Segurança de Brusque tem mais mulheres que a média estadual
Presença delas ainda é tímida em Santa Catarina, por força de lei que limita o ingresso
Presença delas ainda é tímida em Santa Catarina, por força de lei que limita o ingresso
A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros de Brusque contam com mais mulheres em seus quadros do que a média estadual. Dos 94 policiais do 18º Batalhão de Polícia Militar, sete são mulheres, ou seja, 7,4%. Já nos Bombeiros, 6,6 % são mulheres (3 do total de 45). Em todo o estado, as mulheres ocupam 5,3% dos postos na PM e 5,2% nos bombeiros.
Os percentuais de Brusque são maiores do que a limitação imposta pela Lei Estadual 587/2013. O artigo sexto da lei diz que “o ingresso no estado efetivo para o sexo feminino será, no máximo, de 6% para os Quadros de Oficiais e de 6% para os Quadros de Praças das respectivas instituições militares”. A regra é aplicada no contexto geral da corporação, por isso não há infração nesse caso. A lei causou polêmica no ano passado, quando quase 150 vagas do concurso para policial militar não foram preenchidas por homens, enquanto o número de mulheres superou o ofertado. Houve manifestações contra a lei na Assembleia Legislativa, mas o texto não foi mudado.
O subcomandante do 18º BPM, major Moacir Gomes Ribeiro, afirma que as mulheres conquistaram o seu espaço e que não há razão para diferenciar o trabalho executado por elas em relação ao dos homens. “Sabemos das limitações físicas, mas isso é superado pela dedicação e o aprimoramento que elas sempre buscam”, diz.
A restrição imposta a elas na polícia diz respeito aos pelotões táticos e de operações especiais. Por demandarem maior preparo físico, as mulheres não fazem parte deles. No patrulhamento diário não há diferenciação nas ocorrências atendidas por mulheres e homens, contudo, tradicionalmente as guarnições são formadas por ou um homem e uma mulher, ou dois homens. “Como às vezes é preciso fazer o serviço repressivo, nós colocamos guarnições mistas para salvaguardá-las e dar maior suporte”, diz o major Gomes. Na última turma de soldados da PM que se formou no dia 27 de junho, duas PMs foram premiadas como melhores da classe no geral. Além delas, dois homens também foram condecorados.
O comandante do Corpo de Bombeiros de Brusque, tenente Hugo Manfrin Dalossi, diz que não há qualquer restrição ao trabalho das mulheres na corporação. “Elas podem trabalhar na parte operacional, caminhão ou qualquer outra função. No começo, quando não havia muitas mulheres nos Bombeiros, as pessoas questionavam o serviço delas. Mas, com o tempo, o que ficou comprovado é que às vezes elas são até mais competentes do que os homens”.
Mulheres na PM
Embora as mulheres componham as fileiras da PM há 31 anos, ainda existe preconceito, diz a soldado da PM Karine Gonçalves Silva, 28 anos. Há um ano e meio na polícia, ela conta que a diferenciação é comum, porém está mudando. “O meio militar ainda é muito machista, mas onde a gente sofre mais machismo é nas ruas. A população não está acostumada com mulheres fazendo o policiamento”.
Com um vasto histórico familiar ligado aos militares, a soldado Karine, natural de Joinville, largou uma carreira na advocacia para seguir na carreira militar. “No começo do meu treinamento foi muito difícil ficar longe da família e passar por todos os testes, mas os homens do meu pelotão eram muito parceiros. Eles ajudavam a gente e consegui me sair bem”, afirma. Apesar das dificuldades, a soldado não se arrepende da escolha. “A área é preconceituosa, mas a vale a pena, compensa muito chegar ao final do dia e dar aquele suspiro de dever cumprido”. Atualmente Karine é auxiliar na corregedoria da PM e responsável pelo programa Transitolândia.
Soldado Karine largou a advocacia para perseguir o sonho de ser militar
Mulheres nos Bombeiros
A soldado Patrícia Rosa Garcia, 30 anos, natural de Brusque, trabalha na ambulância no Corpo de Bombeiros de Brusque. Há três anos na corporação, ela afirma que o preconceito com as mulheres no meio militar está sendo superado. “Cada vez mais é comum ver mulheres militares, isso está fazendo o pensamento das pessoas mudar. Estamos sendo mais bem aceitas, porque passamos pelo mesmo treinamento que os homens”.
A soldado trabalhava na área de Educação Física, a qual é formada, quando resolveu entrar para o corpo de bombeiros. Na pós-graduação um colega policial militar avisou-a do concurso público e ela resolveu arriscar. Depois de entrar, passou pelo curso de soldado na Capital, onde foi submetida ao mesmo padrão de exigência física dos homens.
A guarnição em que trabalha Patrícia é formada por mais dois homens. Quando o esforço físico é demasiado para ela, eles dão assistência. “Sempre tento manter um bom condicionamento físico para conseguir chegar o mais próximo possível do preparo de um homem. Claro que não é possível alcançar por uma questão biológica, mas sempre trabalhamos para isso”.
Mulheres nas forças de segurança
Estado
PM
Homens – 94,7%
Mulheres – 5,3%
Bombeiros
Homens – 94,8%
Mulheres – 5,2%
Brusque
PM
Homens – 92,6%
Mulheres – 7,4%
Bombeiros
Homens – 6,6%
Mulheres – 93,4%