Samu de Brusque registra aumento de atendimentos com pandemia da Covid-19

Com novo coronavírus, equipe também passou a registrar mais ligações na central

Samu de Brusque registra aumento de atendimentos com pandemia da Covid-19

Com novo coronavírus, equipe também passou a registrar mais ligações na central

Com o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, entre fevereiro e março, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Brusque registrou aumento no número de atendimentos.

De acordo informações do serviço, em fevereiro do ano passado foram atendidas 178 ocorrências. Já no mesmo mês neste ano, foram 255. Em março de 2019, o número de ocorrências foi de 249, já neste ano foram 276 atendimentos. 

Ou seja, no mesmo período em comparação ao ano passado, a equipe presenciou um aumento de 24,3% dos atendimentos. Ao contrário dos bombeiros de Brusque, que registraram queda de 40% das ocorrências durante isolamento.

Segundo a enfermeira do Samu, Aline Fagundes Cunha, muitos familiares da vítimas atendidas relataram medo de levar os pacientes aos serviços de saúde. “Eles evitaram esse trânsito, devido ao medo da exposição”, conta.

A enfermeira destaca que, quando é informada a diminuição das demandas nos hospitais, por exemplo, os problemas de base, como pressão alta, diabetes e problemas cardíacos, não diminuem. “Esses cuidados, neste momento, foram realizados pelo atendimento do Samu”, esclarece.

Além disso, dados do Samu apontam que a média de ligações provenientes da microrregião de Brusque, que também engloba Guabiruba e Botuverá, recebidas pela central de Blumenau aumentaram 71,4%.

O que normalmente totaliza uma média de 350 ligações por mês, no início do mês de março o número de ligações recebidas ultrapassou os 600 registros.

Aline destaca que, neste caso, muitas pessoas utilizaram o canal 192 para tirar dúvidas sobre os sintomas do novo coronavírus e saber quais cuidados que devem ser tomados

Perfil dos pacientes

Em março deste ano, a maioria dos pacientes atendidos pelo Samu de Brusque foram adultos, com idade entre 50 e 60 anos. 

Ainda, segundo o levantamento, as principais causas dos atendimentos se deram por causas clínicas, devido a registros de queda do estado geral, descompensação metabólica, crises de ansiedade, dores generalizadas, crises hipertensivas, problemas relacionados ao sistema cardiovascular e também dificuldade respiratória.

Mais oxigênio

Além disso, foram utilizados mais oxigênio durante as ocorrências. De acordo com dados do Samu de Brusque, em fevereiro e março de 2019, 29 pessoas necessitaram de suporte de oxigênio durante os atendimentos. 

Somente em fevereiro deste ano, 19 pessoas precisaram do suporte. Em março, foram 55 pessoas. Ou seja, o número subiu para 74 em relação ao ano anterior.

Aline ressalta que a equipe recebeu orientações sobre os protocolos de ventilação durante a crise pandêmica. Nos trabalhos, foram tomados cuidados tanto para a segurança da vítima quanto da equipe. 

Samu de Brusque/Divulgação

Aumento de medicações

Outro procedimentos que registrou aumento, em comparação com o mesmo período de 2019, foi a aplicação de medicações durante os atendimentos.

Em fevereiro de 2019, foram realizadas 203 medicações pela equipe do Samu durantes as ocorrências. Enquanto, em fevereiro deste ano, o número subiu para 299. Já o mês de março de 2019, teve registro de 252 medicações. Neste ano, no mesmo mês o número saltou para 354.

A enfermeira explica que em cada ocorrência pode ser utilizada uma ou mais medicações, como para dor, hipoglicemia, para baixar ou aumentar a pressão, vômitos, crises de dificuldade respiratória e até medicação para atendimento de parada cardíaca. 

Samu de Brusque/Divulgação

Equipe do Samu na linha de frente no enfrentamento ao coronavírus

Segundo Aline, ocorreram alterações nos protocolos básicos de atendimento do Samu. Rotinas de higiene foram intensificadas, tanto na base, quanto na viatura que é constantemente limpa, nos atendimentos e nos cuidados pessoais dos servidores ao retornarem para casa.

Ela conta que, como a doença do coronavírus pode estar ativa sem que o paciente apresente sintomas, todos são tratados como suspeitos. Portanto, nos atendimentos são colocadas máscaras nos pacientes antes de fazerem o transporte.

Também, são utilizados equipamento de proteção individual (EPI) indicados para os atendimentos, principalmente nos casos de pacientes suspeitos ou confirmados da Covid-19. São macacão e protetor facial, além dos já comuns no cotidiano da equipe, como óculos, máscara e luva.

“Todos os servidores possuem familiares em casa, seja esposa, esposo, pais, irmãos ou filhos, esperando eles retornarem. Essa preocupação é real. Estamos na linha de frente do atendimento, seja ele pela Covid-19 ou por qualquer outro problema de saúde”, relata.

De acordo com a enfermeira, a equipe sabe que tem um grande risco de contaminação e sabe o quanto isso impacta na saúde mental, contudo, é no apoio mútuo que eles se protegem. 

“Estamos nos apoiando muito, uns nos outros. Tenho tentado manter o ambiente um pouco mais leve, pois as notícias diárias, os números das doenças já são por si apavorantes”, diz.

Aline ressalta que a equipe do Samu de Brusque tenta manter o ambiente descontraído e tranquilo, além de cuidados a mais nas relações de trabalho. “Conversamos bastante, sobre várias coisas além do trabalho, para manter um ambiente agradável. Pois a rotina da emergência já é pesada, por vezes atendemos acidentes graves, pacientes que vão a óbito. Quando o atendimento encerra, precisamos estar prontos para a próxima ocorrência”, finaliza.

 

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