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Base do Brusque FC acumula maus resultados no Estadual

Sem condições ideais de trabalho, base do Bruscão sofre com resultados negativos e evidencia problemas na formação de atletas

A situação do Brusque FC no Campeonato Catarinense de Futebol Juvenil e Juniores não está fácil. Faltando apenas uma rodada para o encerramento da competição, o time brusquense acumula uma série de resultados negativos. O último foi o revés nos juniores por 2 a 0 para o Atlético de Ibirama na sexta-feira. A partida foi disputada no CT Rolf Erbe.

Um alento foi a vitória do time juvenil, no jogo preliminar, diante do mesmo adversário. Nada que mudasse, no entanto, a situação do clube na competição. Foi apenas o terceiro triunfo em 17 jogos disputados, em uma campanha longe de passar um prognóstico positivo. Houve ainda um empate e 13 derrotas, com direito as goleadas de 6 a 0 para o Criciúma, 6 a 1 para o Joinville e outras quatro goleadas por 4 a 0 para Avaí, Criciúma, Joinville e Chapecoense, respectivamente. Metade destes placares adversos ocorreram no CT Rolf Erbe.

A equipe tem o pior ataque e a pior defesa da competição. Foram apenas 8 gols marcados nos 17 confrontos. A meta do Bruscão foi vazada 46 vezes nestes jogos. O que dá a média de 0,46 gols marcados para cada 2,7 sofridos. A cada seis gols que o Brusque toma, a equipe marca um. Na tabela de classificação, o Marreco ocupa o nono lugar, com 10 pontos. Está à frente apenas do Marcílio Dias, com 1. O Marinheiro chegou a perder seis pontos no tapetão.
Drama igual

A situação do time juniores não é diferente. A equipe divide a lanterna com o Juventus, ambos com oito pontos. Em 17 jogos também acumula goleadas expressivas. Entre elas um 8 a 0 para o Joinville dentro do CT Rolf Erbe. Nem nomes que já fizeram parte do elenco profissional do Bruscão este ano como o goleiro Hugo e os atacantes Renan e Tonico foram capazes de minimizar uma desastrosa campanha. Foram apenas duas vitórias, dois empates e 13 derrotas. O time marcou 11 gols e sofreu 47, média de 0,64 e 2,7, respectivamente.
Esperança de dias melhores

Apesar de ser o saco de pancadas da competição junto com o Moleque Travesso, algumas exibições ainda dão esperança de que dia melhores virão. Uma boa partida diante do Avaí, quando a equipe tomou a virada por 2 a 1 já no fim do duelo, e empates em 1 a 1 com Figueirense e Chapecoense dentro do Rolf Erbe, deixaram uma impressão positiva de que os atletas podem render mais. Diante do time da Capital, um dos líderes do Campeonato, o Bruscão tomou o empate já nos acréscimos da partida.

 

Reflexo da estrutura

A campanha do Bruscão reflete as condições precárias da equipe para disputar uma competição deste porte. A carência estrutural é citada como fundamental pela diretoria para o mau desempenho. Há um abismo entre o clube brusquense e demais rivais na competição. Tirando as cinco principais equipes do campeonato, a estrutura do Marreco deixa a desejar mesmo quando comparadas as de equipes do segundo patamar do futebol estadual, como Metropolitano e o próprio Atlético-IB.

Enquanto o time do Alto Vale tem 19 alojamentos para atletas, uma comissão técnica formada, com técnico específico e preparador físico, além de todo um aparato estrutural por trás como academia e nutricionistas, no Bruscão tudo é improvisado. O supervisor de futebol, João Carlos de Carvalho Silva, o Indião, é quem faz as vezes de treinador, acumulando a função nas duas categorias. Ele assumiu na metade do campeonato e, de certa forma, conseguiu melhorar a performance do time, apesar de não evitar as derrotas. O massagista Márcio Oliveira, o popular ‘Mãozinha’, é quem quebra um galho na parte da preparação física. Com tudo isso, “fica difícil competir”, admite Indião.

Sem condições de abrigar atletas, o Marreco sofre para poder fazer um trabalho adequado na base. Tudo é modesto, muito simples, o que prejudica o próprio desenvolvimento dos jogadores, conforme assume o diretor da base, Jair Boettner. “É claro que atrapalha. Se você tem uma comissão, faz um trabalho de preparação diferenciado conforme a necessidade de cada categoria: juvenil e juniores. Hoje, infelizmente, nós não temos”, diz ele. Indião vai mais além. “São jogadores que ainda estão em desenvolvimento. Mas não possuem uma academia, uma alimentação adequada e isso prejudica o trabalho de formação. Mesmo assim, a garotada tem apresentado evolução”, diz.

 

“Situação já foi pior”

Os problemas são significativos, mas o diretor da base do Bruscão é convicto em afirmar: a situação já foi muito pior. “Pegamos o Brusque numa situação na base que não tínhamos jogador. Primeiro sentamos com diretoria para ver qual condição de trabalho para o ano em relação a alojamento, trazer jogadores de fora, como a maioria das equipes. E a gente não teve essa situação em razão até mesmo de problemas financeiros e tivemos que entender isso”, diz.
O jeito, segundo ele, foi realizar peneiras com jogadores da região para cumprir o calendário da FCF. Foram cinco avaliações no início do ano. Hoje, o plantel conta com atletas das escolinhas de Brusque e até mesmo de cidades vizinhas como São João Batista e Botuverá. Alguns atletas chegam a vir de Itajaí e Blumenau para jogar. Na maioria das vezes, os pais se sacrificam para trazerem os garotos diariamente aos treinos. Outros vêm de carona e até mesmo se sujeitam a andar um trajeto significativo a pé até o CT.
Boettner admite que as condições são difíceis para os atletas, mas ressalta que tudo que foi acordado com os jogadores foi cumprido. Os próprios pais de atletas foram orientados sobre as dificuldades do clube, segundo ele, em uma reunião no início do ano. “O Brusque não dá nada aos atletas. Isso é deixado bem claro a eles e aos pais no momento em que os jogadores fazem testes conosco”.

 

Missão cumprida’

Prestes a encerrar a participação no Estadual (ainda falta um jogo com o Avaí), Boettner não tem dúvidas em cravar. “Cumprimos nossa missão [cumprir o calendário Estadual]. Dentro do que a gente se propôs e temos condições, fizemos o possível”, relata. Ele avalia o trabalha como positivo, apesar das dificuldades. “Todos, inclusive pais e atletas, sabíamos que iriamos passar por estas situações. A gente sabia que era um campeonato difícil, no qual iriamos sofrer grandes goleadas, e sofremos, temos que reconhecer isso, mas sabíamos que no fim da competição os atletas já iriam apresentar uma certa evolução e experiência”.

Ele ressalta que ‘como com todas as dificuldades, os jogadores fizeram grandes jogos no campeonato. “Para o ano que vem, acredito que vamos colher os frutos deste ano. Temos bons valores, alguns já despertaram olheiros de outras equipes”, diz. Segundo ele, três jogadores chamaram a atenção do Joinville, outro estaria sendo observado pelo próprio Atlético de Ibirama, rival da última sexta-feira.

Durante o duelo, o coordenador geral do clube do Alto Vale, Giovani Nunes, e o técnico profissional da equipe, Silvio Criciúma, acompanharam a partida. “Isso para nós já é muito satisfatório. Todo jogo alguém está observando. Aquele jogador que se destacar, obviamente que será negociado para frente. Espero que isso ocorra com algum destes atletas do Brusque”.

Números do Bruscão no Estadual
Juvenil – 9º lugar com 10 pontos
17 jogos disputados
3V 1E 13D
8 gols marcados (pior ataque) – Média de 0,47 gols feitos por jogo
46 gols sofridos (pior defesa) – Média de 2,70 gols tomados por jogo
Saldo de – 38
Criciúma 6×0 Brusque – (Caravaggio – Nova Veneza)

Juniores – 9º lugar com 8 pontos
17 jogos disputados
2V 2E 13D
11 gols marcados (pior ataque) – Média de 0,64 gols feito por jogo
47 gols sofridos (segunda pior defesa) – Média de 2,76 gols tomados por jogo
Saldo de – 36
Maior goleada sofrida: Brusque 0x8 Joinville – (CT Rolf Erbe)

Leia mais na edição impressa do MDD desta segunda-feira, 22 de setembro.