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Silêncio!

O ser humano contemporâneo já se habituou ao nervosismo, à agitação e à dispersão geral. Tem dificuldade de se concentrar, de parar para refletir, para acalmar-se, fazer silêncio exterior e interior. Dá impressão que vive de retalhos de vida. De momentos. Carece daquela postura interior que lhe dê o controle, auto-condução da vida, harmonia interior […]

O ser humano contemporâneo já se habituou ao nervosismo, à agitação e à dispersão geral. Tem dificuldade de se concentrar, de parar para refletir, para acalmar-se, fazer silêncio exterior e interior. Dá impressão que vive de retalhos de vida. De momentos. Carece daquela postura interior que lhe dê o controle, auto-condução da vida, harmonia interior e exterior consigo mesmo, com os outros, com a realidade que o cerca e com Deus. Esse ajustamento, harmonia, controle interiores são perseguidos, em momentos de verdadeiro “silêncio interior”. Silêncio que faz sua ligação com todas as dimensões da vida humana, proporcionando-lhe unidade e totalidade personalizantes.

A dispersão e distração interiores são problemas que atormentam o ser humano contemporâneo. Mas, sobretudo, o cristão e a cristã que querem internar-se na intimidade com Deus. Para aquele (a), portanto, que quer rezar, orar. Se a oração é um encontro de duas pessoas, e o encontro é a convergência de duas interioridades, a oração, então, só acontece na troca dessas interioridades. E o ambiente, por excelência, é o silêncio. Pois, a própria Palavra de Deus nos diz: “Deus não está no barulho” (2Rs 19,11). Ou, em outras palavras, é impossível encontrar Deus, no barulho. Esse barulho pode ser externo, como interior. Daí, a necessidade do silêncio exterior e interior.

Não é fácil fazer acontecer esse silêncio. Mas, com algum treino (como tudo depende de treino; na vida de fé, não é diferente), é possível. Trata-se de um autêntico “vazio interior”, com o consequente domínio da pessoa, em sua totalidade. Desta forma, a pessoa é o sujeito não objeto. Assim, também Deus é encontrado, como sujeito, e não como objeto de minha oração. É um encontro de pessoas que se querem bem, mais que isso, se amam. Oração é diálogo interpessoal que enriquece o ser humano. Evidente que esse encontro interpessoal é difícil, senão impossível, no barulho interior. Pois, esse barulho impede o silêncio.

Vamos rezar, orar e nossa mente é um verdadeiro festival de preocupações, ocupações, frustrações, ansiedades, lembranças, planos… Não é fácil, nesse tumulto fazer silêncio interior. Por isso, o ser humano tem que aprender a pôr ordem no sua interioridade. Educar sua atividade mental. Treinar a acalmar sua mente, de maneira que se estabeleça um autêntico diálogo franco, amigo, filial, livre e consciente com Deus. Diálogo de duas pessoas que estão próximas, que trocam confidências, que se amam e por isso misturam sua vida. Só reza, de verdade, quem confia, quem dialoga, quem ama. Sem confiança, sem diálogo, sem amor não há verdadeira troca de vida entre amantes, por isso também não existe possibilidade de uma autêntica oração que personalize e enriqueça o ser humano.

Portanto, oração e silêncio são um binômio que todo cristão (ã) tem que promover, com sabedoria e assiduidade, para melhorar a qualidade de sua fé e consequente vida de seguidor (a) do Mestre Jesus. Sem o cultivo deste binômio, não há possibilidade de viver o discipulado do Cristo.