“Se possível, quero ser candidato a deputado estadual em 2026”, afirma ex-prefeito Ari Vequi
Ex-prefeito projeta futuro pessoal e político, opina sobre governo André Vechi e avalia eleição a prefeito
Ex-prefeito projeta futuro pessoal e político, opina sobre governo André Vechi e avalia eleição a prefeito
Após a tentativa falha de eleger um sucessor ao cargo de prefeito de Brusque, o ex-prefeito Ari Vequi busca reverter a inelegibilidade para concorrer a deputado estadual nas eleições de 2026. Em entrevista exclusiva ao jornal O Município, Ari avaliou o futuro pessoal e político.
A defesa de Ari apresentou um “último recurso” ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois desta etapa, o processo deve subir ao Supremo Tribunal Federal (STF). O relator do caso na Suprema Corte será o ministro Kassio Nunes Marques. Ari deposita esperança no STF para reverter a inelegibilidade.
Se eventualmente uma decisão do STF anulasse a cassação do ex-prefeito em 2023 ou 2024, Ari poderia retornar à prefeitura e a disputa que elegeu o prefeito André Vechi (DC) seria anulada, conforme avaliam advogados especialistas em Direito Eleitoral. No entanto, é considerado improvável que o recurso de Ari seja julgado até ano que vem.
“Se esse fato acontecer e eu for absolvido, será uma novidade o que vão fazer comigo, porque terá dois prefeitos. É um fato novo. O mais fácil seria passar a eleição e me julgar só depois de 2024 ou conceder uma liminar devolvendo meus direitos políticos. Acho que é razoável”, diz.
Ari ainda não decidiu para qual área seguirá após a cassação. Ele conta que uma das possibilidades é trabalhar em consultoria e alega que pode atuar em bancos que investem em prefeituras. O ex-prefeito também mantém diálogo sobre o assunto com a bancada do MDB em Santa Catarina.
“Não é segredo para ninguém: se possível, quero ser candidato a deputado estadual em 2026. É um trabalho que eu tenho que fazer na região, além de Brusque. Eu estive em todos municípios de Santa Catarina e tenho o grande professor da história do estado, o [ex-governador] Luiz Henrique”.
O ex-prefeito não descarta também concorrer nas eleições de 2024 se alguns fatores contribuírem, como derrubar a inelegibilidade e formar um grupo forte que apoie o nome dele. Ari afirma que está aberto a negociar com outros partidos e não esconde isso do MDB.
O candidato de Ari a prefeito na eleição fora de época deste ano, William Molina, ficou em último na contagem de votos, enquanto o então prefeito interino André Vechi saiu vitorioso com uma larga vantagem. Ari relata que tinha uma expectativa maior de votos e lamenta a divisão do grupo político dele, que gerou três candidaturas (André, Molina e Simas).
“Era um grupo que eu acreditava. No dia que eu fui cassado, fiz uma reunião com o Molina e o André e disse claramente aos dois que a eleição passava pela mão deles. Tentei buscar, de alguma forma, que os três fossem candidatos em uma chapa única, mas não deu”, lamenta.
O ex-prefeito acredita que a polarização entre PT e PL favoreceu André na disputa. Ari avalia que estão sendo discutidos temas nacionais que, diz ele, não contribuem com a população do município.
Para Ari, a decisão da Justiça Eleitoral que retirou o sobrenome “Vequi” da candidatura “Molina do Ari Vequi” influenciou negativamente à campanha. Ele acredita também que André teve vantagem com as redes sociais e a postura “anti-PT”.
“A eleição de Brusque foi mais uma questão nacional, de ideologia, do que de fato uma discussão dos problemas da cidade. Isso facilitou para quem estava com a ‘máquina na mão’ e que estava do lado ao governo do estado, ao lado do PL e ao lado do bolsonarismo”, afirma.
Após a eleição, cinco partidos entraram com uma ação na Justiça Eleitoral para cassar o mandato de André. O advogado Artur Antunes Pereira, que advogou no pedido que resultou na cassação de Ari, atua no processo contra o prefeito. Seis tópicos envolvem o pedido, que acusam abuso de poder político e econômico.
