Saiba os motivos dos problemas no serviço de entrega dos Correios em Brusque
Moradores reclamam do atraso de correspondências e a perda de produtos
Moradores reclamam do atraso de correspondências e a perda de produtos
O serviço dos Correios é alvo de muitas críticas por parte dos moradores de Brusque e região. Uma postagem de O Município no Facebook pedindo relatos de problemas com a entrega de correspondências recebeu mais de 100 comentários, a maioria deles de pessoas relatando experiências ruins com a instituição.
A reportagem conversou com algumas dessas pessoas que vêm enfrentando dificuldades em receber cartas e encomendas.
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A moradora do bairro Dom Joaquim, Girlane Santos, conta que comprou etiquetas pela internet em abril. O produto foi enviado por meio de postagem simples no dia 30 de abril, e até a data em que ela conversou com O Município, na segunda-feira, 3, a correspondência ainda não havia sido entregue. No entanto, ela não foi até a agência para reclamar.
Além desse problema, ela relata que há quatro meses optou pelo pagamento digital de suas contas, pois todas elas chegavam após o vencimento em sua casa.
Situação semelhante aconteceu com Rivael de Jesus dos Santos, morador do bairro Limoeiro. Desde o dia 29 de abril ele espera uma correspondência que foi enviada de Biguaçu.
Ele foi até os Correios e orientaram que deveria consultar na agência onde aconteceu o despacho. Rivael conversou com o remetente, que foi se informar sobre o que aconteceu. Não conseguiram localizar a correspondência, mas disseram que seria necessário esperar a carta voltar ao remetente.
Por causa das contas atrasadas, Rivael também optou pelo débito automático das faturas, porque chegavam cerca de 20 dias atrasadas.
A moradora do bairro São Pedro, Ana Paula do Nascimento Queiroz, diz que desde que mora no local nunca viu o carteiro. Ela mora próximo à Escola de Ensino Fundamental Professora Georgina de Carvalho Ramos da Luz. “Eu não vejo minhas correspondências chegando, se eu vejo é na rua”, conta.
Ana Paula relata que diversas vezes encontrou as cartas jogadas na calçada, molhadas da chuva. Ela colocou um número bem grande na residência e uma caixa do correio no início da rua, mas ainda assim não recebe as contas.
Duas encomendas que ela esperava receber não chegaram. Uma delas aconteceu no fim de 2018 e outra no início deste ano. Na agência, dizem que saiu para entrega, mas Ana Paula nunca recebeu o produto. “Tenho até medo de comprar”, diz.
A moradora foi até os Correios duas vezes para tentar reclamar com algum responsável, mas não conseguiu encontrá-lo.
Com Viviane Medeiros, também moradora do bairro São Pedro, as contas também chegam atrasadas. A situação ocorre com mais frequência desde o início do ano. “O serviço dos Correios está horrível”.
Ela trabalha na rua Felipe Schmitt, no Centro, e conta que fica lá durante todo o dia. Estavam para receber uma encomenda e não recebeu porque o carteiro assinalou que não tinha ninguém em casa nas três vezes que foi lá. “O carteiro não chamou”, diz.
No bairro Souza Cruz, o morador Fabio Ristow não recebe correspondências há dois meses. “As prestações vencem, a gente fica na expectativa e o boleto não vem”, reclama. Como ele não tem computador, depende das faturas para realizar os pagamentos. Quando a conta atrasa por muitos dias, acaba pedindo ajuda para o filho.
O dirigente sindical do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos e Similares de Santa Catarina (Sintect SC) em Brusque, Robson Paladini Ramos, diz que a situação ocorre pela falta de efetivo. “A solução é a contratação de novos trabalhadores”, afirma.
Segundo ele, a falta de funcionários prejudica as entregas. Na opinião do sindicalista, o objetivo do governo é precarizar os Correios. “Estão enxugando a máquina pra poder estar privatizando, colocando pra sociedade que a privatização é a única solução”, diz.
