Samae estuda melhor modelo para implantação da coleta de esgoto
Diretor-presidente da autarquia diz que decisão deve ser tomada até o fim do ano
O Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) enfrenta o desafio de conseguir atender à necessidade da cidade, que cresceu exponencialmente na última década. O novo diretor-presidente, Juliano Montibeller, concedeu entrevista para falar quais são os seus planos para fazer frente a esse desafio.
Montibeller afirma que o Samae não se preocupou em aumentar a produção de água nos últimos oito anos. Ele diz que na sua gestão aumentar a produção será prioridade, e para isso serão feitas melhorias na Estação de Tratamento de Água (ETA) Central.
A construção de uma nova ETA, assunto já tratado há mais dez anos no Samae, está em fase de estudos. O Samae avalia se vale mais a pena investir na expansão da ETA Central, que já atende 70% da população, ou construir uma estação descentralizada na Cristalina.
O novo diretor-presidente é engenheiro civil e funcionário de carreira do Samae desde a década de 1990. Com o conhecimento da estrutura interna, ele afirma que no primeiro dia de trabalho solicitou um levantamento com as demandas das áreas administrativa e técnica, para cortar os custos fixos.
Segundo Montibeller, há carros fabricados em 1994 que ainda servem ao Samae e dão muitos gastos com a manutenção. Os veículos e os demais bens considerados inservíveis poderão ser leiloados ou doados, após a análise ser terminada.
Na entrevista, o diretor-presidente revela que a implantação do esgoto sanitário em Brusque está sob análise. Mas ele adianta que o Ministério Público tem fiscalizado as prefeituras de forma mais dura e o início desse processo é algo iminente.
Produção de água
“Uma das nossas principais prioridades é a produção de água, atualmente, porque se tu acompanhares o histórico, vais ver que não se ouviu falar em aumento de produção, só de reservação. Produção, que teria que ter acompanhado o crescimento vegetativo da cidade, não teve.
São oito anos, agora vamos iniciar um planejamento estratégico para recuperar essa defasagem. Temos grande dificuldade com produção de água em muitos bairros. O pessoal vem buscando a execução de loteamentos, mas tem locais que não conseguimos mais viabilizar muita coisa.
O principal é a estação central, da qual dependem 70% da população, 95 mil pessoas, precisamos garantir isso. Já iniciamos melhoria na captação. Nesse verão, não posso garantir que não vai faltar água, mas já fizemos melhorias na captação de água bruta.
O problema não é uma trovoada, é quando fica 96 horas com a turbidez em 4 ou 5 mil unidades, isso é barro puro, tu aguentas uma ou duas horas, mas tantas horas, tens que reduzir a vazão para a estação poder tratar. O consumo é maior do que a produção, e isso deixou a gente muito no limite e preocupados.
Começamos uma operação verão, digamos assim. Tínhamos adquirido três conjuntos novos de motores, vamos passar a captação de 175 cavalos para 250 cavalos de potência. E vamos trocar três conjuntos motobombas e três painéis de cada bomba, um investimento entre R$ 300 a R$ 350 mil.
Já iniciamos a troca de um motor e vamos conseguir aumentar a captação de água bruta. Com essa obra inicial, vamos aumentar a produção de água bruta em 23%. É um bom respiro para o Samae. Isso com a água numa condição normal. Isso não foi feito em oito anos, a gente sabe em qual parafuso apertar.
Reunimos todos os técnicos do Samae para saber como dar um upgrade na nossa estação. Construir um filtro? Novos equipamentos? O que vamos precisar para transformar essa água bruta em tratada?
Temos um acordo do ano passado que em março vai ser feita a doação de mais um filtro ao Samae, para a gente poder atender os loteamentos no Volta Grande. O Samae fez o acordo ano passado e agora deve ser formalizado.
Nós temos um projeto, do ano passado, de levar água do Centro para o bairro Bateas, e de lá vamos atender uma área de 600 ligações com água do Centro. Aí vamos reduzir lá da estação isolada do Volta Grande essas 600 casas.
Temos a mesma ideia para Dom Joaquim, mas temos que ver como vamos fazer isso. Levar água do Centro para diminuir a área de abastecimento da estação de Dom Joaquim, que trabalha praticamente 24 horas”.
Nova ETA
“Que vamos aumentar 23% a produção é certo, mas temos que pensar além disso. Temos que ter garantia para trabalhar dois anos mais tranquilos. O planejamento a longo prazo será de 30 anos, e se for um investimento inviável, faremos para 20 anos.
