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São João Batista completa 63 anos de história com destaque nos avanços econômicos

Apesar dos desafios enfrentados com a pandemia, cidade comemora aniversário com saldo positivo

Nesta segunda-feira, 19 de julho, a cidade de São João Batista comemora 63 anos de emancipação política. Pertencente ao Vale do Rio Tijucas, o município é destaque no crescimento econômico nos últimos anos no estado de Santa Catarina.

Mesmo com a pandemia de coronavírus, a Capital Catarinense do Calçado teve avanços na economia e busca aumentar este crescimento com novas empresas e setores diferenciados.

Para isso, a prefeitura dispõe da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, criada para incentivar a economia com as indústrias que já atuam e as que gostariam de se instalar na cidade.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Jean Kayser, nos últimos anos, sem contar a pandemia da Covid-19, São João Batista estava a todo vapor na geração de novas vagas de emprego e abertura de empresas, se destacando entre as cidades catarinenses.

Mesmo com pandemia, saldo é positivo

Para o prefeito de São João Batista, Pedro Alfredo Ramos, o Pedroca (MDB), a economia da cidade sentiu bastante os reflexos da pandemia. Ele considera que 2020 foi um ano de reversão de expectativas, de muitas dificuldades, de sobrevivência.

O prefeito comenta que em meados de março, com o fechamento do comércio em todo o país, houve uma reação em cadeia no setor calçadista, com o cancelamento de pedidos, suspensões de pagamento e demissões.

“Mesmo hoje, a retomada ainda não está completa, com patamares inferiores ao de antes da pandemia. Esperamos que, com o avanço da vacinação, o ambiente de negócios logo se torne mais favorável à nossa atividade econômica”, afirma.

Porém, Pedroca ressalta que “o fato que pode ser considerado positivo é a aceleração de estratégias de vendas via internet, que tende a permanecer e ser ampliado ao longo dos próximos anos”.

Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, a pandemia reduziu o poder de compra, causou medo e o consumo diminuiu.

Ele destaca que o calçado feminino, que é o principal item de produção da cidade, depende do consumo. “Com isso, algumas fábricas perderam 80% da produção, tiveram muitas demissões e paralisações durante um tempo”, comenta.

Reinventando os negócios

Apesar das dificuldades enfrentadas pelas empresas, principalmente no início da pandemia, Kayser ressalta que muita conseguiram realizar mudanças positivas e dar a volta por cima.

“Grande parte dos negócios conseguiu se reinventar. Como exemplo, mudaram modelos de feira presencial para feira remota e melhoraram as operações on-line”, pontua.

Segundo ele, a indústria da cidade está produzindo e voltou a gerar emprego. A expectativa é de que no próximo semestre o consumo volte com potência renovada.

O secretário cita também o caso de fábricas de calçado menores que trabalham com marcas próprias. Estas possuem valor agregado e estratégias digitais muito fortes, e acabaram se saindo mais fortes com a crise.

“Além disso, setores de cartonagem tiveram uma demanda igual ou até mais alta, apesar de faltar celulose no mercado por um período. Também há uma indústria química que não depende exclusivamente do calçado e continuou crescendo forte”, conta.

Segundo os dados repassados pela secretaria, até junho de 2021, foram realizados 175 novos cadastros econômicos, e até junho, 38 empresas deram baixa. No caso dos microempreendedores individuais (MEI), 381 empresas foram abertas até junho, e 89 empresas fecharam.

Cidade registrou crescimento expressivo na economia e consequentemente na população nos últimos anos. Foto: Prefeitura de São João Batista/Divulgação

Atração de novas empresas

Uma empresa de grande porte do setor têxtil já está em processo de instalação em São João Batista, conta o prefeito.

Ele informa ainda que há cinco novas empresas interessadas em investir no município. Para Pedroca, a cidade conta com diferenciais importantes que atraem a atenção dos empreendedores.

“Entre os diferenciais, a localização privilegiada de nossa cidade e mão de obra com experiência na indústria. Já para o município, o potencial de transformação, de criação de novas cadeias produtivas, de retorno tributário e de geração de emprego são fatores importantes”, elenca.

