São João Batista é a 20ª cidade de Santa Catarina com maior incidência de raios
São quase seis relâmpagos por quilômetro quadrado ao ano, que causam danos à rede elétrica e incêndios
São quase seis relâmpagos por quilômetro quadrado ao ano, que causam danos à rede elétrica e incêndios
São João Batista é o 20º município de Santa Catarina, entre os 295, com maior incidência de raios, de acordo com os dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). São quase seis relâmpagos por quilômetro quadrado por ano. No ranking nacional, o município está na 1203ª posição.
O Corpo de Bombeiros Militar de São João Batista é chamado constantemente, em dias de tempestades, para verificação de incêndios, principalmente em árvores e redes de energia elétrica.
No entanto, o órgão enfrenta dificuldades no momento de periciar um local supostamente atingido por um raio. O responsável pelo expediente, cabo Nilson Veneri Dalbosco, explica que ao fim de uma ocorrência de corte de árvore ou incêndio, é difícil identificar o real motivo que causou a ocorrência.
A tempestade com vento que atingiu o município, em 31 de janeiro, também gerou uma ocorrência por conta de um raio que caiu em uma árvore, no Ribanceira do Sul, próximo à Unidade Básica de Saúde do bairro. “Neste caso fomos até o local, pois havia chamas na árvore. Fizemos o corte e acionamos a Celesc também, pois caiu na fiação elétrica”, conta o cabo Dalbosco.
Prejuízo alto
Durante um retiro evangélico, em 20 de fevereiro de 2016, o empresário Márcio Reis, conhecido como Bambu, recebeu a notícia de que o galpão de sua empresa, na rua João Virgílio Paschoal, no Centro, estava em chamas. Ao chegar ao local já não havia mais o que fazer. O Corpo de Bombeiros havia sido acionado pelos vizinhos, que viram o raio cair sobre a empresa.
O cabo Dalbosco lembra bem da ocorrência, e relata que alguns colegas da corporação viram também o momento em que um raio caiu naquela região. Foram três dias para conter todos os focos de incêndio no galpão e nos veículos que estavam dentro. “Esta foi uma situação que a perícia não conseguiu estabelecer uma causa, mas nós vimos o raio cair”, comenta.
O empresário ressalta que alguns meses antes do ocorrido, um raio já havia atingido um eucalipto ao lado do galpão. “A história de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, para mim, é mito”, brinca.
Dentro do galpão haviam EVAs que eram recolhidos pela empresa para serem reciclados, picados e utilizados em construções. “Não houve possibilidade de salvar nada. Tive um prejuízo de mais de R$ 400 mil”, lamenta Bambu.
Obrigatoriedade de para-raios
O cabo Dalbosco recomenda que em edificações com mais de 20 metros de altura é adequado ter um sistema de proteção contra descargas atmosféricas. Acima de 750 metros, isso se torna obrigatório. “O que acontece muito é de encontrarmos para-raios derretidos de tanto absorverem as descargas”, diz.
O bombeiro alerta que, mesmo uma edificação tendo um sistema de proteção contra descargas, não significa que os aparelhos eletrônicos na parte de dentro estejam protegidos. Para isto, existe a necessidade de outro sistema em complemento ao para-raios.
Além disso, Dalbosco explica que o para-raios em uma edificação protege uma área de 45º ao seu redor. “Quanto mais próximo estiver do local, mais protegido estará. Ou seja, menor a probabilidade de ser atingido por um raio. Quanto mais alta for a edificação que possui o sistema, maior a abrangência dessa área de 45º”.
Rede elétrica
As cidades com maior incidência de raios tendem a registrar mais desligamentos da rede elétrica. O tamanho dos transtornos causados depende da quantidade de residências e empresas atendidas pela rede atingida.
O chefe da Divisão Técnica da Agência Regional da Celesc em Blumenau, Valmir Dalbosco, informa que “a intensidade de um raio tem, em média, 30 mil amperes e pode afetar a rede de distribuição de energia elétrica, pois a descarga chega a percorrer distâncias que chegam a cinco quilômetros”.
Desde 2016, a Celesc busca a instalação de um equipamento chamado Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS), capaz de detectar sobretensões na rede de energia elétrica junto à caixa onde está localizado o medidor de energia. A empresa também orienta a instalação dentro das edificações, nos quadros de distribuição de energia, atendendo às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Cuidados necessários
A recomendação do Corpo de Bombeiros em dias de tempestade é abrigar-se em locais seguros; não ficar em contato direto com a água, como piscinas e lagos. Se estiver em um campo aberto, é importante procurar uma área segura, ou se não houver tempo, deitar longe de árvores.
Com a rede elétrica também é necessário manter um cuidado especial, e ter toda a estrutura devidamente aterrada. “É importante evitar [ficar em locais com telhados metálicos ou em contato com metais”, acrescenta o cabo Dalbosco.
O carro é um excelente abrigo, não por ter os pneus emborrachados, mas por formar uma ‘gaiola’ que dissipa o raio. “Se estiver dentro de um carro, a pessoa deve ficar no banco e não tocar nas partes metálicas ou lataria”, diz.