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[1950] Ser mãe era dormir “em prestação”

Dona Lysette dos Santos fazia questão de ter sua casa e seus filhos sempre impecáveis

Lysette dos Santos teve seu primeiro filho aos 20 anos, em 1949, quase na virada da década. Para ela, ser mãe e assumir uma casa foram trabalhos árduos e de muita dedicação. Mas ela, que foi ensinada desde cedo a cuidar de uma casa, já estava mais do que preparada para assumir essa função.

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“Eu geralmente tinha dois bebês em casa”, conta. Só na década de 1950, Dona Lysette teve cinco filhos. Os primeiros nasceram assim, quase em sequência, com poucos anos de diferença. Já o caçula, Alexandre, veio bem mais tarde, já nos anos 1970. “Não foi fácil criar todos eles, mas acho que me saí bem”, ri.

“Naquela época, tudo isso de ter filhos era um tabu. A gente entrava na vida de casada sem saber nada sobre sexualidade”, conta. Mas, em compensação, nada era novidade na rotina dos trabalhos de casa, com os quais Lysette já estava acostumada.

O pai de Lysette era bastante rígido e não permitia que ela e as irmãs trabalhassem fora: era preciso ajudar a mãe nas tarefas domésticas e aprender como cuidar de uma casa e de uma família. “Ele dizia que, se a gente não aprendesse, não saberia comandar nossa própria casa. E ele tinha razão”, diz.

Dona Lysette dos Santos fazia questão de ter sua casa e seus filhos sempre impecáveis. | Foto: Natália Huf

A rotina de Dona Lysette era puxada. Todos os dias, acordava às quatro da manhã para assar o pão para o desjejum. Enquanto esperava, começava a passar e engomar a roupa. “Naquela época, tudo se fazia em casa. A gente dormia em prestação, acordando a cada pouco com os filhos pequenos e levantando ainda de madrugada.” O dia começava cedo e terminava só por volta das dez da noite, quando finalmente podia descansar… até que algum dos filhos chorasse, precisando da mãe.

E Dona Lysette fazia tudo sozinha. Empregada ou ajudante em casa, só quando estava prestes a dar à luz ou logo depois do parto. “Eu exigia muito de mim, da minha casa, dos meus filhos. O pessoal dizia das mulheres de família grande: ‘Ah, tem um monte de filho, mas a casa é uma bagunça…’. Eu não deixava isso acontecer. Tudo tinha que estar sempre impecável.”

Hoje, aos 89 anos, Dona Lysette tem uma família grande: 10 filhos, 23 netos e 17 bisnetos – com mais dois a caminho. Ela acredita que, atualmente, as mães têm mais dificuldades para criar seus filhos. “Antes, as crianças obedeciam, a gente era enérgica e eles escutavam. Parece que hoje tudo mudou. Mas as mães de hoje são heroínas, conciliando o trabalho e a vida em casa, eu vejo pelas minhas filhas. São muito mais heroínas do que eu fui.”


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