Sem acordo com grevistas, Correios ingressam com ação junto ao TST
Revogação de Acordo Coletivo de Trabalho, que seria vigente até 2021, foi estopim para paralisação
Os Correios ajuizaram, nesta terça-feira, 25, o Dissídio Coletivo de Greve no Tribunal Superior do Trabalho (TST), para que o Judiciário solucione o conflito. A empresa diz que esteve disposta a negociar o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2020-21.
De acordo com nota oficial dos Correios, a empresa tenta, desde o início de julho, negociar com as entidades representativas dos empregados os termos do ACT 2020-21. “Dando continuidade às ações de fortalecimento de suas finanças e consequente preservação de sua sustentabilidade, a empresa apresentou uma proposta que visa adequar os benefícios dos empregados à realidade do país e da estatal.”
A empresa afirma também que os vencimentos de todos os empregados seguem resguardados, e os trabalhadores continuam tendo acesso, por exemplo, ao benefício auxílio-creche e aos tíquetes refeição e alimentação, em quantidades referentes aos dias úteis no mês, de acordo com a jornada de cada trabalhador. Empregados das áreas de Distribuição/Coleta, Tratamento e Atendimento seguem com seus respectivos adicionais.
“A empresa aguarda o retorno dos trabalhadores que aderiram ao movimento paredista o quanto antes cientes de sua responsabilidade para com a população, já que agora toda a questão terá seu desfecho na justiça”, completa os Correios na nota.
Quando a greve foi deflagrada, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect) afirmou que os Correios se negaram a negociar, e que a categoria foi surpreendida em 1º de agosto com a revogação do ACT, que estaria em vigência até 2021.
“Foram retiradas 70 cláusulas com direitos como 30% do adicional de risco, vale alimentação, licença maternidade de 180 dias, auxílio creche, indenização de morte, auxílio creche, indenização de morte, auxílio para filhos com necessidades especiais, em uma atitude desumana impedindo tratamentos diferenciados e que garantem melhor qualidade de vida, pagamento de adicional noturno e horas extras”, cita a federação em nota.
Para o movimento, a precarização dos serviços faz parte de uma estratégia do Governo Federal de privatizar a empresa. A Fentect é contrária à privaticação e à maneira com que a empresa tem tratado a pandemia da Covid-19, com a os trabalhadores acionando a Justiça para garantir equipamentos de segurança, álcool em gel, testagem e afastamento dos grupos de risco e aqueles que coabitam com grupos de risco ou possuem crianças em idade escolar.
“A direção da ECT buscou essa greve, retirou direitos em plena pandemia e empurrou milhares de trabalhadores a uma greve na pior crise que o país vive. Perdemos muitos companheiros para a Covid-19 em função do descaso e negligência da empresa. É o Governo Federal e a direção da ECT mantendo privilégios com ampliação de cargos e altos salários, ampliando lucro em detrimento da vida dos trabalhadores. Lutamos pelo justo. Lutamos para que as nossas vidas e empregos sejam preservados”, comenta o secretário-geral da Fentect, José Rivaldo da Silva.