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São João Batista atende 63 alunos com deficiências na rede municipal de ensino

Para trabalhar com os estudantes, Secretaria de Educação realiza capacitações com os profissionais

Portadora da Amiotrofia Espinhal (AME) tipo 2, Priscila de Souza Mix, 14 anos, recebe aula em casa desde os 6 anos de idade. Assim como ela, outros 63 alunos da rede municipal de ensino de São João Batista são atendidos por professores  e monitoras. Desses, 60 frequentam regularmente as escolas e três recebem atendimento domiciliar.

Segundo levantamento da Secretaria de Educação, as deficiências atendidas na rede de ensino do município são Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Deficiência Intelectual, Microcefalia, Síndrome de Down, Encefalopatia, Deficiência Visual, Auditiva e Física, Síndrome de Rett, Fissura pós-forame, portadora de Diabetes Mellitus, Amiotrofia Espinhal (AME) e outras síndromes.

Para atender a esses alunos, o secretário Edésio Tomasi explica que o município conta com o apoio de 40 professores e monitores que fazem o acompanhamento. “Dependendo da deficiência, um professor consegue atender mais de um aluno”.

A mãe de Priscila, Karla Pitmann de Souza, 37, diz que a presença de um professor para acompanhar a filha tem sido muito importante para o desenvolvimento da adolescente. “No pré-escola ela chegou a ir para a sala de aula, mas como a doença é progressiva, foi ficando cada vez mais difícil. Então fiz o pedido para ela ter aula em casa. Acredito que foi a primeira aluna do município a receber atendimento domiciliar com professor II”, lembra.

Todas atividades que são trabalhadas em sala de aula com outros alunos, Priscila também recebe em casa. Com movimentos apenas na mão esquerda, a aluna utiliza um celular para realizar as tarefas e envia diretamente para o e-mail da professora. “Ela é muito inteligente. Passa muita gente para trás. Ela fala inglês muito bem, assim como a língua coreana. Isso ela aprendeu estudando pela internet”, revela a mãe.

Priscila não tem mais condições de frequentar uma sala de aula, segundo Carla, devido à respiração dela que é por meio de ventilação mecânica. “Ela tem muita facilidade de pegar uma bactéria, porque é bastante vulnerável. E a escola seria um ambiente propício para isso, devido à quantidade de pessoas que circulam”, diz.

Arquivo Pessoal

Dificuldade de adaptação
Carla comenta que sente bastante dificuldade a cada novo ano que inicia, quando ocorre a troca de professores. Somente este ano, quatro professoras iniciaram as atividades com Priscila, porém desistiram em poucos dias.

“Acredito que falta capacitação para esses profissionais, pois sinto que há muito preconceito também, talvez pela falta de conhecimento de não saberem como trabalhar com um aluno com deficiência”, avalia a mãe.

Ela ressalta que essa situação é percebida pelas crianças como rejeição. Priscila, por exemplo, chegou a cobrar a mãe por estar em abril e ainda não ter iniciado as aulas. “Ela gosta de estudar. Diferente do que muitos profissionais pensam, e inclusive cheguei a ouvir que esses alunos são retardados e não têm condições de chegar a fazer uma faculdade, a minha filha tem forte esse desejo sim. E pela inteligência dela, acredito que será possível sim”.

Capacitação aos profissionais
Para atuar como professor II, os profissionais precisam ser formados em pedagogia. Já os monitores não precisam ter a formação. Entretanto, o secretário de Educação afirma que realiza capacitações com os professores e monitores que trabalham diretamente com os alunos que são atendidos.

“Mas a Secretaria de Educação está regulamentando a Educação Especial no município. A partir dessa regulamentação, todos os professores da rede receberão capacitação para trabalhar com a educação especial”, informa.

Na primeira semana de maio, 70 professores sendo da rede municipal, estadual, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e pais convidados, participaram de uma capacitação sobre educação inclusiva.

O encontro, que ocorreu durante três dias na Apae, foi ministrado por cinco profissionais da Fundação Catarinense de Educação Especial. “Essa capacitação foi um pedido da vereadora Rúbia Tamanini e prefeito Daniel Netto Cândido, e a fundação prontamente atendeu de forma gratuita”, explica Tomasi.

Ele ressalta que a capacitação foi um momento muito importante, pois permitiu aos professores, monitores e pais entenderem melhor o comportamento das crianças, bem como conhecer as dificuldades. “Isso possibilita que os profissionais entendam o potencial que tem para trabalhar, fazendo com que a criança tenha uma inclusão de qualidade na sociedade”.