Sem estádio que atenda requisitos, Brusque luta para ter jogo decisivo da Série D em casa
Augusto Bauer tem metade da capacidade mínima para torcedores sentados; quadricolor pretende instalar arquibancada móvel
O Brusque disputará, nas próximas semanas, duas partidas que podem dar ao clube um novo tamanho dentro do futebol catarinense e do futebol brasileiro: os jogos contra a Juazeirense (BA) pelas quartas de final da Série D estão entre os mais importantes da história do quadricolor, mas ainda não é possível afirmar que o confronto de volta, a ser disputada no domingo, 21, às 16h, seja disputado no Augusto Bauer. O estádio tem metade da capacidade mínima para torcedores sentados estipulada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para as fases finais da competição.
O artigo 24 do Regulamento Específico da Competição Campeonato Brasileiro Série D 2019 é claro: “para as partidas da quarta, quinta e sexta fases os estádios deverão ter capacidade mínima de 5 mil espectadores sentados e sistema de iluminação adequado para partidas noturnas.” A quarta fase é onde o Brusque está: nas quartas-de-final.
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Ou seja, de acordo com o regulamento, o Brusque não tem estádio no município para mandar a partida contra a Juazeirense, e deveria transferir a partida para outro estádio, algo que sequer é cogitado pela direção quadricolor. No entanto, conforme explica o presidente do clube, Danilo Rezini, o Augusto Bauer tem capacidade para 2,5 mil sentados.
As ideias, já postas em prática nesta terça-feira, 9, e sem resposta até o fechamento desta matéria, foram pedir à CBF a realização da partida normalmente. Caso contrário, já pediu para que seja permitida a instalação de uma arquibancada metálica, na tentativa de que haja capacidade suficiente.
“Já enviamos o pedido à CBF. A permissão sem a arquibancada móvel acredito que seja difícil, afinal, o regulamento está ali, a regra existe. Mas pedimos também para instalarmos uma arquibancada no estádio, já no dia seguinte à nossa classificação, com a antecedência que era possível. Estas são as opções. Não temos outros planos”, relata Rezini.
O Brusque enfrenta a Juazeirense no Adautão, em Juazeiro (BA), às 15h da próxima segunda-feira, 15, aniversário do município. O jogo de volta, previsto para ser disputado de alguma forma no Augusto Bauer, está marcado para domingo, 21 de julho, às 16h.
Caso do Treze
Em 2018, o Treze, de Campina Grande (PB), jogou a partida de volta das semifinais contra o Imperatriz (MA) no estádio Amigão, a 5 quilômetros de sua casa, o Presidente Vargas (PV), por causa desta questão do regulamento. O PV não tinha a capacidade mínima necessária.
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Nas quartas de final, o jogo com mando do Treze provavelmente também não teria acontecido em sua casa pelo mesmo motivo. Mas o clube havia sido punido porque bombas foram lançadas no PV em partida da primeira fase, contra o Itabaiana. Assim, perdeu o mando de campo e precisou levar a partida das quartas, contra o Caxias, a um estádio a pelo menos 100 km de distância do seu. O jogo foi então disputado no Almeidão, em João Pessoa.
Os últimos oito
Dos oito participantes das quartas de final, apenas a Juazeirense já conquistou o acesso. O Brusque é a equipe com mais participações na Série D: seis.
Brusque
Fundado em 1987
Participações: 6
Quartas de final: 1 (2019)
Caxias (RS)
Fundado em 1935
Participações: 3
Quartas de final: 2 (2018 e 2019)
Floresta (CE)
Fundado em 1954
Participações: 1
Quartas de final: 1 (2019)
Itabaiana (SE)
Fundado em 1938
Participações: 4
Quartas de final: 2 (2016 e 2019)
Ituano (SP)
Fundado em 1947
Participações: 5
Quartas de final: 2 (2016 e 2019)
Jacuipense (BA)
Fundado em 1965
Participações: 3
Quartas de final: 2 (2014 e 2019)
Juazeirense (BA)
Fundado em 2006
Participações: 4
Quartas de final: 2 (2017 e 2019)
Semifinais: 1 (2017)
Manaus (AM)
Fundado em 2013
Participações: 2
Quartas de final: 2 (2018 e 2019)
Adversário
A Sociedade Desportiva Juazeirense foi fundada em 12 de dezembro de 2006 pelo deputado estadual baiano Roberto Carlos. Ele é o atual presidente do clube, dissidente do Juazeiro Social Club e também ex-presidente do clube fundado em 1995.
