Sem regularização, moradores vivem em condições precárias em loteamento no Limeira
Cerca de 30 famílias vivem no local e buscam regularizar a situação para poder ter acesso aos serviços públicos
Cerca de 30 famílias vivem no local e buscam regularizar a situação para poder ter acesso aos serviços públicos
Moradores da transversal da rua Fernando Dallago, no bairro Limeira Alta, cobram a regularização do local. Cerca de 30 famílias vivem em casas construídas em um lote que estava destinado para a instalação de uma empresa na cidade.
As moradias são consideradas irregulares, já que aquela área, de aproximadamente 5 mil metros quadrados, foi doada a um empresário para a instalação de uma indústria no local. O empreendimento nunca foi feito e o município conseguiu a reversão do imóvel. Porém, por falta de fiscalização, as famílias passaram a morar dentro desse lote e cobram a regularização da área para que possam ser atendidos com infraestrutura pelo poder público.
“Antes da eleição foi prometido fazer a regularização para nós poder ter saneamento básico e viver igual a qualquer cidadão, mas nada foi feito. E vivemos desta forma com nossas famílias. Não foi nós que invadimos esse local, compramos de terceiros, pagamos e estamos abandonados, como se quem vive aqui não fosse ser humano”, diz um morador do local que preferiu não se identificar.
De acordo com ele, toda vez que chove, a rua fica cheia de água, porque não há drenagem. Os moradores se preocupam com o risco de proliferação do mosquito Aedes aegypti por conta da grande quantidade de água parada.
Além disso, o morador conta que não há ligação de água do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) e as próprias famílias tiveram que fazer a infraestrutura para ter água encanada do poço.
“Os próprios moradores cavaram poço e colocaram os canos, mas é tudo água com ferrugem. Já fomos no Samae, mas dizem que não podem fazer nada”, afirma.
O morador também relata situação precária em relação a energia elétrica. “Os primeiros moradores, aqueles que invadiram e depois venderam as casas, colocaram luz, mas são quatro caixas de luz dividindo para as 30 casas”.
“Nos foi prometido regularizar a nossa situação. Moradores mais antigos aqui já tentaram de tudo, mas nunca nada foi feito. Queremos regularizar para poder ter água, esgoto, ter energia para cada casa. Eu comprei aqui e paguei com a promessa de que seria regularizado, mas até agora nada”, completa o morador.
A diretora-geral da Procuradoria, Sonia Knihs Crespi, explica que a prefeitura não pode estender os serviços públicos como água, drenagem e iluminação pública para os lotes da área industrial, já que eles estão irregulares e não seguem os critérios de viabilidade de loteamentos.
O secretário de Desenvolvimento Social da Prefeitura de Brusque, Darlan Sapelli, explica que a pasta está fazendo um levantamento das famílias que moram no local para analisar a situação e tentar chegar em uma solução.
“Pensamos em fazer o desmembramento dos terrenos, mas as casas são muito próximas. Tem a questão do ribeirão também, é preciso do recuo e aí já dificulta o desmembramento”.
De acordo com ele, a secretaria trabalha no planejamento de novos conjuntos habitacionais na cidade e as famílias que vivem nos lotes da área industrial poderiam entrar no cadastro habitacional para fazerem parte desses conjuntos.
“Temos uma fila de espera de mais de três mil pessoas. Temos o projeto de construir novos conjuntos habitacionais, mas dependemos de recursos do governo federal, de uma parceria, porque não temos como fazer com recursos próprios”.
Ainda segundo ele, a prefeitura está negociando com a Caixa Econômica Federal para que os 50 apartamentos que estão desocupados nos dois residenciais pertencentes ao programa Minha Casa, Minha Vida, em Brusque, sejam repassados para novos proprietários, minimizando a fila de espera por habitação social na cidade.
“Acredito que a maioria dos moradores do loteamento irregular se enquadram nos critérios dos programas habitacionais e estamos cientes do caso deles. Muitos deles, inclusive, já são atendidos pela nossa secretaria com doações, principalmente no período de enchentes, já que eles sofrem bastante com este problema”.
A diretora-geral da Procuradoria destaca que há uma ação judicial em tramitação sobre a área. A prefeitura ganhou na Justiça a reversão do lote, que havia sido doado para a empresa, já que ela descumpriu os termos do acordo. Com isso, a área consta como propriedade da prefeitura.
A empresa, entretanto, cobra uma indenização do município por alegar que, na época, foi construído um galpão no terreno. Ainda não há uma decisão sobre o caso.