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Salário médio dos trabalhadores caiu nos últimos cinco anos em SC

Para economistas, queda no rendimento está relacionada às crises política e econômica do país

De 2012 a 2016, o rendimento médio mensal dos trabalhadores catarinenses caiu 5,7%. Os R$ 2.147 recebidos em janeiro de 2012 passaram para R$ 2.048 em junho deste ano. Na visão de economistas, o motivo para a queda é a crise que atingiu o país a partir de meados de 2015.

Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mostram que o salário médio mensal crescia até o fim de 2014.

De 2012 a 2014, registrou aumento de 6,2% – subiu de R$ 2.147 para R$ 2.309. A queda começou em janeiro de 2015. Naquele período, o rendimento do trabalhador era de R$ 2.299.

Para o economista Arilson Fagundes, o motivo para a queda nos últimos dois anos está relacionada à crise econômica e política do país. A partir delas, afirma Fagundes, as empresas vêm ajustando os custos com mão de obra por meio da redução do quadro de pessoal e também por meio do rebaixamento do salário devido à rotatividade do mercado de trabalho.

“Em períodos de crise aumenta a diferença entre a média dos salários de demissão e de contratação. Os dados do mercado de trabalho formal revelam que as empresas já realizaram cortes expressivos nos quadros de pessoal. Neste momento, em função da crise, muitas empresas reduzem o custo das folhas de pagamentos acima do que seria proporcional à queda das vendas, como estratégia para se adaptar ao quadro econômico”, afirma o economista.

A reversão da situação do rendimento mensal, para Fagundes, será feita de maneira gradual. Ele afirma que só será possível se o país voltar a crescer, sair da crise e ter melhor organização política.

“Se o Brasil voltar a crescer, voltar a investir na produção e consequentemente o PIB aumentar e a dívida pública diminuir, haverá mais espaço para o aumento significativo de nível de emprego, valorizando assim os trabalhadores”, avalia.

Assim como Fagundes, o economista Wagner Dantas também afirma que a crise é o motivo principal para a redução dos salários. A tendência, de acordo com ele, é de que o cenário mude a partir da reabilitação do país.

“Com a crise, as empresas acabam mandando embora funcionários mais antigos que ganham mais e acabam fazendo novas contratações com salários menores. É uma situação natural em casos de crise”, avalia.

Reflexos

A queda do rendimento mensal do trabalhador catarinense também é realidade em Brusque. O Sindicato dos Operários em Fiação e Tecelagem (Sintrafite), por exemplo, percebeu a redução dos salários nos últimos dois anos.

Segundo o presidente da entidade, Anibal Boettger, hoje, a média do trabalhador têxtil está em R$ 1.770 – aquém do necessário para suprir as necessidades básicas do trabalhador, na visão de Boettger.

“Está muito aquém de suprir. Claro que há aqueles que ganham R$ 2.500 e R$ 3 mil. Mas sem sombra de dúvidas o salário atual é frustrante porque o trabalhador se dedica, produz, gera riqueza da força do trabalho e não há o reconhecimento da forma que deveria ter, principalmente da classe empresarial”, lamenta o presidente.