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Soberania não se vende

Sempre sinto com alegria e alto grau de patriotismo, ver meu país participar dos grandes eventos internacionais, particularmente no esporte. Digo isso, porque quando jovem curti a minha maneira os esportes de então.

Não tenho hoje condições de participar ativamente, mas tenho obrigação de me engajar como cidadão a todos os tipos de eventos que estimulam a juventude no saudável jogo dos esportes. O esporte sempre foi um grande moderador dos impulsos típicos da juventude, como também foi estimulador das boas virtudes, dado seu grau ético que é estabelecido nas disputas.

Um dos belos estímulos e virtudes que o esporte promove é a não bebida alcoólica, o cigarro e outros vícios. Ele protege a mente, destes pecados capitais.  A experiência tem demonstrado que jovens que praticam o esporte com paixão serão mais tarde honrados pais de família.

Estamos frente a oportunidade de sediar novamente a copa do mundo do futebol. Um grande momento de congraçamento universal. Pelo lado econômico, uma enorme fonte de divisas a serem injetadas no país. Sendo uma competição de nível internacional é necessário seguir todas as regras que se foram aperfeiçoando ao longo dos anos desta modalidade.

Graças a luz brilhante de um brasileiro, João Havelange, foi transformada numa gigantesca multinacional do esporte (FIFA), uma organização não econômica (?) que visava o congraçamento e a aproximação dos povos através do futebol que se tornou paixão universal.

Entretanto, esta multinacional se transformou num monstro com tentáculos de interesses comerciais, principalmente pelo lado da mídia e todos os produtos correlatos a esta atividade. Sua dimensão acabou criando um mercado próprio de interesse em que, a cada evento, forma-se um leilão pelo bom número de países interessados. 

Para uma competição de alto nível, foram feitas uma série de exigências técnicas em relação aos estádiospara que pudéssemos nos candidatar. Porque nossos estádios, como estão, seriam uma vergonha demais para o país.

Assim também como outras exigências (aeroportos, hotéis, alojamentos, infraestrutura de transportes etc.) para maior sucesso do evento. Tudo isso está se cumprindo. Mas, todos sabem que por trás desta sigla, está enrustido poderosos interesses comerciais, onde uma delas é o de cerveja.

A duras penas, o Brasil vem fazendo um esforço monumental, através da Comissão Permanente de Adoção de Medidas de Prevenção e Combate à Violência  nos Estádios de Futebol, para uma cultura de sobriedade em bebidas alcoólicas tal é o estrago que vem sofrendo a sociedade por este viés. Seja ele, nos estádios, na violência de rua ou doméstica, ou mesmo no trânsito. São medidas que está trazendo o país para um grau de maior civilidade. 

Agora, para surpresa nossa, vem a entidade (FIFA) através de um alto funcionário, insistindo na liberação das bebidas alcoólicas na Copa de 2014, numa atitude arrogante, querendo obrigar nossas instituições a mudarem um conceito já instalado da não bebida alcoólica (cerveja) nos estádios, impondo a liberação de bebidas, com argumento falacioso de exceção, apenas durante a copa para maior “brilhantismo”.

A comissão acima manifestou seu repúdio de maneira clara e veemente por qualquer mudança na atual política de bebidas nos estádios.

Somos um país soberano e jamais poderá se curvar aos interesses de grupos empresariais. Se este Congresso for coerente, não daria nem espaço para este tipo de discussão. Está na hora de dizer um basta: a soberania não está a venda. 

Este artigo foi publicado na edição impressa do Jornal Município Dia a Dia em 29 de janeiro