Jean conta que a empresa de fiação têxtil terá produção de 600 toneladas de fio por mês. Como o crescimento da fábrica é gradativo, os empregos vão sendo gerados de acordo com a demanda.

“Até 2023, devem ser gerados no mínimo 100 empregos e faturamento de R$ 10 milhões por mês”, comenta, e ressalta que a própria lei de incentivo fica atrelada às metas de geração de empregos e faturamento das empresas beneficiadas.

O secretário informa ainda que o município está em negociação com uma empresa que produz pranchas de surf, uma fábrica de piscinas, mais uma empresa do ramo têxtil e outra do setor de cosméticos.

Também está sendo instalada na cidade uma indústria que possui um projeto ambiental chamado aterro zero. Segundo Kayser, o objetivo é destinar 90% do lixo produzido pela cidade para não precisar aterrar.

Sobre a diferença de produção das fábricas em negociação, ele explica que “caso vier outra crise, queremos estar mais fortes e com a economia mais diversificada”.

Município está trazendo novas empresas além do polo calçadista para fortalecer a economia local. Foto: Prefeitura de São João Batista/Divulgação

Novos projetos para a geração de emprego e renda

Para manter o crescimento econômico, a cidade possui uma lei em vigor para estimular a instalação e a expansão de empresas a partir da concessão de incentivos imobiliários, físicos e tributários.

A aplicação da lei ajudar a fomentar a geração de emprego e renda para a cidade, e segundo Pedroca, o trabalho para atração de empresas está intensificado. O objetivo é colher os resultados para o município em médio e longo prazo.

Jean explica que além de ter contato com novos negócios para o município, a secretaria de Desenvolvimento Econômico cuida da parte de abertura de empresas, que trabalha para que o prazo seja cada vez mais rápido. Atualmente, leva em entre cinco e seis dias caso a  documentação esteja correta.

Turismo rural e religioso

De acordo com o prefeito, a cidade enxerga no turismo boas oportunidades de crescimento. “Em especial com o processo de beatificação do padre Leo, da Comunidade Bethânia e o turismo rural”, ressalta.

“São João Batista tem um grande potencial e cabe a nós mostrar ao setor privado que vale muito a pena investir aqui”, comenta Pedroca.

Para Jean, é visível que o município está começando a investir no turismo rural, já que muitas pessoas buscam um refúgio da vida urbana, e podem curtir o sossego do interior que a cidade proporciona.

“Temos interesse de desenvolver o turismo rural com pousadas, hotéis, sítios, café colonial. Inclusive, um grande hotel estilo fazenda com mais de 200 leitos está sendo construído no bairro Colônia Nova Itália”, conta.

Além disso, a secretaria está trabalhando o plano diretor do município para institucionalizar os loteamentos rurais e incentivar essa modalidade de turismo.

Com a beatificação do Padre Leo, Comunidade Bethânia é um dos locais visados para o crescimento do turismo religioso. Foto: Prefeitura de São João Batista/Divulgação

Perspectivas para o futuro

Para o prefeito, a cidade está se preparando para entrar em um novo ciclo de desenvolvimento. “Este ciclo passa, tanto pelo fortalecimento do polo calçadista local como pela diversificação da economia. Com isso, conseguiremos gerar mais renda e emprego”, comenta.

Kayser considera que o município é um polo estratégico, com bom acesso para a BR-101. Também há as vantagens e incentivos como exemplo, aluguel de galpão, que é mais em conta do que as cidades vizinhas.

“Estamos mostrando a importância da secretaria para a cidade, conseguindo projetos grandes para aumentar a arrecadação e melhorar a estrutura para continuar realizando ações que geram emprego e renda”, destaca o secretário.

Segundo ele, o prefeito quer que o polo calçadista seja fortalecido para manter a retomada forte após a crise. “As empresas vão aumentar a produção e continuar sendo referência, mas também diversificaremos o polo econômico para dar mais solidez à economia”, explica.

