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Sintricomb aponta que há mais de 300 obras em construção em Brusque

Empresas avaliam que mercado da construção civil está em recuperação

Levantamento realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sintricomb) indica que, em janeiro, Brusque contabilizou 335 obras em andamento, entre casas, galpões, garagens, muros, prédios, prédios públicos, salas comerciais e construções geminadas.

Segundo o presidente do sindicato, Izaias Otaviano, o número de construções se deve à vários fatores, como a recuperação do mercado, os juros baixando e a desburocratização do zoneamento do município.

Otaviano explica que há também o caso das casas geminadas – de acordo com os dados do sindicato, há 79 construções desse tipo em andamento -, que, embora estejam todas em um único terreno, é levado em consideração o número de casas. “Pode ser um terreno só, mas às vezes tem cinco casas, e consideramos isso”, diz.

Esse levantamento já foi feito em 2015, quando contabilizou 153 obras em andamento, e em maio de 2016, com 122. Porém, a forma como é feito o mapeamento das construções mudou e, agora, o sindicato conseguiu cobrir todas as ruas de Brusque e “fazer uma contagem mais correta do número de obras”, informa Otaviano.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção e do Mobiliário de Brusque (Sinduscon), Fernando de Oliveira, afirma que, embora a construção civil esteja dando sinais otimistas, o número de obras em andamento na cidade ainda é baixo, pois muitas são “obras de pequeno porte, que não alteram tanto o cenário da construção”, e relembra que ainda há construtores com apartamentos estocados.

 

Segundo Afonso Becker, gerente financeiro da Mineral Construtora, os principais projetos são de médio padrão. “A classe média recuou”, avalia. “Esse povo sumiu. A classe média aqui da cidade ganha bem, mas, no cenário econômico atual, não busca a construção civil de alto padrão.”

Oliveira afirma que o cenário é otimista para a construção civil em 2018. Segundo ele, há muitas empresas na cidade que estão voltando a poder investir em novos empreendimentos e que estão conseguindo vender as unidades já fabricadas.

Porém, segundo ele, o número de apartamentos à venda em Brusque ainda é alto. “Muitos apartamentos que não estão sendo vendidos foram construídos para serem destinados ao Minha Casa Minha Vida, mas, com a freada do programa, muitas pessoas que seriam o público dessas unidades não conseguiram linha de crédito para o financiamento”.

“Há uns 7 ou 8 anos, muita gente começou a construir, as construtoras vendiam todas as unidades ainda na planta, muita gente viu oportunidades na construção civil. Aí começou a ter muitas unidades e pouca procura, os preços começaram a reduzir, empresas novas pararam de atuar no mercado e sobraram imóveis. Só agora estamos começando a voltar ao normal”, avalia o engenheiro civil e proprietário da Schama Construtora, João Antônio Schaefer Neto.

Os empreendimentos de alto padrão, explica Becker, são aqueles que contam com espaços de cinema, piscina, sauna e outras facilidades. Os prédios de médio padrão não possuem essas características e são construções mais simples.

Antônio Zendron Neto, engenheiro civil e proprietário da Quattra Empreendimentos, relembra que, no início desta década, a evolução da construção civil na cidade era visível. “Andando de carro você notava o crescimento. Mas hoje é muito claro que esse mercado, pelo menos o voltado à moradia para as classes A e B, deu uma estagnada. O que deu uma continuada foi o programa Minha Casa Minha Vida, mas para outro público.” Segundo ele, o que se observa muito no município são as casas geminadas, construção voltada ao público da classe C.

Schaefer informa que recentemente entregou um empreendimento com 78 apartamentos, de dois e de três quartos. “O que mais vende é na região central ou próximo ao Centro, de dois dormitórios. A procura caiu, então precisamos fazer apartamentos mais baratos, mas sem perder a qualidade.”

Para o engenheiro, ter 67 prédios em construção é um bom número para uma cidade do porte de Brusque. Segundo ele, isso indica uma recuperação do mercado. “Antes, tínhamos muitos investidores, o pessoal comprava e revendia, e isso parou. Mas hoje estou sentindo que até os investidores estão voltando a ter interesse pela construção civil.”

De acordo com Schaefer, a maior procura por apartamentos é por parte de pessoas jovens, recém-casadas ou com planos de casar, na faixa dos 30 anos, e também de pessoas que querem fazer um “upgrade” na moradia, aumentando o padrão: casais e famílias mais velhas que buscam condomínios com mais facilidades, como salão de festas, piscina, sala de jogos, entre outros.

O engenheiro civil Zendron Neto acredita que 2018 começa com boas perspectivas. “As vendas não estão acontecendo na velocidade desejada, mas temos esperança de bons negócios, um ano muito superior a 2016 e 2017, que foram muito difíceis nesse mercado.”