Servidor mais antigo de Guabiruba em atividade, Roque Dirschnabel completa quatro décadas de serviços públicos
Advogado exerce função de assessor legislativo e atua na parte jurídica
A amizade com o ex-prefeito João Baron, “companheiro de carona” até Florianópolis, resultou no convite feito a Roque Luiz Dirschnabel para assumir um cargo na Prefeitura e na Câmara de Vereadores de Guabiruba, há 40 anos. Roque é o funcionário público mais antigo ainda em atividade no município.
“Eu continuo no serviço público pelo prazer de acompanhar o crescimento socioeconômico da cidade. Isso é um privilégio. Eu tive esse privilégio desde a década de 1980. As minhas atribuições eram dar pareceres. Todos os projetos de lei passaram pelas minhas mãos”, valoriza Roque.
No começo da década de 1980, Roque estudava direito na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Para se deslocar até a instituição, ele pegava carona com Baron, que ia à capital para os compromissos como prefeito, e os dois cultivaram uma amizade.
“Nós combinávamos um horário que desse para irmos e voltarmos juntos. Diante dessa relação, eu já comecei a participar de algumas orientações e pareceres jurídicos para a prefeitura, que na época não tinha ninguém para exercer essa função”, conta.
Por indicação de Baron, Roque assumiu a assessoria jurídica da Prefeitura e da Câmara em 1983, e conciliou as duas funções por 13 anos, até deixar o Executivo e seguir atuando somente no Legislativo.
“Sempre trabalhei com profissionalismo, tanto é que fui assessor de prefeitos da situação e da oposição. Acho importante manter o equilíbrio e atuar como profissional, independentemente de partido”, comenta.
Atualmente, a nomenclatura do cargo exercido por Roque é “assessor legislativo”. Ele comenta que se sente bem em trabalhar no serviço público, pois sempre atuou em uma função que envolve a área em que se formou.
Na sessão da Câmara do dia 7 de junho, Roque foi homenageado em reconhecimento aos 40 anos de atuação no Legislativo guabirubense. Ele recebeu uma placa das mãos do vereador Cristiano Kormann (PP).
Guardado na memória
Em 40 anos, Roque tem muitas histórias guardadas na memória. No início, quando dividiu o trabalho entre a Prefeitura e a Câmara, ele relata que elaborava os projetos de lei do Executivo e precisava justificá-los no Legislativo, tendo que conciliar as duas funções.
Uma das histórias que Roque se recorda aconteceu quando um engenheiro foi à Câmara prestar esclarecimentos sobre um projeto de lei, ainda nas primeiras legislaturas. O objetivo era que os vereadores questionassem o engenheiro sobre dúvidas relacionadas ao projeto.
Roque conta que, em determinado momento, foi o engenheiro que passou a questionar os vereadores. Ele fazia perguntas sobre cálculos matemáticos aos parlamentares, até que um deles se irritou e esbravejou no plenário.
“Um vereador disse, com sotaque alemão: ‘tu viesse aqui para responder o que nós estamos perguntando ou você está nos questionando?’. Após isso, o vereador levantou a mesa, como se fosse virá-la. O engenheiro pegou os livros, a papelada e saiu correndo”, relembra, aos risos.
Em 40 anos de atuação, Roque presenciou diversas mudanças, tanto em relação ao desenvolvimento econômico e social de Guabiruba, quanto ao próprio trabalho. O avanço das tecnologias foi um dos fatores notados pelo servidor.
“Eu tive a satisfação de coordenar a Câmara Municipal Constituinte, que elaborou a primeira lei orgânica do município, aprovada no dia 5 de abril de 1990. Foi um trabalho muito importante. Guabiruba passou a se tornar mais independente”, diz.
Trajetória familiar
O envolvimento no poder público já vem de sangue. O avô de Roque, Henrique Dirschnabel, foi o primeiro prefeito de Guabiruba, entre 1962 e 1963. Além disso, o pai Envino Dirschnabel foi o vereador mais votado da primeira legislatura. Ele, porém, afirma que nunca teve interesse em concorrer a cargos políticos.
Antigamente, era tradição o vereador mais votado ser o presidente da Câmara. No entanto, por causa de compromissos, Envino se recusou a assumir o cargo, passou a presidência do Legislativo para outro colega e ficou como vice-presidente.
“Nas primeiras legislaturas, não havia remuneração, pois o entendimento era de que os vereadores prestavam serviço de relevante interesse público. O meu pai, por um acordo de cavalheiros, assumiu a presidência, mas deixou o cargo logo em seguida”.
O nome de Envino, entretanto, aparece na lista de presidentes da Câmara. Ao lado do nome e da data está escrito “abdicante”. Quem assumiu o cargo no lugar do pai de Roque foi o vereador Osmar Seubert.
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