Saiba quantas mortes violentas foram registradas em Brusque, Guabiruba e Botuverá nos últimos 15 anos
Homicídio foi o tipo de morte violenta mais frequente nas três cidades, com 82 ocorrências somadas
Desde 2008, Brusque, Guabiruba e Botuverá registraram 104 mortes violentas. Dessas, 86 ocorreram em Brusque, sendo 70 investigadas e solucionadas pela Polícia Civil, o que resulta em uma taxa de resolução de 81,4%. Guabiruba, com 13 mortes violentas registradas, alcançou a marca de 100% na apuração dos casos. Já Botuverá, com cinco homicídios registrados, ainda tem dois casos sem solução completa, apresentando uma taxa de apuração de 60%.
Conforme dados divulgados pela Polícia Civil, entre os nove tipos de mortes violentas registrados, o homicídio foi o mais frequente nas três cidades, com 82 ocorrências somadas (67 em Brusque, 10 em Guabiruba e cinco em Botuverá).
Em seguida, aparecem lesão corporal seguida de morte e mortes provocadas por policiais militares em serviço, ambas com 6 registros, somando Brusque (5) e Guabiruba (1).
Os anos de 2012 e 2013 em Brusque, que apresentaram os maiores índices de homicídios, destacaram-se com 8 e 10 casos registrados, respectivamente. Fora esse período, o município nunca ultrapassou 6 mortes violentas em um único ano.
Em Guabiruba, o número máximo de mortes violentas em um ano nunca passou de 2, índice atingido nos anos de 2012, 2017 e 2018. Já Botuverá nunca registrou mais de uma morte violenta por ano, alcançando esse número em 5 ocasiões distintas.
No entanto, é Brusque que se destaca a partir de 2018. Nesse período, o município se consolidou como um dos mais seguros do país entre os com mais de 100 mil habitantes, alcançando uma taxa de 100% de apuração das mortes violentas registradas.
Números do passado
Questionado sobre os números de mortes acima da média registrados em Brusque nos anos de 2012 e 2013, o delegado regional da Polícia Civil, Fernando de Faveri, que não atuava na função no período, acredita que o município tenha seguido uma tendência registrada em todo o país. “Foi um período de aumento de mortes violentas em várias cidades”.
Os números de homicídios diminuíram nos anos seguintes, retornando aos níveis observados anteriormente. Brusque, reconhecida como uma das cidades mais seguras do Brasil, não registrou mais do que 6 mortes violentas em um único ano desde então. Guabiruba, por sua vez, não ultrapassou duas homicídios anuais, enquanto Botuverá nunca registrou mais de um.
Segundo o delegado, a atuação da Polícia Civil na identificação e prisão dos autores de crimes graves foi fundamental para a estabilização dos números, especialmente em um país “onde a impunidade é recorrente”.
Para ele, é esse tipo de ação que contribui para que Brusque, Guabiruba e Botuverá mantenham suas reputações de cidades seguras, já que apresentam um índice muito abaixo de mortes desse tipo em comparação com outras cidades do país.
“Também é necessário considerar uma série de fatores, como: a eficiência do Ministério Público e do poder Judiciário, a atuação firme da Polícia Militar, parcerias consistentes com entidades públicas e privadas, além da confiança da população no trabalho das instituições, que facilita o fluxo de informações. Outros aspectos também contribuem, como o alto IDH e decisões jurídicas recentes, como a do STF, que determinou a prisão imediata de condenados por júri popular. Essa medida, em minha opinião, não apenas reduziu a impunidade, mas também diminuiu a sensação de que ela existe”.
Com 86 mortes violentas registradas desde 2008, Brusque conseguiu solucionar 70 casos, deixando ao longo dos anos 16 em aberto.
Questionado sobre o desfecho que esses casos costumam ter, o delegado explica que os mais recentes permanecem sob apuração, enquanto os mais antigos já foram encaminhados ao poder Judiciário e ao Ministério Público, ficando arquivados até que novas provas surjam.
