Saiba quem era o brusquense Edino Krieger, maestro e compositor que morreu aos 94 anos
Ele era um dos filhos de Aldo Krieger e presidente do IAK
Ele era um dos filhos de Aldo Krieger e presidente do IAK
Um amigo querido e um músico reconhecido internacionalmente. Esse era Edino Krieger, de 94 anos, que morreu na noite desta terça-feira, 6, no Rio de Janeiro. Ele nasceu em Brusque em 17 de março de 1928.
Ainda muito abalado pelo falecimento do irmão, Carmelo Krieger lembra com carinho das visitas dele. “Para mim ele era como um cometa, pois ele sempre vinha de tempos em tempos em casa para passar as férias. Hoje ele virou uma estrela que brilhou e continuará brilhando no mundo espiritual e, certamente, estará com as pessoas da área da música e outras pessoas que passaram por aqui e deixaram sua marca”, diz com a voz embargada.
As informações de velório e sepultamento ainda não foram divulgadas pela família, nem a causa da morte.
Um dos 10 filhos de Gertrudes Régis e Aldo Krieger, Edino teve as primeiras aulas de violino aos 7 anos com o pai, que era músico, compositor e regente em Brusque. Aos 14 anos, ele saiu de Brusque e foi estudar violino no Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro.
No Rio, ele teve contato com um professor de composição, recém-chegado da Alemanha, e entrou para a área logo cedo. “Ele foi premiado, foi para o exterior com bolsa de estudos para conhecer compositores de outros países. Ele andou pelo mundo afora fazendo essas composições e as orquestras executavam”, relembra Carmelo.
No estado fluminense ele também fez contato com o maestro Heitor Villa-Lobos. “A vida do Edino é isso, as músicas são belíssimas, com muitas orquestras tocando, muitas gravações e homenagens que ele recebeu ao longo da vida e, mais especificamente, quando fez 90 anos”, explica Carmelo.
Ele iniciou os estudos no Berkshire Music Center de Massachussets, nos Estados Unidos, em 1948; frequentou a Juilliard School of Music de Nova York e ganhou uma bolsa do Conselho Britânico em 1955 para estudar em Londres, na Royal Academy of Music.
Além disso, ele teve importante atuação em cargos de administração como na Fundação de Teatros do Rio, a Funarte, Museu da Imagem e do Som e ocupou a presidência da Academia Brasileira de Música. Ele também criou os Festivais de Música de Guanabara e as Bienais da Música Brasileira Contemporânea.
“Ele foi o orgulho do meu pai, pois ele seguiu a carreira de músico com a vida dedicada à música e composição. Ele é muito respeitado no Brasil e no exterior. Foi uma vida produtiva, que teve um resultado bastante grande na área da música clássica”, afirma o irmão.
Carmelo enaltece o caráter e comportamento de Edino, que sempre foi muito querido por todos. Como saiu de casa na adolescência, o rapaz se esforçava para manter contato com a família, independentemente do local onde estava, seja na Rússia, Japão ou em Londres. “Ele sempre ligava para minha mãe, naquele tempo as comunicações não eram como hoje e quando vinha para casa sempre trazia presente de todos os cantos do mundo”, recorda o irmão.
Pelo menos uma vez na semana Carmelo conversava com Edino, que também era presidente do conselho de administração do Instituto Aldo Krieger (IAK). Ele recorda de viajar para o Rio de Janeiro para aproveitar as férias com o irmão na juventude. “Eu gostava muito das nossas conversas, pois ele ficava muito feliz”.
O IAK declarou luto após o falecimento do maestro. Em nota, o Instituto diz que Edino presenciou todas as edições da Semana Aldo Krieger, que neste ano comemorou a 10ª edição.
“Uma grande perda para a música e para a cultura. Edino deixará saudades e boas lembranças”, diz a diretoria do IAK na nota de pesar.
Nota do IAK
Com pesar comunicamos o falecimento ontem, no Rio de Janeiro, aos 94 anos de idade, do maestro Edino Krieger.
Natural de Brusque, Edino foi um dos mais importantes compositores da atualidade, premiado no Brasil e no exterior por suas composições clássicas e populares.
Presidente do Instituto Aldo Krieger (IAK), Edino prestigiou todas as edições da “Semana Aldo Krieger”, que neste ano realizou a 10ª edição.
Uma grande perda para a música e para a cultura, Edino deixará saudades e boas lembranças.
Aos familiares do maestro os nossos sentimentos de profundo pesar pelo seu falecimento.
Diretoria do IAK
O instrumentista brusquense Bruno Moritz comenta que a contribuição e o legado que Edino deixará serão altíssimos. “Não só para a música brasileira como para música mundial. Edino contribui para que a música de concerto ou orquestral pudesse, entre outros aspectos, ter elementos naturalmente brasileiros”.
Ele recorda que a partir da 1ª Semana Aldo Krieger começou a ter mais contato com o maestro, mas antes disso ele já conhecia o trabalho do conterrâneo. Bruno define Edino como uma “pessoa de trato simples, apesar do imenso intelecto”. Ele conta que teve a oportunidade de compartilhar muitos momentos de descontração, além de concertos e palestras.
Bruno elenca as composições favoritas do maestro: “além das mais conhecidas como Prelúdio e Fuga, Passacaglia e Sonatina, tenho admiração pela genialidade simples dos Estudo Intervalares para Piano. Mas Edino foi tão prolífico, das peças para instrumento solo aos concertos para orquestra, que fica difícil elencar. Até mesmo numa peça como o Choro Manhoso, que é de razoável facilidade de execução, nota-se a incrível capacidade técnica e, não obstante, a inspiração do mestre”.
O instrumentista compartilha que teve bons momentos de interação com Edino, inclusive em almoços de família onde teve oportunidade de compartilhar conversas e conhecimento.
“É uma grande perda para a música, mas também de maneira pessoal, pois perco um grande mestre com quem aprendi muito. Um brusquense que, sem dúvida nenhuma, elevou o nível da música brasileira aos mais altos padrões mundiais”, lamenta Bruno.
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