Rebaixada da Série C em 2018 na única temporada de sua história na terceira divisão nacional, a Juazeirense luta pelo retorno. Seu único título é o da segunda divisão do Campeonato Baiano, em 2011. Na elite estadual, terminou com o terceiro lugar em quatro oportunidades.
O artilheiro do Cancão de Fogo é o veterano atacante Nino Guerreiro, de 35 anos, com três gols marcados. O estádio Adauto Moraes, o Adautão, é municipal e é onde Juazeirense e Juazeiro mandam suas partidas. No Cadastro Nacional de Estádios de Futebol (CNEF) mais recente disponível no site da CBF, de 2016, consta que há capacidade para 5.018 torcedores sentados. A capacidade oficial é para 8 mil torcedores.
Juazeiro está localizada no Norte baiano, às margens do rio São Francisco, na divisa com Pernambuco. A estimativa populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de 215 mil habitantes.
Pênaltis e mais pênaltis
A classificação à segunda fase da equipe veio após um segundo lugar no Grupo A9, que tinha Itabaiana (SE) (classificado às quartas, enfrenta o Ituano), Aparecidense (GO) e Interporto (TO). O caminho até o Brusque foi percorrido após duas disputas em cobranças de pênalti, na segunda fase e nas oitavas de final.
Na verdade, até mesmo todos os gols feitos e sofridos pela equipe nas fases de mata-mata no tempo regulamentar foram marcados de pênalti:
Segunda fase
Juazeirense 1×0 Patrocinense (MG)
Patrocinense (MG) 1×0 (4×5 pên) Juazeirense
Oitavas de final
Juazeirense 1×1 Iporá (GO)
Iporá (GO) 0x0 (3×4 pên) Juazeirense
Por mais que a campanha pareça estar sendo aos trancos e barrancos, especialmente no mata-mata, o histórico da Juazeirense depõe a seu favor. A evidência, e coincidência, é o acesso de 2017, vencendo um dos grandes favoritos nas quartas de final.
O acesso improvável de 2017
A equipe baiana já passou por aquilo que o Brusque quer passar: acesso à Série C. Em 2017, na sua terceira participação na Série D, conquistou a vaga. Como na atual edição, o Cancão de Fogo esteve sempre entre as piores campanhas dos participantes das fases eliminatórias. Passou no primeiro lugar do Grupo A7.
Foi o pior primeiro colocado. Venceu o Jacobina (BA) por 3 a 1 em casa, após empate em 2 a 2 fora. Nas oitavas de final, a Juazeirense passou pelo critério de gols fora, empatando em 3 a 3 com o também baiano Fluminense em Feira de Santana. Em Juazeiro, 0 a 0.
Nas quartas de final, a equipe enfrentou o América-RN, que tinha 25 pontos e a melhor campanha da competição, como o Brusque tem hoje. A Juazeirense tinha 15 pontos e a pior campanha entre as oito equipes, como também tem hoje. Eram três vitórias, seis empates, uma única derrota. Na primeira partida, no Adautão, vitória esmagadora por 3 a 0. Em Natal, empate em 1 a 1 levou o Cancão à Série C.
Na terceira divisão nacional, em 2018, o time não conseguiu se manter. Caiu no 9º lugar do Grupo A, à frente apenas do Salgueiro (PE). A equipe precisa eliminar o Brusque para retornar.