Samae contesta críticas do Semasa sobre qualidade da água do rio Itajaí-Mirim, em Brusque
Segundo o diretor-presidente da autarquia, a cidade não causa grande impacto no abastecimento de água em Itajaí
Segundo o diretor-presidente da autarquia, a cidade não causa grande impacto no abastecimento de água em Itajaí
Uma análise do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) de Brusque aponta o impacto da cidade em relação aos poluentes do rio Itajaí-Mirim. Na análise, apenas um ponto ficou fora dos parâmetros legais.
Com base nisso, o diretor-presidente da autarquia, Luciano Camargo, contestou as afirmações de que problemas de poluição no rio em Brusque influenciam o abastecimento em Itajaí.
Em reportagem do jornal O Município, desde 2019, o Serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e Infraestrutura (Semasa), de Itajaí, afirmou que percebeu um prejuízo na qualidade da água bruta que é captada, ainda sem tratamento.
Segundo o diretor de Saneamento da entidade, Victor Silvestre, eles perceberam indicativos de poluição, que acarretam na necessidade de utilização de mais produtos químicos. Ainda, que um dos fatores que influenciam na poluição da água é o descarte de efluentes industriais em Brusque.
Para determinar os poluentes no rio, Luciano conta que o Samae resolveu fazer pontos de coleta conforme a resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), para Água Doce Classe 2. A análise foi feita no dia 5 de agosto por uma empresa terceirizada, a Freitag Laboratórios.
“O Samae tem uma empresa terceirizada que faz as análises de forma idônea. Eles coletam a água, fazem a determinação das análises dos poluentes, encaminham o relatório para nós e somos obrigados a encaminhar para as agências reguladoras”, explica.
Levando em conta os resultados, Luciano aponta que se há algum tipo de problema ele está dentro do município de Itajaí, não em Brusque. “Então, Itajaí também tem que começar a fazer as suas fiscalizações nas cabeceiras. É normal, por Itajaí ser a última que recebe a água do rio, é claro que vai se concentrar tudo ali”, defende.
Para a análise, foram realizados quatro pontos de coleta. Um foi na rua Estefano Voss, na localidade Cristalina, em Brusque; na rua Ayres Lourenço Penk, no Guarani; na rua Olímpio Gadotti, no Limoeiro; e na rua Vergilio Cadore, no Arraial dos Cunhas, já em Itajaí.
Ou seja, segundo Luciano, vai desde a localidade Cristalina, antes da captação do Samae, onde se considera o rio com menos poluente e com menos cargas de resíduo, até no Guarani, onde é feita a captação. Então, segue até no Limoeiro, onde o Samae acredita ser o local com pior índice de poluição, e finaliza com análise em um ponto de Itajaí.
“Todos esses pontos foram coletados da mesma forma, com mesmo critério, com amostras do meio do rio. Foram feitas as determinações do parâmetro proposto”, detalha.
De acordo com Luciano, nesta análise, as amostras foram coletadas em período de estiagem. Ele detalha que isso aconteceu pois nestes períodos faz que a concentração de matéria orgânica e toxinas seja superior. Ou seja, com níveis de poluição mais altos.
Do ponto 1, na Cristalina, ao ponto 4, em Itajaí, Luciano afirma que o rio apresenta as mesmas proporções de contaminação. “Nós sabemos que Brusque, realmente, necessita de tratamento de esgoto, temos zero tratamento. Não estou falando que a água é limpa. Com certeza ela recebe muita poluição, sendo que não temos tratamento do esgotamento sanitário”, diz.
Na análise, na parte que fala sobre fósforo total, o ponto 3 foi o de maior poluição, com 0,114 miligramas por litro de água (mg/L). Neste caso, foi o único ponto analisado que ultrapassa os parâmetros legais do Conama. No ponto 1, por exemplo, foi registrado 0,013 mg/L.
Luciano conta que o resultado era esperado, pelo esgoto sanitário. “Sendo que em Itajaí é 0,092mg/L, ainda mais baixo. Isso se explica pelo tempo de depuração que tem a nossa água até chegar na coleta de Itajaí. Fora isso, todas as outras as caracterizações foram praticamente muito próximas e dentro do que permite a resolução do Conama”, explica.
A avaliação de Luciano é que, sendo um município sem tratamento de esgoto sanitário, os resultados apresentam níveis de poluentes muito baixos. Portanto, ele aponta um grande equívoco na avaliação feita pelo Semasa de Itajaí.
“Quando se diz que a carga de poluentes de Brusque interfere no tratamento de Itajaí, pode ser uma coisa passageira, como já sofremos aqui também. Mas, agora, não é permanete”, afirma.
Segundo ele, se aumentar a vazão do rio, essa carga de poluentes se dilui. Portanto, os níveis seriam mais baixos do que o analisado. “Aumentariam a turbidez e a cor, por causa do aumento das suspensão dos sólidos, mas nada mais do que isso”, conta.
Luciano ressalta que a autarquia trabalha com tratamento de qualidade. Além disso, atua para retirar cada vez mais ainda produtos químicos que fazem o tratamento da água. Pois, segundo ele, não há necessidade de aumentar essa carga.
“E, pelo contrário, Itajaí diz que necessita aumentar a capacidade química de produtos utilizados no tratamento para fornecer água com qualidade para a população. Então, eu acho que nesse momento Itajaí tem que rever o que eles coletam lá”, aponta.
Ele defende que, ao passar de Brusque para frente, a cidade perde a gerência da qualidade da água. Contudo, ele destaca que Brusque pode contribuir com a poluição, mas que ainda sim está dentro dos parâmetros estabelecidos.
“Lá, eles tem lá seus 50% e 60% de esgoto tratado. Então, não estou dizendo que eles não tenham essa carga de produto químico e poluição grande no tratamento. Mas não é proveniente do rio ou de nós aqui de Brusque”, finaliza.
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