Estamos levantando custos e devemos tê-los até fevereiro. E estamos vendo a viabilidade de uma nova estação na Cristalina, em Dom Joaquim. No dia 2, já estávamos discutindo os planejamentos da área técnica e administrativa.
Para ter mais uma estação temos que avaliar muita coisa, porque ela não vai funcionar com a mesma equipe da ETA Central. Vamos ter que ter mais turnos, mais uma equipe, e os problemas que acontecem aqui vão acontecer lá. Produtos químicos, energia dobradas, temos que colocar tudo no papel.
Eu consigo levar água do Centro no Águas Claras já, para levar para o Cedrinho e Dom Joaquim é uma obra grande, mas viável. Do Rio Branco, também consigo entrar em Dom Joaquim, então, a estação central respirando, consigo fechar um problema.
Estamos estudando a nova ETA. Para ter ideia, em 2007, nós tínhamos um estudo preliminar e foi solicitado ao Ministério das Cidades R$ 24 milhões para uma estação descentralizada e não fomos atendidos. Voltamos a fazer o estudo, e se ele for interessante teremos que fazer o projeto técnico para buscar recursos”.
Novo reservatório
“Terminamos o enchimento semana passada, ele não pode ser enchido de um dia para o outro. Ele foi enchido em uns dez dias, porque ele é parafusado, então a água precisa subir devagar para ele se ajeitar. Fechamos ele, e agora fica 15 dias em teste. Depois a empresa volta aqui, e ela vai verificar vazamentos. Acredito que em meados de fevereiro, se tudo correr bem, o reservatório estará funcionando normalmente”.
Esgoto sanitário
“Existe um projeto que vem sendo executado desde as administrações passadas. Ele contempla não a área que tinha o esgoto e teve os problemas das manilhas. Ele pega toda a área onde não foi feito, está em finalização e análise para verificar se tudo foi licitado. Como caiu na minha gestão, temos que avaliar se realmente está a contento.
O projeto deve ser entregue em fevereiro ou março. Já conversei com o prefeito sobre o assunto, e no dia 25 vou participar de uma reunião na Amfri [Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí], promovida pela Ammvi [Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí], que vai tratar do acompanhamento dos Termos de Ajustamento de Conduta que foram assinados nas gestões passadas.
O Ministério Público vai apresentar um relatório do que está acontecendo, e vamos nos inteirar. Inicialmente, vamos ter um projeto, mas existem vários meios de fazer o esgoto sanitário. Se vier uma determinação para começar, vai ter que tirar o dinheiro da água e não conseguir atender nem água nem esgoto.
Blumenau optou por fazer concessão só do esgoto, em algumas cidades fazem uma PMI, é tipo uma concessão. Em Curitiba, a Sanepar entrou com uma locação de ativos. Uma empresa vem e constrói a estrutura para o órgão, e a empresa [autarquia de água] fica pagando o investido por alguns anos.
É como um financiamento, mas direto com a empresa, não com banco. Porque um problema para o Samae é que ele depende da capacidade de investimento da prefeitura. Então se a gente pegar R$ 50 ou R$ 60 milhões para o esgoto, inviabiliza a prefeitura.
A locação de ativos joga essa opção no mercado, há empresas que fazem isso há 35 anos. Não que vamos fazer, mas temos que pensar em todas as possibilidades. Acho que não vai até o fim do ano, essa decisão vai ser tomada por livre vontade ou por determinação judicial.
A Rio Vivo é uma alternativa, mas tem que ser avaliado e isso precisa de licitação. Eu não estava tratando disso, é bem recente. Mas já marquei com o prefeito para conversar”.
Reajuste da tarifa
“Neste ano, vamos apenas repor a inflação, 6,39%. A Agir, a agência reguladora, é que define. Vamos encaminhar o ofício, eles pedem várias documentações de investimentos e o que fizemos, para justificar o reajuste. O Samae de Brusque foi um dos que mais atendeu a Agir”.
Manutenção da rede
“Estamos colocando duas redes de 110 milímetros e de PVC, uma de cada lado, conforme a última norma, para facilitar as ligações. Na rua Sete Setembro, já começamos. Terminamos um lado e vamos tocar agora dos Bombeiros até o Barateiro. É um trecho grande de amianto, que não acaba ali, mas é um local conhecido por quebrar no inverno.
Um grande desafio vai ser trocar a rede na rua Hercílio Luz, e tem alguma coisa na rua Azambuja. Hoje, devemos ter 11 ou 12 quilômetros de amianto para trocar. Ao todo, são mais de 600 km de rede na cidade, mais de 90% em PVC”.