
“Anteriormente a essa construção, o atendimento era realizado em locais diferentes, sem ajuda de equipe multiprofissional e sem o material de suporte”.
Com o decreto, a coordenadora menciona que o atendimento agora pode ocorrer em um espaço adequado, com materiais lúdicos e com a integração e compartilhamento da equipe, dos dados, das avaliações e dos atendimentos realizados.
Atendimentos
Para ter acesso ao atendimento no Cresi, a criança que possui algum tipo de transtorno, relacionado ao neurodesenvolvimento, dá entrada no postinho do seu bairro. O médico da unidade avalia o quadro, que a depender da demanda, poderá fazer o encaminhamento para as equipes do centro especializado.
O Centro de Reabilitação Especializado em Saúde Infantil atende crianças de 3 a 11 anos. Já os adolescentes de 12 a 17, após avaliação do médico da unidade básica, podem ser encaminhados para o Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (Capsi).
Os dois serviços contam com equipes multidisciplinares. Após o atendimento especializado da rede pública, se identificada demanda relacionada a algum transtorno neurológico, com a necessidade de terapias de estimulação ou reabilitação, o atendimento poderá ser compartilhado com a Associação dos Pais, Profissionais e Amigos dos Autistas de Brusque e Região (AMA).
O Cresi
O Centro de Reabilitação Especializado em Saúde Infantil atua de três formas: avaliação e diagnóstico interdisciplinares, intervenção interdisciplinar, que envolve terapias, e a supervisão clínica.
O objetivo é preencher as lacunas assistenciais nos casos de transtornos de neurodesenvolvimento em crianças e adolescentes, utilizando as referências já existentes em serviços regionais para atender as demandas dos pacientes.
“Os atendimentos são de ordem clínica, psicossocial e educacional, Visando melhora na qualidade de vida e diminuindo o impacto nos anos de vida desta parcela da população”, diz Inajá.
Atuação do Cresi
A coordenadora conta que quando a criança passa pelo postinho e chega ao Cresi, é iniciado o processo de identificação de transtornos, sejam eles relatados ou apresentados, assim como as intervenções que serão necessárias. Nesse caso, qual será o projeto terapêutico utilizado para a referida demanda.
“Pode ser uma necessidade no âmbito da psicologia, terapia ocupacional, acompanhamento médico, medicação, apoio social a família ou demanda psicopedagógica. Isso tudo ocorre de forma interligada no mesmo espaço e com o olhar de todos os profissionais que atenderam a criança e sua família”, pontua. O trabalho também incorpora ações junto com a escola da criança, se identificada a necessidade.
Nos atendimentos, o foco permanece com crianças que apresentam os transtornos relacionados ao neurodesenvolvimento, como por exemplo os transtornos de espectros autista (TEAs), transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno desafiador opositor (TOD), entre outros.
Ela ressalta que como o autismo ocupa um lugar especial, surgem várias necessidades específicas como o atendimento terapêutico e avaliações de testagem. A partir disso, Brusque então formou parceria com a AMA para atuar nesses processos específicos.
“E dessa forma trabalhamos em conjunto para atender as necessidades das nossas crianças”, finaliza.
Número de atendimentos
Dados divulgados pelo Caps de Brusque em 2023, atualizados até 7 de novembro, informam que 147 pessoas já haviam sido atendidas pelo Cresi e pelo menos 101 ainda aguardavam por atendimento.
As informações divulgadas apontam ainda que, apenas em 2021, mais de 400 crianças tiveram acompanhamento psiquiátrico no município. Na maioria desses casos, a demanda estava relacionada a dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, psicossociais e transtornos emocionais e comportamentais.
A instituição nota que houve um aumento significativo no número de crianças encaminhadas para avaliação com possíveis problemas envolvendo a saúde mental.
Em 2022, a rede de saúde mental, com atuação da Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental (Ament) e o Caps, totalizaram 1.278 atendimentos. Os dados ainda dizem que pelo menos 162 pessoas aguardavam atendimento na área da psicologia, 45 na psiquiatria e 458 na área da fonoaudiologia até o dia 7 de novembro de 2023, data da última atualização dos dados.
Local indefinido
Atualmente o Cresi atende no mesmo local que o Capsi. Mesmo com a regulamentação, a instituição de atendimento especializado ainda não possui um local próprio para atuar.
A secretária de Sáude, Thayse Rosa, responde que nenhum local foi definido ainda e que, até o momento, a única obra prevista é a construção da Unidade Básica de Saúde do Centro (UBS). Sendo assim, o Cresi segue com os atendimentos no mesmo local que o Capsi.
Thayse reforça que para a construção de uma obra como a do centro de reabilitação é necessário muito recurso e que também é preciso analisar os orçamentos de um ano para o outro. “Eu entrei [no comando da secretaria] em agosto do ano passado e tínhamos uma série de pessoas em fila e uma série de outras necessidades. Naquele momento, optamos por centrar o orçamento nessas emergências. Então ele [novo local do Cresi] não está contemplado nesse planejamento”.
Entretanto, a secretária afirma que a pasta irá atrás de recursos para viabilizar a construção do novo espaço.
“Temos essa demanda de atendimentos crescendo e mais profissionais sendo incorporados, assim, vai surgindo a necessidade de um local próprio para os próximos anos”, conta.
Assista agora mesmo!
Médica na UTI Móvel do Samu atende homem com mandíbula arrancada em seu primeiro plantão: