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Schützenfest durou mais de sete décadas e movimentou sociedade brusquense

"Festa dos Atiradores" é considerada a mais querida manifestação cultural da história da cidade

Depois do período de quaresma, Brusque celebrava o Schützenfest (Festa dos Atiradores), que durava três dias e foi realizada por mais de sete décadas. Já no ano de fundação do clube, a diretoria conseguiu comprar o terreno e construir ranchos para as provas de tiro. Na segunda-feira de Páscoa do ano seguinte, realizou-se a primeira Schützenfest, com a primeira disputa para o “rei do alvo”. Ao longo dos 75 anos de realização, porém, muito mudou.

No livro Clube de Caça e Tiro Araújo Brusque – Memórias, Ayres Gevaerd relata que o comércio fechava suas portas para facilitar a presença de mais pessoas na festa, que durava três dias – começava no domingo de Páscoa, após os compromissos religiosos e familiares, e ia até terça-feira. O ápice, porém, acontecia na segunda-feira.

Na maioria das edições do Schützenfest, a alvorada começava cedinho, seguida do desfile nas ruas centrais. O rei do tiro, vencedor das competições realizadas pela manhã, era anunciado ao meio-dia e recebia sua medalha e faixa. Ele abria o baile com a música e podia autorizar o consumo das bebidas durante o banquete servido na sequência, que era financiado com as taxas pagas pelos participantes das disputas de tiro.

Além do salão, onde muitas famílias se reuniam, a movimentação da festa se espalhava na praça em frente ao Caça e Tiro, onde se instalavam várias barracas. Além das provas de tiro para homens, as mulheres também participavam de competições esportivas, nos torneios de bolão.

Já em outras salas, reporta Gevaerd, várias pessoas se entretinham jogando carteado em local esfumaçado pelo uso de cigarros, charutos e cachimbos.

Concentração

A Festa dos Atiradores, além das atividades de tiro, incluía apresentações teatrais e de grupos de canto. A celebração e o Caça e Tiro, no geral, representavam o ponto de encontro para a sociedade alemã da cidade.

Antes da festa começar na segunda-feira, os associados se reuniam para a concentração em algum lugar pré-estabelecido. Inicialmente, o local escolhido foi a residência dos Reis. Depois nas propriedades de Guilherme Phillipe Krieger, no estabelecimento de Gregório Diegoli e nos bares de Bertoldo Lübke e Oswaldo Gleich.

Bailes

Na noite de segunda-feira, acontecia o baile oficial, que começava por volta das 20h e ia até o amanhecer do dia seguinte. O maestro Humberto Mattioli comandou a música do evento por muitos anos, e também participaram as bandas Concórdia, Maluche, Irmãos Orthmann e Liberdade. Os vencedores das provas de Alvo e Cervo, os reis, eram saudados e comemorados à meia-noite.

Na terça-feira, ele acompanhava o “Almoço de Gatos”, a refeição da ressaca após as festividades do dia anterior. Um grande baile encerrava a celebração na sequência. No fim da tarde, os participantes se organizavam novamente para voltar ao local de concentração, mas Gevaerd lembra que alguns não conseguiam mais manter suas posturas altivas, porque “as pernas não tinham mais grande firmeza”.

Desfile que marcava o encerramento da Schützenfest | Foto: Caça de Brusque/Arquivo

Mudanças e fim

Por causa da Segunda Guerra Mundial e da campanha de nacionalismo de Getúlio Vargas, o Caça e Tiro foi fechado e teve seu nome original, “Schützen-Verein”, alterado, já que a língua alemã foi proibida em todo o território nacional. Gevaerd lembra que a bandeira que ficava hasteada no clube, feita na Alemanha, e também dezenas alvos de madeira foram queimados.

Quando as atividades reiniciaram, a Festa dos Atiradores já não tinha o mesmo apelo, e foi diminuída em um dia. Na época, a diretoria do clube decidiu criar uma nova festa em julho para comemorar o aniversário de fundação. A desmobilização e o desinteresse dos jovens, aos poucos, fez com que o fôlego da Schützenfest se fosse e ficaram apenas as crônicas e memórias de quem participou da maior festa brusquense.


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