“Dependerá muito do caso concreto. A prescrição de um homicídio ocorre em 20 anos. Até lá, caso apareçam novas evidências, o responsável ainda pode ser punido. Caso contrário, o crime permanece dentro do índice de não solucionados”.
Os anos de 2011 e 2015 chamaram atenção pelo aumento na estatística de casos não apurados. Nesse período, apenas metade dos homicídios registrados foi solucionada pela Polícia Civil. Questionado sobre possíveis razões para esses resultados, o delegado Fernando aponta que é necessário analisar os dados em detalhes.
Segundo ele, em 2011, ocorreram apenas duas mortes violentas, mas como um dos casos permaneceu em aberto, a taxa de elucidação caiu drasticamente para 50%. “Se olharmos a situação no contexto geral, com uma média anual de apenas um óbito a cada seis meses, o controle era extremamente alto”, pondera.
Entre 2012 e 2014, Fernando relembra que a taxa de elucidação superou 80%, um índice considerado elevado. No entanto, ele destaca que, para entender por que alguns casos desse período permanecem sem solução, é fundamental analisar cada caso individualmente, evitando conclusões precipitadas.
“Se uma análise mais aprofundada for realizada, as respostas podem variar desde a complexidade dos crimes até fatores externos, como a falta de pessoal na época. Eu não estava à frente da Delegacia Regional nesse período, por isso não posso oferecer detalhes específicos sobre a situação”, diz.
Em relação a Botuverá, que ainda possui duas mortes não apuradas, o delegado esclarece que os casos podem estar em andamento, o que justifica o fato de não terem sido citados como concluídos.
Números positivos e perspectiva para o futuro
Desde 2018, a taxa de resolução de casos de mortes violentas em Brusque alcançou 100%. Em Guabiruba, a taxa nunca baixou desse índice. Segundo o delegado Fernando, esses resultados refletem as mudanças implementadas a partir do início da atual gestão, em meados de 2017, quando foram estabelecidas metas estratégicas, como maior agilidade no atendimento ao público e aumento na solução de crimes graves.
Ele destaca que todos os policiais compreenderam a importância de trabalhar com métricas e resultados, o que garantiu o engajamento de toda a equipe.
“A partir daí, foi criado um propósito para o trabalho árduo, mas essencial, de investigação de mortes violentas. É importante ressaltar que a ideia de gestão baseada em resultados, no âmbito da administração pública, é relativamente recente. No entanto, ela está bem consolidada em nossa região e tem recebido forte apoio da Delegacia-Geral”, explica Fernando.
Quanto às perspectivas para os próximos anos, o delegado afirma que o objetivo é manter os índices elevados de resolução de homicídios e expandir essa eficiência para outros crimes, como roubos. Contudo, Fernando ressalta que isso depende diretamente do aumento no efetivo policial, uma decisão que foge à gestão local.
“Devemos ter consciência de que manter uma taxa de 100% de elucidação dos homicídios estabelece uma régua extremamente alta, nem sempre fácil de atingir. Até lá, nosso compromisso é fazer o máximo possível com os recursos disponíveis. Além disso, é fundamental aprimorar a estrutura de outras unidades, como a Delegacia da Comarca e a Delegacia da Mulher, Criança, Adolescente e Idoso, bem como das delegacias dos municípios vizinhos”, pontua o delegado.
Ele conclui destacando que os números alcançados são motivo de orgulho para a Polícia Civil e reforça o reconhecimento do trabalho de toda a equipe regional — delegados, agentes, escrivães e psicólogos — que, segundo ele, entenderam a importância de solucionar crimes graves e atuam incansavelmente para isso.
“Como consequência desse esforço, conquistamos a confiança da população, de entidades de classe e de parceiros de outros órgãos, o que facilita e desburocratiza nosso trabalho em várias frentes. Brusque, sem dúvida, é um local diferenciado em muitos aspectos positivos. O delegado Fernando Farias, que recentemente substituiu o delegado Alex, vem desempenhando um excelente trabalho, seguindo o mesmo alto padrão de seu antecessor”, conclui.
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Fenômeno histórico: o dia que a neve cobriu parte de Guabiruba: