Setor calçadista tem recuperação e projeta crescimento para 2020
De acordo com Abicalçados, município produz em torno de 11,4 milhões de pares por ano
De acordo com Abicalçados, município produz em torno de 11,4 milhões de pares por ano
Principal polo calçadista do estado, São João Batista tem como base de sua economia a fabricação de calçados e componentes.
De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), o município tem 207 empresas calçadistas ativas. O número representa 66,6% do total de empresas de Santa Catarina, e 3% do total brasileiro.
A produção batistense gira em torno de 11,4 milhões de pares, representando 77% da produção catarinense e 1,2% do total nacional. As mais de 200 empresas presentes na cidade empregavam até o mês de julho, 5.397 pessoas. Ao longo do ano, foram criados em torno de 300 novos postos de trabalho em todo o setor.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de São João Batista (Sincasjb), Almir Manoel Atanázio dos Santos, afirma que após passar por momentos difíceis nos últimos anos, o setor calçadista tem mostrado uma leve recuperação. A expectativa é que para o próximo ano o setor volte a crescer e trazer bons resultados à economia batistense.
“Tivemos uma pequena melhora em 2019, mas a expectativa boa mesmo é para 2020. Com o avanço da Reforma da Previdência, acredito que o próximo ano será muito melhor para o nosso setor”, diz.
Santos lembra que o setor calçadista, de componentes e também o de embalagens, representam, juntos, em torno de 99% da economia batistense, por isso, a recuperação deste segmento é tão importante para o desenvolvimento da cidade.
“Sem dúvida é a maior força de São João Batista. A cidade tem se consolidado cada vez mais como um polo de moda feminina e para se manter no mercado de modo geral, as indústrias precisaram se reinventar, se adequar com um preço competitivo. Temos a previsão de crescimento do PIB para 2020 e o setor este ano já apresentou um crescimento na contratação de mão de obra. Estamos melhorando”, diz.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados de São João Batista (Sintrical), Everton Quirino, afirma que o segundo semestre iniciou com perspectiva de melhora do setor.
“Enfrentamos uma forte crise. O primeiro semestre foi muito ruim, mas o segundo semestre tivemos um sinal de melhora. A expectativa é que se mantenha assim para o próximo ano”.
Ele destaca que as indústrias do município voltaram a contratar e estão produzindo em sua capacidade real. “Esperamos que não seja uma febre, mas que se mantenha para o próximo ano. Precisamos iniciar 2020 bem. Tudo gira em torno do calçado, se as indústrias estão bem, os demais setores ficam bem também”.
O presidente do Sintrical lembra ainda a fortificação das empresas de componentes de calçados que após o benefício fiscal concedido pelo governo do estado, se tornaram mais competitivas no país. “Hoje conseguimos que o nosso componente seja mais barato e competitivo do que nas outras regiões do país. Isso contribui muito para o desenvolvimento do setor”.
Segundo dados da Abicalçados, até agosto, São João Batista exportou em torno de US$ 10,15 milhões. O número, de acordo com a entidade, representa 85% do gerado por Santa Catarina e 1,5% do total exportado pelo Brasil.
Os principais destinos dos calçados batistenses são Argentina (25,7% de representação no total), Equador (19,4%) e Bolívia (10,6%). Os Estados Unidos, que são o principal destino de exportação brasileiro, aparece somente na 10ª posição do mercado batistense, com 2,7%.
Indústrias batistenses participam com frequência de feiras e eventos a nível nacional com o objetivo de abrir as portas do mercado internacional para a produção de São João Batista.
O presidente do Sincasjb destaca que a entidade incentiva a participação das empresas nesses eventos. O próprio sindicato promove a Semana da Indústria Calçadista Catarinense (Seincc) e a SC Trade Show, eventos que movimentam o setor e impulsionam novas oportunidades de mercado.
Neste ano, a SC Trade Show acontece de 5 a 7 de novembro, em Balneário Camboriú, com mais de 600 varejistas de todo o Brasil e mais 20 importadores. “Automaticamente, com isso, vai fortalecendo e fazendo com que nosso polo possa voltar a crescer e gerar empregos”.
De acordo com a Abicalçados, Santa Catarina tem 311 empresas ativas do setor calçadista, que produzem uma média de 14,7 milhões de pares, ou seja, 1,55% do total brasileiro. Até julho, o setor contava com 6.934 postos de trabalho em todo o estado.
Até agosto, o estado exportou US$ 12,17 milhões, uma queda de 2% em receita na comparação com o mesmo período do ano passado. As exportações catarinenses representam cerca de 2% do total brasileiro.
Em todo o país são 6,6 mil empresas ativas no setor calçadista. Em 2018, a produção de calçados no Brasil foi de 944 milhões de pares, com faturamento de R$ 21,4 bilhões. De acordo com a Abicalçados, 85% da produção é para o mercado interno.
Até agosto, o país exportou 76,66 milhões de pares por US$ 644 milhões, uma alta de 8,2% em volume e de 2,5% em receita no comparativo com o mesmo período de 2018.
Os principais destinos do calçado brasileiro são os Estados Unidos. Até agosto, foram 8 milhões de pares por US$ 135,8 milhões. De acordo com a Abicalçados, esse movimento é esperado e deve continuar ocorrendo até o final do ano, especialmente em função da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que tem encarecido o produto asiático com tarifas extras de importação.
A Argentina é o segundo maior comprador de calçado brasileiro, com 5,76 milhões de pares por US$ 65,73 milhões, uma queda de 36,5%, devido, principalmente, à crise no país, que se agravou com o pedido de moratória e o represamento das importações.
A França é o terceiro principal mercado externo do calçado brasileiro. Até agosto foram 4,93 milhões de pares exportados por US$ 39,5 milhões.