Saiba como funcionava o braço da organização criminosa condenada em Brusque
Dos 23 condenados, 22 estão presos preventivamente desde a Operação Realeza e não terão o direito de recorrer em liberdade
Dos 23 condenados, 22 estão presos preventivamente desde a Operação Realeza e não terão o direito de recorrer em liberdade
Foi publicada, em 21 de janeiro, a sentença que condenou 23 de 25 pessoas como integrantes de uma organização criminosa que atua em toda Santa Catarina e que tem atividades em Brusque. Eles foram investigados pela Operação Realeza, deflagrada por Ministério Público, Polícia Civil e Polícia Militar. Entre os condenados, estão uma líder estadual da facção e outros sete, que operavam em Brusque.
De acordo com a denúncia apresentada pela promotora de Justiça Susana Perin Carnaúba, titular da 4ª Promotoria de Justiça de Brusque, os réus dominaram o braço local de uma facção criminosa a partir de 2017, quando os então líderes foram presos em outra operação. Assim, foram abertos espaços, preenchidos por outras pessoas.
Tudo começou quando foi deflagrada a operação Opus, na qual foram cumpridos diversos mandados e prisão e busca e apreensão de membros de facção criminosa. Devido ao grande número de prisões de pessoas que era líderes na organização, novos personagens começaram a surgir.
Essas pessoas, condenadas recentemente, assumiram o lugar dos que eram responsáveis pela disciplina do grupo nos bairros, pela coleta do dízimo e pela conta bancária utilizada pela facção.
A investigação ganhou corpo especialmente ao serem apreendidos diversos bilhetes escritos à mão na Penitenciária Industrial de Blumenau e na Unidade Prisional Avançada de Brusque. Nestas “pipas”, termo utilizado para nomear os bilhetes trocados, havia muitas informações que possibilitaram identificar e individualizar a conduta de todos os envolvidos.
A ação do Ministério Público foi julgada parcialmente procedente, condenando à prisão em regime inicial fechado, pelo crime de organização criminosa, 23 dos 25 réus. Parte dos envolvidos, incluindo os dois absolvidos, foi denunciada também por tráfico de drogas e associação para o tráfico, mas o Juízo da vara Criminal de Brusque julgou a ação improcedente em relação a estes crimes.
Dos 23 condenados, 22 estão presos preventivamente desde a Operação Realeza e não terão o direito de recorrer em liberdade. A promotora vai recorrer da decisão que absolveu os réus dos crimes relacionados ao tráfico de drogas e solicitar a revisão das penas, que considera insuficientes.
Participava da facção desde março de 2018. Era um integrante de menor relevância, à disposição de tarefas delegadas pelas lideranças.
Era o padrinho de Baiano na facção. Exercia certa liderança mesmo na já preso na Operação Opus, anterior à Operação Realeza. Antes, chegou a ser “Disciplina Geral” da Cidade, ou seja, era o responsável por manter as atividades de acordo com o que os superiores queriam. Quando foi preso, era o disciplina apenas do bairro Souza Cruz. De acordo com o relatório, também vende drogas.
Era uma das líderes em Brusque, sendo a disciplina do bairro Águas Claras. Também exerceu funções de contadora e de cobradora do dízimo, quantia que os integrantes precisam repassar às cúpulas mais altas da organização. De acordo com uma testemunha sigilosa, ela chegou a ser Disciplina Geral de Brusque.
É irmão de Juce. Está preso na Penitenciária Industrial de Blumenau (PIB), onde atua pela facção. Possui cargo importante de comando, delegando tarefas e passando instruções.
Conhecido por FB, WN e Killer. É uma liderança dentro da Penitenciária Industrial de Blumenau, sendo também o Disciplina. Em carta apreendida no local, ele dá ordens para Daniel de França Pires montar sua própria equipe no bairro Águas Claras, onde Killer atuava antes de ter sido preso, e dá instruções e diretrizes para melhor aproveitamento dos crimes.