Ari compara as duas ações e afirma que, no caso de André, há situações que envolvem o uso da máquina pública. Defendendo a si próprio, o ex-prefeito pontua que, no caso dele, não haveria envolvimento de recursos públicos e que perdeu o mandato em razão do apoio do empresário Luciano Hang nas redes sociais.
“No meu caso específico, da cassação, trata-se especificamente do apoio do Luciano Hang via internet. Não é dinheiro, nada disso. O pedido de cassação que entraram contra o atual prefeito visa a questão do dinheiro público, assim como foi a antiga eleição do candidato do PT”. Nesta última fala, Ari se refere à cassação do ex-prefeito Paulo Eccel, que posteriormente foi revertida no STF.
Questionado sobre como avalia o pedido de cassação, Ari relata que não conhece os detalhes da ação, mas crê que o pedido é ruim para o município e que a vontade da população que elegeu André nas urnas tem que ser validada.
André foi eleito vereador nas eleições de 2020 apoiando Ari. Porém, a relação entre os dois ficou estremecida em alguns momentos, principalmente depois da eleição à presidência da Câmara em dezembro de 2022.
O MDB, partido de Ari, mantém diálogo com o governo André Vechi. Recentemente, o vice-presidente do MDB de Brusque, Rodrigo Cesari, que foi nome de confiança de Ari durante a gestão, foi nomeado para o cargo de diretor de Atenção Básica, na Secretaria de Saúde.
O ex-prefeito afirma que o diálogo entre o MDB e o governo tem o apoio dele e não descarta a possibilidade de uma aliança em um projeto futuro. Ele diz esperar que, neste momento, grandes obras sejam retiradas do papel.
“Não vejo expectativas de grandes lideranças serem criadas em um ano de mandato. Acho que o ex-prefeito que está no Pará deve voltar a ser candidato e que o PT deve vir com outro nome. O André, com a votação que fez, é um candidato em potencial para uma possível reeleição”.
O vereador Rogério dos Santos (Republicanos) frequentemente critica Ari nas sessões da Câmara. O ex-prefeito acredita que houve um descontentamento por parte do parlamentar durante a montagem do governo recém eleito em 2020. Desde então, Rogério sempre manteve uma postura contrária a Ari, que se intensificou com o tempo.
“Eu havia conversado com ele (Rogério) sobre a possibilidade de ele assumir o Samae. Não nego. No decorrer da conversa, ele começou a trabalhar para a eleição da presidência da Câmara. Eu tinha um compromisso com o Simas”, relembra. Na ocasião, o vereador Alessandro Simas (PP) foi eleito presidente.
Ari alega que a conversa com Rogério sobre o Samae não foi conclusiva e que, a partir do anúncio do secretariado que não incluiu o vereador, Rogério passou a criticá-lo. O ex-prefeito, porém, afirma que não tem problemas pessoais com o vereador.
“Não tenho nada contra ele. Nunca brigamos pessoalmente. Nunca houve uma discussão entre eu e ele. Ele me ‘pegou para cristo’. Ele vai na minha pessoa, como se fosse algo de errado eu ter uma casa na praia. Eu vim de fora como? Se eu cheguei aqui em 1978 e já fui vice-prefeito e prefeito”.
A fala de Ari se refere às críticas de Rogério, que já insinuou mais de uma vez que o ex-prefeito não conhece Brusque por vir de fora. Ari rebate o argumento e diz que Rogério integra o governo de André, que também conta com secretários que não são naturais do município.
“No dia que Brusque completou 163 anos, estava passando na frente do palanque [do desfile] e quem discursava era um secretário recém chegado à administração, de São Paulo. Nada contra a pessoa. A secretária de Saúde é de Biguaçu e o secretário de Governo é de Balneário Camboriú. Aí vem a conversinha desse vereador, que faz parte da base, dizendo que eu sou turista? Ele que vá atingir quem está apoiando”, ataca.
*Colaborou Bruno da Silva
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