Maurício Vieira/Governo de Santa Catarina

Neste mês, a área da saúde promove a campanha Setembro Verde, que chama a atenção para conscientização e importância da doação de órgãos. Um ato que pode salvar vidas, é uma chance única de recomeço para muitos que aguardam na fila de espera.

Segundo o Ministério da Saúde, 27 de setembro é o dia nacional da doação de órgãos, que além da doação, visa, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas conversem com os familiares e amigos sobre o assunto.

Os dados da Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Central Estadual de Transplantes de Santa Catarina, informam que de janeiro a junho deste ano, 119 doações de órgãos foram efetivadas. Destas, três foram feitas no Hospital Azambuja, em Brusque. Em contrapartida, até junho, 1.179 pessoas aguardavam na fila de espera para transplantes no Estado.

De acordo com a médica intensivista e gestora da Tag Klinik em Brusque, Priscilla Reeck, é de vital importância que as pessoas comuniquem em vida o desejo de doar os seus órgãos para seus familiares.

“O ato de doar órgãos pode salvar vidas que aguardam em filas de transplante. No momento que a equipe de doação de órgãos está diante de um potencial doador, é fundamental o consentimento da família. Muitas vezes os familiares não sabem da intenção do doador que acaba de falecer, e assim negam essa possibilidade”, comenta a médica.

Algum registro pode ser feito para ser doador de órgãos?

Segundo Priscila, o importante é esclarecer para os familiares o desejo de ser doador, já que, no país, o transplante deve ser realizado somente mediante autorização da família.

Não há legislação para garantir a vontade do doador, mesmo que a pessoa tenha o desejo de doar após a morte. “Porém, se a família sabe do desejo, em grande parte autoriza a doação dos órgãos”, ressalta a médica.

O que é a morte cerebral e qual a relação com a doação de órgãos?

A médica explica que a morte cerebral, também conhecida como morte encefálica, consiste na perda completa e irreversível das funções cerebrais. De acordo com a legislação, a doação pode ser feita somente quando a morte cerebral é confirmada.

Ela detalha ainda que a morte cerebral não deve ser confundida com estado de coma, que muitas vezes é reversível.

“Já no caso de constatada a morte cerebral, que é feita por meio de exames, o paciente não tem mais chance de vida”, informa.

O corpo do doador pode ficar deformado com a retirada dos órgãos?

Segundo Priscilla, a doação não causa deformidades nos corpos e é feita por meio de uma cirurgia. Após a retirada, o ente querido pode ser velado normalmente.

Um doador pode beneficiar quantas pessoas que aguardam por um transplante?

Ela informa que o doador de morte encefálica pode ajudar até dez pessoas que estão na fila de espera para um transplante. Existe a possibilidade de doar o coração, fígado, rins, pâncreas, pele e pulmões. Também podem ser doados os tecidos que consistem nas córneas, ossos e até mesmo a medula óssea.

É possível doar órgãos estando vivo?

A médica explica que o procedimento é possível, desde que não seja prejudicial à saúde. “Nestes casos, se a pessoa concordar com a doação, ela pode doar parte da medula óssea, um dos rins e partes do fígado ou pulmão”, informa.

Para realizar a doação, é necessário passar por uma avaliação médica e que o sangue do receptor seja compatível. “Familiares podem doar para parentes de até quarto grau. Já para pessoas sem parentesco, é preciso ter autorização judicial”, ressalta.

Existem riscos na doação de órgãos durante a vida? Como funciona em cada caso?

Além dos riscos normais de uma cirurgia com anestesia geral, os riscos dependem do órgão que for doado. No caso da retirada de parte do fígado, o órgão possui grande capacidade de regeneração. Isso possibilita até mesmo a retomada do tamanho original após a doação.

Priscilla informa que no transplante do rim de uma pessoa saudável, a função renal pode ser feita de forma adequada sem prejudicar a saúde do doador.

Já o transplante de uma pequena parte do pulmão costuma ser feito de um doador adulto para uma criança. Nestes casos, o doador pode viver normalmente, sem sobrecarregar o órgão.

A retirada da medula óssea pode ser feita com dois procedimentos, e um deles envolve anestesia geral. “Após o transplante, a medula se regenera em algumas semanas, e os riscos do procedimento são pequenos”, pontua.


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