Simpósio de Dislexia ajuda a desmistificar disfunção cerebral

Mais de 1,1 mil pessoas foram ao evento que reuniu especialistas no transtorno

Simpósio de Dislexia ajuda a desmistificar disfunção cerebral

Mais de 1,1 mil pessoas foram ao evento que reuniu especialistas no transtorno

Em 1887, o oftalmologista alemão Rudolf Berlin usou pela primeira vez o termo dislexia. Apesar de ter sido diagnosticada há mais de cem anos, o transtorno ainda é um mistério para muitas pessoas. Para desmistificar esta disfunção do funcionamento cerebral ocorreu no sábado o Simpósio de Dislexia: é preciso aprender. O evento reuniu mais de 1,1 mil pessoas no Centro Evangélico de Brusque.

A dislexia afeta o funcionamento do cérebro. Por exemplo, uma criança disléxica pode não conseguir concentrar-se em uma atividade se houver outro barulho por perto, ou pode ter dificuldades na leitura e escrita. Ela escreve, mas faltam letras, e não percebe; também não associa letras e sons. Estes são os sintomas mais clássicos do transtornos.

Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), até 17% da população mundial sofre com algum nível do distúrbio, que só pode ser diagnosticado definitivamente dois anos após a alfabetização ou aos nove anos – o que vier primeiro.

Parte destas pessoas é acometida por dificuldades no entendimento do que escuta. Este é o campo de atuação e foi o tema da palestra da fonoaudióloga Giselle Kubrusly Sypczuk. Ela explica que uma criança que sofre dislexia, por vezes, escuta a pessoa, mas seu cérebro não processa toda a informação. Por isso ela não consegue entender tudo o que lhe é dito.

“A dislexia atinge a leitura e a escrita, mas também a comunicação. Tem crianças que têm dificuldade até de brincar, porque não consegue entender as instruções dadas rapidamente pelo colega para a brincadeira”, diz Giselle. O diagnóstico deste sintoma da dislexia é feito por meio de um exame, em uma cabine igual à do teste de audiometria. O objetivo no caso não é testar o volume, mas dar tarefas para a criança fazer com um som de fundo, estimulando o foco. “O resultado da terapia pode ser percebido em poucos meses”, afirma a fonoaudióloga.

O professor e psicólogo Marcos Meier tratou do ambiente de aprendizado em sua palestra. Ele defende que o ensino seja mais inclusivo para crianças com algum tipo de disfunção. Meier afirma que o modelo antigo na base da “decoreba” não atende às necessidades de disléxicos. “Se uma criança com dislexia escreve errado uma palavra, troca uma letra, e daí? Se ela colocou bem a sua ideia é o importante. É isso que tem que ser avaliado”, afirma. Ele acrescenta que não adianta incluir tecnologia em sala se o professor não se atualiza. “Ela vai fazer o mesmo com o tablet. Não adianta nada”.

Daiani Albino Veloso, professora de educação infantil, saiu de São João Batista para assistir ao palestrante Marcos Meier. “Foram palestras muito interessantes que afetam diretamente na minha atuação”, comenta. Ela diz que as informações que recebeu são importantes para saber lidar melhor com os alunos.

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