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Setor calçadista busca inovações na China

Empresários, representantes de sindicatos e secretário de Desenvolvimento Regional passaram 15 dias no exterior

Em meio à crise econômica que se instalou no país durante o ano em decorrência da Copa do Mundo e das eleições – segundo empresários, comerciantes e especialistas -, o setor calçadista também sentiu a queda nas vendas e na produção. Para reverter o quadro, empresários, representantes do Sindicato dos Calçadistas de São João Batista (Sincasjb) e o secretário de estado de Desenvolvimento Regional de Brusque, Jones Bosio, visitaram empresas da China em busca de inovações.

De 2013 a 2014, a indústria calçadista da região registrou queda de 20% nas vendas e na produção, de acordo com Bosio. Na viagem ao país, que é uma das principais potências do setor, o grupo visitou sete regiões. Em uma delas, cerca de 300 mil empresas dedicam-se ao ramo.

“Lá, a matéria-prima é muito barata. Compensa ao empresário daqui importar o produto da China e produzir aqui. O produto final não compensa comprar, porque o preço é semelhante ao daqui e, às vezes, até mais caro. A China percebeu que o produto dela estava sendo vendido barato e equiparou o preço ao mercado mundial”, explica o secretário.

O maior foco do grupo na viagem, segundo Bosio, foram os materiais destinados à produção dos calçados femininos. Itens como couro, tecidos e outras peças de decoração chamaram a atenção dos empresários. Alguns deles, inclusive, fecharam negócio com empresas para importar os produtos.

Dos 13 participantes da viagem, 10 eram empresários de São João Batista – além do secretário de Desenvolvimento Regional e de dois empresários de Brusque. Segundo o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Calçados de São João Batista (Sincasjb) e um dos empresários do município, Rosenildo Amorim, 80% da população batistense depende da indústria calçadista. Por isto, é importante realizar inovações urgentes no setor.

“Nós vemos que tem como alavancar e realizar negócios através da China. Foi a primeira missão e negociações internacionais demandam tempo. Mas, sobretudo, com a viagem, os empresários observaram o que é empregado em outros países e o que podem desenvolver para melhorar o seu próprio produto”, afirma.

Para Amorim, a principal queda na produção e na venda de calçados ocorreu no primeiro semestre deste ano, no entanto, o segundo semestre também deixou a desejar: as festas de fim de ano ainda não impulsionaram a comercialização. Ainda assim, o diretor-executivo está otimista para o próximo ano. Ele afirma que as ideias e os produtos adquiridos e visualizados na viagem à China devem auxiliar os empresários na busca de novas alternativas. O objetivo é deixar para trás os maus resultados obtidos em 2014.

Mão de obra robótica

A área de robótica na confecção de calçados também foi explorada ao longo da viagem. Em uma das empresas, o secretário de Desenvolvimento Regional conta que o grupo encontrou um robô que substitui 37 funcionários e produz em média 200 sapatos por hora. Segundo Bosio, o equipamento custa cerca de R$ 2,5 milhões.

“A máquina faz só um tipo de calçado. Mas o proprietário, que é israelense, nos disse que constrói o robô de acordo com o pedido de cada empresário. Ou seja, pra qualquer tipo de sapato que ele quiser fazer. A máquina faz tudo, cola, lixa. É realmente completa. Essa parte robótica é interessante, porque não está tirando o emprego de ninguém, está apenas substituindo a falta da mão de obra”.

Para o secretário, mesmo com as 150 empresas da cidade, São João Batista sofre com a falta de mão de obra. Com isto, a linha robótica supriria a carência. Segundo ele, a explicação para falta de trabalhadores está vinculada à independência dos brasileiros que, cada vez mais, buscam abrir negócios próprios e se negam a trabalhar em uma fábrica.

“As pessoas querem ser autônomas. Por isso a grande dificuldade hoje dos calçadistas é a mão de obra. O pessoal de São João Batista, muitas vezes tem de levar o material para Criciúma, Joinville, Mafra, Jaraguá e outras cidades, porque não tem mão de obra aqui”, afirma.

Quanto a alavancar as vendas e a produção do setor em São João Batista e na região nos próximos meses, Jones é enfático: não há como detectar o problema das empresas em apenas 15 dias. No entanto, os empresários retornaram com a mente “mais aberta e disposta” para explorar alternativas diferenciadas de confecção e comércio.

“Em uma viagem rápida não se consegue fazer um raio X para saber onde está o problema da sua empresa. E não é na primeira visita que você vai conseguir resolver o problema econômico dela. Mas foi muito proveitosa a viagem, o grupo voltou com uma série de possiblidades de explorar o mercado. Essa visita pode não alavancar economicamente, mas é um ponto muito positivo para todos os empresários, que vão começar a buscar mudanças e vão fazer com que o produto deles possa competir com qualquer produto do mundo”, assegura.

150
empresas atuam no ramo calçadista em São João Batista
8 mil
pessoas, em média, trabalham no setor
80%
da população depende da comercialização e produção de calçados
26 mil
pessoas residem no município, segundo dados do IBGE de 2010