Semana trágica
A queda do avião com a equipe da Chapecoense não foi a única grande tragédia da semana passada. Vimos também os poderes da República se aproveitarem da comoção nacional para, com os holofotes desviados, aprovarem incontestáveis iniquidades.
O Congresso Nacional desfigurou o projeto de lei contra a corrupção para incluir nele o cerceamento ao ministério público e ao judiciário. Mas o pior aconteceu no STF, na mesma terça-feira fatídica, quando a notícia da queda do avião nos deixava atônitos. Julgando um habeas corpus de médicos de uma clínica de aborto no Rio de Janeiro, os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Rosa Weber decidiram que o aborto, até o terceiro mês de gravidez, não é crime, abrindo as portas para a legalização completa do mais hediondo homicídio, porque cometido contra a vítima mais indefesa.
Feministas e fanfarrões estão comemorando, como se isso fosse um “marco civilizatório”, em nome da liberdade e da autonomia da mulher. E ainda se ressentem de que, num Estado laico, os religiosos se posicionem de modo veemente contra tal aberração. A esses mentecaptos digo duas coisas.
Em primeiro lugar, que me apresentem um argumento, com margem de erro zero, que conclua que um feto, até o terceiro mês, não é um ser humano, e, portanto, não é protegido pela Constituição Federal e, acima dela, pela Lei Natural. Não pode haver margem de erro, pois não se pode condenar ninguém, muito menos à morte, em caso de dúvida. Aliás, a pena de morte foi abolida no Brasil pelo fato de que, apesar da ampla defesa dada aos réus nos julgamentos, é sempre possível acabar condenando um inocente. Mas os defensores do aborto e os ministros do STF pensam que podem brincar de deuses, condenando milhares de inocentes a um homicídio consentido pela lei. Em segundo lugar, nós, os cristãos, estamos dando aos inocentes em vias de assassinato, o direito à voz e à defesa que estupradores ou homicidas têm em qualquer tribunal. E não será a opinião deturpada dos adeptos dessa nefasta revolução cultural, que desagrega nossa civilização, que nos fará ficar calados.
Hillary Clinton, a Marta Suplicy americana e queridinha do mundo, luta com veemência para que o aborto seja aprovado em toda parte, praticamente até a hora do parto. Em alguns países, mesmo opinar contra o aborto já se tornou crime, e nós estamos entrando nessa onda como se estivéssemos ficando civilizados. Pelos argumentos do ministro Barroso, poderíamos resolver o problema carcerário no Brasil matando os criminosos, já que o aborto, para ele, é solução para problemas de saúde pública. Se os direitos humanos são usufruídos por criminosos de alta periculosidade, por que não por bebês inocentes e indefesos?
A decisão do STF é muito, mas muito pior que a tragédia da Chapecoense. Com a queda do avião, morreram 71 pessoas. Com a infame liberação do aborto, teremos uma carnificina de milhares de inocentes, que pagarão por uma sociedade podre, decadente e irresponsável, que erotiza suas crianças e faz do sexo uma diversão inconsequente. A mãe desesperada, o namoradinho irresponsável e imaturo, os avós hipócritas e os médicos oportunistas apontam para o único “culpado”: o bebê concebido, que pagará por todos. Agora, com as bênçãos do STF e a garantia de impunidade aos infanticidas. A semana passada certamente foi uma das mais trágicas da nossa história.