Saiba quantos acidentes de trabalho na construção civil foram registrados em Brusque e região em 2024
Para presidente do Sintricomb, condições de trabalho são satisfatórias, mas há espaço para melhorar
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Brusque (Sintricomb) e região registrou, no ano passado, 97 acidentes de trabalho na construção civil, sendo que dois, ambos por choque elétrico, resultaram em morte, um em Nova Trento e outro no limite entre São João Batista e Canelinha.
Os números de acidentes são relativos às cidades de Brusque, Guabiruba, Botuverá, Nova Trento e Canelinha. Na cidade de Brusque, maior dentre todas as da base, não houve nenhum acidente com morte.
A maioria dos acidentes ocorreu por queda de altura (37), seguido por ferimentos por queda de objeto (29), cortes e lacerações (22) e choque elétrico (9). Além das vistorias, os dados também integram levantamento feito junto ao Corpo de Bombeiros.
A equipe de vistorias do Sintricomb visitou 136 obras em execução ao longo de 2024. Nesse mesmo período, 657 trabalhadores foram ouvidos pela entidade para verificar situações referentes à informalidade, uso de equipamentos de segurança e o cumprimento da legislação trabalhista.
Avaliação
Presidente do Sintricomb, Izaias Otaviano observa que as condições de trabalho na região são, no geral, satisfatórias. Ele aponta, porém, que há espaço para melhorar.
“Por exemplo, foram 37 quedas de altura, que acontecem devido a descuidos e isso pode ser evitado. Ainda foram duas mortes por choque elétrico. Fui in loco para fazer um relatório e os dois eram evitáveis. As normas regulamentadoras (NRs) definem o que deve ser feito. Nos dois dias que aconteceram os acidentes fatais, estava chovendo. Em um deles, o guincho de coluna não estava aterrado e no outro uma tomada caiu dentro da água em um galpão. Trabalhamos com treinamento e orientação. Com o cumprimento das NRs, é possível evitar essas fatalidades. São detalhes que fazem a diferença”, destaca.
Segundo o presidente do Sintricomb, a maioria das irregularidades está no trabalho de autônomos e microempreendedores individuais (MEis), o que representa um desafio para a entidade.
Izaias ressalta que um ponto positivo foi que não houve mortes por quedas de altura, o que ele atribui à efetividade dos treinamentos relacionados à NR 35, que estabelece os requisitos e as medidas de prevenção para esse tipo de atividade.
“Não tem como fazer a defesa do trabalhador da construção sem o trabalho de vistorias e de conscientização dos trabalhadores e dos empresários em relação às regras de segurança. Vamos seguir trabalhando cinco dias por semana para evitar ao máximo os acidentes. Não é possível estar em todos os lugares, mas atuamos para sempre levar tranquilidade e melhor qualidade de vida aos trabalhadores”.
Trabalho de vistorias
A intenção do trabalho de vistorias é prevenir riscos à saúde e segurança dos trabalhadores do setor por conta do não uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e de os mesmos não estarem cobertos pela Previdência Social em casos de sofrer algum tipo de acidente ou até no momento de se aposentar.
Por conta disso, além de vistoriar, o Sintricomb oferece treinamentos nas principais NRs, para execução de tarefas em altura e no chão, exigidas pela legislação.
Somente em 2024, o Sintricomb treinou 287 trabalhadores: foram 143 na NR 18, que trata da organização e segurança nos canteiros de obras, 113 na NR 35, sobre segurança em serviços em altura acima de dois metros do chão, e 31 na NR 06, que diz respeito à fabricação e uso de equipamentos de proteção para segurança dos trabalhadores.
“Vejo que as fiscalizações e vistorias são de suma importância para garantir que os trabalhadores estão registrados e também para que tenham condições de trabalho adequadas às NRs nos canteiros de obras e nas fábricas. No geral, avalio que a situação das condições para o nosso setor é satisfatória. Já encontramos mais dificuldades no passado. Hoje, vejo que as empresas têm compromissos com as NRs. Toda categoria tem suas particularidades, mas, no geral, o setor está bem organizado
O presidente do Sintricomb explica que o sindicato não tem poder de fiscalização, mas de vistoriar e orientar. As informações coletadas pela equipe de vistorias são encaminhadas à direção da entidade, ao sindicato patronal, o Sindicato da Indústria da Construção e do Mobiliário de Brusque (Sinduscon) e, quando for o caso mais grave, a órgãos como o Ministério Público e o próprio poder Judiciário.
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