Cada carteiro faz entrega em uma região, mas na maioria das vezes tem muitas correspondências e o tempo de trabalho não é suficiente. “O camarada sai com 150 entregas e não tem tempo hábil pra entregar isso”.
Quando questionado sobre falhas dos próprios carteiros, ele diz que “cada caso é um caso” e que as vezes acontece de o trabalhador assinalar errado a opção.
Robson conta que muitas vezes chega em uma residência para entregar e as pessoas não escutam o carteiro. Como ele tem um tempo médio de três minutos para cada entrega, não pode ficar muito tempo esperando. “Anota o horário e vai para o próximo ponto”, explica.
Ele conta que já deixou de entregar correspondências por conta de cachorros soltos na rua, pois oferecem risco. Em casos em que os prédios não têm portaria, a recomendação é que os moradores combinem que uma pessoa fique responsável por recolher todas as correspondências, pois não há tempo para chamar cada um.
Outra situação que ocorre é que a prioridade é sempre o Sedex. Se o carteiro está indo entregar uma carta do Sedex e passa em frente a uma casa onde tem uma correspondência do PAC, ele não pode parar para entregar.
Além da falta de pessoal, Robson alega que o sucateamento da frota dos Correios também afeta o trabalho. “Nossas motos têm mais de seis anos. Há vários problemas, a moto estraga ou a bicicleta, e não tem mais veículos para repor”, diz.
Os Correios foram consultados pela reportagem, por meio da assessoria de imprensa. As respostas foram enviadas por e-mail.
Com relação ao questionamento de atraso de correspondências, principalmente contas, os Correios responderam que é possível que a postagem esteja muito próximo do vencimento.
“Estamos solicitando aos clientes que ampliem o prazo de postagem e assim evitem que os Correios recebam as correspondências contratados pelas operadoras muito próximas do vencimento”.
Quando a encomenda é entregue à pessoa errada, os Correios avaliam a reclamação e caso a falha seja por erro operacional, as pessoas envolvidas são responsabilizadas a responder, inclusive por processo administrativo.
Em situações nas quais a pessoa vai até a agência buscar a correspondência e dizem que saiu para entrega, mas a pessoa nunca recebeu o produto ou carta, é possível que o objeto tenha sido extraviado. “Para objetos qualificados existe o rastreamento. Para objetos simples, o cliente deve entrar em contato com quem o enviou”.
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Os Correios informaram que os empregados são orientados a chamar pelo interfone, e conforme o serviço contratado, entregar os diversos tipos de objetos, sejam eles do Sedex, PAC, telegrama e mensagens.
Brusque possui três agências dos Correios, sendo uma própria e duas franqueadas. Atualmente 24 pessoas trabalham no serviço, envolvidos nas atividades de atendimento e entrega, atendendo as cidades de Brusque, Botuverá e Guabiruba.
Os Correios também contam com mão de obra temporária e aplicação de recurso extra (hora extra, trabalho em fim de semana proporcional) com o objetivo de diminuir impactos ocorridos principalmente por ausência do funcionário no trabalho.
Os Correios orientam que as reclamações devem ser feitas nos canais oficiais: o Fale com os Correios, por meio do telefone gratuito 0800-725-0100 ou pela internet no site da instituição, www.correios.com.br.
“Salientamos que a unidade de distribuição de Brusque atende também as cidades de Botuverá e Guabiruba e que nos últimos dias tivemos um acréscimo de um veículo para melhoria nos processos operacionais”.
Robson diz que quando um objeto é extraviado ou aparece que foi entregue e o destinatário não recebeu, é possível ir até a agência e pedir pra ver a assinatura de quem recebeu. Os Correios abrem uma reclamação e indenizam a pessoa. Em seguida, abrem uma investigação interna para encontrar os responsáveis.
Greve Geral
Os carteiros pretendem participar de uma paralisação nacional no dia 14 de junho para lutar contra a Reforma da Previdência e contra a privatização do serviço dos Correios.