O secretário também elenca que o turismo rural e religioso são perspectivas para o futuro da cidade, e que podem ser colhidos bons frutos destas diferentes áreas.

“Queremos tornar a cidade referência nesse turismo de interior. Vamos mapear as áreas, divulgar. Temos potencial turístico forte e empresários com interesse para investir”, prevê.

Comércio local

Nestes 63 anos, São João Batista passou por uma evolução constante e aumentou consideravelmente o número de habitantes. De acordo com os dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município possui 38.583 habitantes.

Para o gestor executivo da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de São João Batista, William Santos, entre os principais setores da cidade estão o comércio e os serviços.

“A cidade possui relevância na questão econômica, geração de empregos, arrecadação de tributos. Isso fez com que o comércio local seja fortalecido e atraia novos empreendimentos no setor”, explica.

Inovação do comércio batistense na pandemia 

Segundo o gestor executivo, apesar do ano atípico, o setor varejista se sobressaiu. Houve poucas baixas e um saldo positivo de empresas que foram criadas durante a pandemia.

“As crises criam novas oportunidades e o varejo possui isso como essência: criar estratégias para buscar novos consumos, comportamentos de consumo. Os empresários da cidade possuem espírito empreendedor, desde quando a Usati saiu na década de 80”, comenta.

Ele ressalta que o período fez com que muitas empresas passassem por uma mudança de comportamento, inclusive as que eram mais tradicionais na forma de vender seus produtos ou oferecer serviços. William comenta que empresários começaram a utilizar mais as plataformas digitais, realizar vendas pela internet, redes sociais ou lojas on-line.

“Isso acabou criando oportunidades e muitas empresas tem boa parte do faturamento devido a esse comportamento. Como exemplo o Instagram, lojas fazem lives, vídeos, e além dos clientes, conquistam novos consumidores, principalmente os millenials”, pontua.

Segundo Santos, pessoas da cidade que possuíam o desejo de empreender on-line viram a pandemia como um impulso do setor, o que os deu coragem para investir.

Praça Deputado Walter Vicente Gomes, no Centro da cidade. Foto: Prefeitura de São João Batista/Divulgação

Proteção da economia

No período, a CDL manteve o princípio de que todos os negócios, geração de empregos e renda são essenciais. Os empresários foram orientados durante o período e cartazes com orientações foram impressos e divulgados pela cidade.

“Economia e saúde precisam andar juntas e não podemos deixar da lado. Tudo isso é um elo e a CDL trabalhou localmente perante os órgãos municipais como vigilância e saúde. Orientamos via WhatsApp, criamos vídeos institucionais sobre a valorização do comércio local. E os que não podem ficar em casa, para tomar os devidos cuidados com a higienização”, relembra o gestor.

A CDL também promoveu transmissões ao vivo on-line para tratar sobre a questão econômica dos comércios e empresas paradas ou com a carga horária reduzida. Segundo William, a preocupação imediata era de blindar o caixa das empresas, já que não havia uma data para o retorno à normalidade.

“Demos dicas de como proteger colaboradores, orientações na flexibilização. Conseguimos ganhar o poder de abrir as portas para o consumidor pagar suas parcelas”, conta.

Com essa mudança de divulgação, William informa também que a CDL irá lançar no próximo semestre um podcast para tratar dos assuntos relacionados com o varejo, serviços e turismo.

Futuro do varejo

De acordo com o gestor executivo, as mudanças e inovações que entraram no setor varejista e de serviços devem se manter e até atualizar nos próximos anos.

“A internet das coisas acelerou na pandemia, e ainda haverá muita automatização dentro dos negócios. Redes sociais como TikTok e interação de conteúdos digitais voltados para empresas devem se manter”, elenca.

Ele ressalta também que o crescimento da indústria batistense é e será um reflexo positivo no comércio. Já que, irá gerar demanda e “quanto maior a renda no município, há mais empresas varejistas”.

A CDL também aposta no turismo religioso, com a beatificação do Padre Leo. “Isso irá trazer demanda turística. Precisamos preparar os estabelecimentos e abrir novas oportunidades de negócios”, prevê o gestor.