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Saiba como número de acidentes de trânsito impacta no trabalho das equipes de socorro de Brusque

Corpo de Bombeiros e Samu avaliam crescimento das ocorrências nas vias do município

O elevado número de acidentes de trânsito em Brusque causa impactos não só para as vítimas como também para as equipes de socorro. Há ocorrências em que são necessárias as atuações paralelas do Corpo de Bombeiros e do Samu, dependendo da quantidade ou gravidade das vítimas.

Um levantamento do Corpo de Bombeiros de Brusque aponta que foram realizados mais de 1,3 mil atendimentos a ocorrências de acidentes de trânsito entre 2020 e 2021. No entanto, o município também recebe apoio da guarnição de Guabiruba, ou seja, os números de atendimentos tendem a ser maiores.

Já o Samu atendeu 450 ocorrências de natureza traumática em 2020, sendo a maioria acidentes de trânsito. Em 2021, o número foi de 430 atendimentos da mesma categoria.

Atendimento integrado

Destas 1,3 mil ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros, em 44 delas foi registrado o apoio do Samu. Os motivos são diversos, seja pelo número de vítimas a serem atendidas ao mesmo tempo, ou em razão dos casos de pacientes que necessitam de intervenção invasiva no local do acidente.

A enfermeira do Samu, Aline Fagundes Cunha explica que a atuação de maneira integrada entre as equipes de socorro se fortaleceu nos últimos anos. Segundo ela, uma política de integração, que surgiu em Santa Catarina em 2017, oportunizou a aproximação do Samu ao Corpo de Bombeiros.

“De lá prá cá, temos vivenciado diversas situações em que temos atuado de maneira conjunta. Ocorre sempre complemento da atuação de uma equipe com o apoio de outra, tendo em vista que como profissionais da saúde, conseguimos realizar alguns procedimentos invasivos no momento dos atendimentos, como suporte de medicações que muitas vezes são necessárias no decorrer do atendimento da ocorrência”, salienta.

Segundo a profissional, esse atendimento unificado é mais preparado, completo e qualificado para as vítimas.

Apoio de Guabiruba

O comandante do Corpo de Bombeiros de Brusque, capitão Rodrigo Gonçalves Basílio comenta que neste período foram atendidas mais de 7 mil ocorrências em diversas áreas de atuação, como pré-hospitalar, combate a incêndio em edificações, veículos e vegetações, buscas e salvamentos, entre outros.

“Desse total, 1.389 ocorrências envolveram acidentes de trânsito. Vale ressaltar, conforme já dito, que, não raramente, Brusque recebe o apoio também de bombeiros militares de Guabiruba, fazendo com que esse número, na verdade, tenda a ser maior”, salienta.

O capitão aponta que os atendimentos do Corpo de Bombeiros de Guabiruba ocorrem quando as ambulâncias de Brusque estão empenhadas em outras ocorrências, ou em situações em que a equipe de socorro da cidade vizinha poderá chegar com mais rapidez ao local da ocorrência, diminuindo o tempo de espera.

Prioridade nos atendimentos

Quanto mais ocorrências de acidente de trânsito, maior será a destinação de viaturas e de equipes de socorro para a cena. Nessa perspectiva, o capitão aponta que seria possível dizer que há um impacto no trabalho do Corpo de Bombeiros Militar. No entanto, ele salienta que a corporação sempre busca estratégias para atender no menor tempo possível e com a máxima qualidade todos aqueles que necessitarem dos serviços da equipe de socorro.

Segundo o comandante, as prioridades para os atendimentos das ocorrências são definidas de acordo com as informações angariadas preliminarmente e a gravidade potencial de cada caso. “As equipes de socorro e salvamento, contudo, estão em contato permanente com a Central de Operação, a fim de garantir que as viaturas sejam empenhadas de forma inteligente e célere”.

Ele ainda classifica que não há sobrecarga no serviço prestado pelo Corpo de Bombeiros , mesmo em dias em que há um elevado número de acidentes atendidos pela equipe, “tendo em vista que estamos preparados para esse tipo de situação”.

Aline explica que o Samu opera com uma equipe que reúne médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e condutores socorristas. Segundo ela, por se tratar de um serviço de saúde móvel tripulado por profissionais de saúde, com possibilidade de realização de procedimentos ainda na cena do atendimento, boa parte dos atendimentos do Samu são de natureza clínica.

Neste caso, se enquadram os casos de infarto, AVC, complicações de saúde, convulsões, parada cardíaca, entre outros. Além disso, a equipe também age em ocorrências psiquiátricas, e está habilitada para atuar em diversos cenários. A profissional ressalta que destes atendimentos, cerca de 30% compreendem ocorrências com maior gravidade.

Aline diz que a média mensal de ocorrências é de cerca de 300 atendimentos, sendo as ocorrências de natureza traumática uma média de 20%.

“Infelizmente nosso município tem registrado grande quantitativo de ocorrências traumáticas, em sua maioria decorrentes de acidentes de trânsito. Considerando o aumento de ocorrências de todas as naturezas, o que este aumento impacta no Samu, refere-se ao maior tempo de espera para o atendimento de outras ocorrências, visto que atendemos os municípios de Brusque, Guabiruba e Botuverá, totalizando em média 786 quilômetros quadrados de nosso território, o aumento de atendimento de situações que poderiam ser evitadas, empenha as equipes e em algumas situações, outras ocorrências permanecem na espera para atendimento posterior”, comenta Aline.

Impactos nas vítimas

Boa parte das colisões no trânsito de Brusque envolvem carros e motocicletas, sendo as lesões mais frequentes nas vítimas suspeitas de fraturas pelo corpo, além de hemorragias externas, suspeitas de hemorragias internas e traumas na região da cabeça.

“Frequentemente as vítimas de acidente de trânsito apresentam sinais sugestivos de traumatismo cranioencefálico, sendo essa uma das principais complicações ocorridas com as vítimas, podendo resultar inclusive em óbito ainda na primeira hora da ocorrência do trauma”, pontua Aline.

Para ela, as consequências físicas de uma vítima do trânsito vão desde fraturas e amputações, até complicações posteriores para o paciente, devido ao traumatismo. Quanto aos impactos psicológicos, Aline aponta que são inúmeros visto que muitas vítimas ficam com alguma incapacidade física no período de recuperação ou permanentemente.

“A vítima por vezes não pode retornar às suas atividades laborais, ou mesmo ao seu cenário de convivência social de costume, além das diversas complicações que podem ocorrer no processo de recuperação. Isso inclui os casos onde há necessidade de reestruturação familiar. Eles precisam se readequar enquanto estrutura para atender às demandas de um familiar, agora, acamado, por exemplo”.

Basílio observa os números com preocupação. “Isso porque a questão vai muito além da quantidade propriamente dita. Em muitos desses acidentes, o que nós vemos são vítimas graves, muitas das quais com fraturas severas e de difícil recuperação, a exemplo de fraturas de fêmur, e outras, infelizmente, politraumatizadas ou já em óbito”, pontua.

Basílio também comenta sobre os impactos que os acidentes podem causar nas vítimas “dor, sofrimento, angústia, medo, culpa (a depender de como se deu a participação da pessoa no acidente”.

Por fim, Aline solicita o apoio, atenção e compreensão da comunidade quanto às normativas de trânsito para que seja possível evitar estas situações. Além disso, ela pede mais atenção dos condutores de veículos para que sempre priorizem a passagem dos veículos de emergência e evitem o uso de celular enquanto estão dirigindo.


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