Tinha atuação de dentro da penitenciária de Blumenau. De acordo com carta apreendida, ele apoiaria a estrutura presente em Brusque assim que passasse para o regime semiaberto.
Conhecido por Dani, Danielzinho e Menor, vinha sendo investigado por tráfico de drogas. Era o Disciplina do Águas Claras e possuía funções de comando. Testemunhas sigilosas afirmaram durante as investigações que já compraram drogas dele.
É um “subalterno de Menor”. Ele arremessava malotes contendo drogas, celulares e outros objetos para dentro da penitenciária. Também ficava à disposição para outras tarefas. Era um integrante sem funções de liderança.
Conhecida como Galega ou Loira, é apadrinhada por Carolina de Lazzari Moraes e Silva, disciplina geral de Santa Catarina. Testemunhas e evidências apontam Galega como disciplina geral de Brusque e do bairro Paquetá.
É a disciplina geral de Santa Catarina. Mensagens trocadas entre ela e Galega mostraram que havia uma preocupação sobre a administração das disciplinas gerais nas cidades. Uma testemunha relatou que Carolina é uma das mulheres mais poderosas dentro da facção, integrando o grupo chamado “As 10 Leais”, com funções de comando em toda a ala feminina da organização no estado. De dentro da prisão, ela segue atuando e possui influência considerável.
É membro antigo da facção. É o padrinho de Galega. Foi preso em flagrante traficando drogas em 30/12/2017.
Era uma das lideranças. Traficava drogas com a família. Chegou a fornecer 10 kg de maconha a Toreto para que fossem revendidos em Brusque. Abastecia diversos traficantes.
Traficava drogas e chegou a se desentender com uma subordinada de Juce, pois ambas vendiam drogas no Águas Claras.
Era o companheiro de Déia e está preso por homicídio cujo motivo foi dívida com drogas. Uma testemunha do caso relata que ele integrava a facção.
Assumiu as funções de disciplina geral de Brusque em 13 de junho de 2018, após deixar a unidade prisional de Itajaí. É uma liderança que chegou a dominar a região, conforme consta no relatório. Coordenava ações da facção e também do tráfico na região da Limeira.
Liderança estadual
Carolina de Lazzari Moraes e Silva – 6 anos de reclusão
Lideranças em Brusque
Jucivani dos Santos – 5 anos e 4 meses de reclusão
Cláudia de Almeida – 6 anos e 8 meses de reclusão
Tom Jobim de Syllos – 7 anos e 4 meses de reclusão
Márcio de Lima Gomes – 6 anos e 8 meses de reclusão
Jonathan Ricardo da Silva – 6 anos de reclusão
Fábio Ricardo da Silva – 7 anos e 4 meses de reclusão
Daniel de França Pires – 5 anos e 4 meses de reclusão
Liderança em Itapema
Eberti Cordeiro Godoy – 7 anos e 4 meses de reclusão
Lideranças em Unidade Prisional
Breno Wallace Borges Campos (Blumenau) – 7 anos e 4 meses de reclusão
Rafael Aprígio de Oliveira (Itapema) – 7 anos e 4 meses de reclusão
Integrantes de menor expressão
Júlio César dos Santos – 5 anos e 4 meses de reclusão
Paulo Roberto Carneiro – 5 anos e 4 meses de reclusão
Vladimir Ribeiro dos Santos – 6 anos e 8 meses de reclusão
José Carlos Gonçalves Rodrigues – 6 anos e 8 meses de reclusão
Igor Tafarel Vermöhlen – 4 anos e 8 meses de reclusão
Andréia do Amaral – 5 anos e 4 meses de reclusão
Rodrigo Pauluk – 5 anos e 4 meses de reclusão
Edson Galvão Reis – 5 anos e 4 meses de reclusão
Gerusa Nogueira – 5 anos e 4 meses de reclusão
Lair do Amaral – 6 anos e 8 meses de reclusão
Marcos Menger – 6 anos e 8 meses de reclusão
Agnes Thayná Chaves – 4 anos e 8 meses de reclusão