Sem gasolina, brusquenses mudam de hábitos e aderem à bicicleta

Modal surge como opção para quem precisa se locomover pela cidade e está sem combustível

Sem gasolina, brusquenses mudam de hábitos e aderem à bicicleta

Modal surge como opção para quem precisa se locomover pela cidade e está sem combustível

As lojas de bicicleta de Brusque estão com movimento atípico nos últimos dias. Desde o início da greve dos caminhoneiros, que causou a falta de gasolina nos postos de combustíveis da cidade, as pessoas precisaram recorrer a meios alternativos de mobilidade.

Além da necessidade de deslocar-se, em especial, de casa até o trabalho, outro atrativo para o uso da bike é a economia. Débora Martins, de 19 anos, estava na tarde da última quarta-feira, 30, comprando sua nova bicicleta. Ela conta que já pretendia começar a usar o modal e que “só faltava um empurrãozinho”.

Débora mora longe de seu local de trabalho: do Azambuja até o Bateas, são quase 20 quilômetros que ela precisa percorrer diariamente. “Forçando, dá pra ir de bicicleta, sim”, ri. Quando perguntada sobre se vai manter o hábito e trocar a moto pela bicicleta, ela diz que acredita que vai continuar usando o meio de transporte.

O proprietário da FS Cicle, Fábio Schweder, afirma que, nos últimos dez dias, a procura por bicicletas está cerca de 70% maior do que o normal. Ele percebe que muitas pessoas procuraram a loja não apenas para adquirir uma bicicleta, mas buscando os serviços de oficina.

“As pessoas estão trazendo bicicletas que estão paradas há anos, que não é só encher o pneu e voltar a andar, precisa fazer uma revisão ou algum tipo de conserto. Costumamos entregar as bicicletas em questão de 24 horas, mas, agora, estamos pedindo de quatro a cinco dias.”

A loja oferece um serviço de “leva e busca” para o conserto de bicicletas, que foi temporariamente interrompido, já que não é possível buscar nem devolver as bicicletas na casa dos consumidores. Porém, também em caráter temporário, iniciou o aluguel de bicicletas, já que muitas pessoas solicitaram para se locomoverem pela cidade nesse período sem gasolina.

Desde início das paralisações, loja recebe diariamente entre 25 e 30 bicicletas para conserto | Foto: Natália Huf

Gabriele de Oliveira Bussolo, uma das proprietárias da Bike Limeira, acredita que a busca pela bicicleta já é uma tendência nos últimos anos, mas, com a falta de combustíveis, muitas pessoas procuraram o estabelecimento para adquirir bicicletas novas e também para fazer reparos em bikes que estavam paradas e precisavam de revisão. Ela estima que seu movimento na oficina tenha aumentado em torno de 50%.

“Essa procura já mostra que as pessoas estão dispostas a deixar o carro de lado e usar a bicicleta”, diz.

A maior procura, segundo Schweder, foi de pessoas que precisam do modal para ir até o trabalho. Mas ele acredita que, com o retorno do abastecimento nos postos de combustíveis, é possível que esse hábito perdure. “Acredito que muita gente vai pegar gosto pela bicicleta e não vai abandonar só porque voltou a ter gasolina”, diz.

Gabriele concorda: “Acho que não será 100% das pessoas que continuará usando a bicicleta, mas com certeza muita gente vai manter, tanto pela economia quanto pela questão de saúde. Vão conciliar as duas coisas”.

Para Leo Imhof, proprietário da Darbike, a bicicleta é um modal que consegue suprir as necessidades das pessoas que precisam se locomover em meio à paralisação. Porém, não acredita que seja um fato isolado, afinal, a bicicleta sempre esteve presente no dia a dia do brusquense, embora a cultura do carro ainda seja predominante na cidade.

Schweder percebe que a necessidade pelo modal não era esperada pelos consumidores, que foram pegos de surpresa pela falta de combustíveis. “A maior parte das vendas que fazemos é parcelada em várias vezes”, diz. Outro detalhe é a busca por acessórios, como cadeirinhas para crianças, que não costumam sair muito nas vendas. O proprietário afirma que muitas pessoas compraram para levar os filhos para a escola.

Em mais de 50 anos de FS Cicle, o fundador Vilmar Schweder nunca viu a loja com tanto movimento nesta época do ano. “É comparável com a movimentação no período de Natal”, afirma seu filho, Fábio Schweder. Vilmar conta que, só na última terça-feira, 29, a loja recebeu 32 bicicletas para que fossem realizados reparos. Diariamente, desde o início da greve, são cerca de 25 a 30 bicicletas levadas até a FS Cicle para conserto.

Devido à alta demanda por reparos, oficina da FS Cicle está pedindo entre quatro e cinco dias para entregar bicicletas | Foto: Natália Huf
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