Sobre fumódromos e filhos de presidentes
Na semana passada, o ministro da Educação Abraham Weintraud esteve na comissão de Educação da Câmara dos Deputados para ser ouvido acerca das suas declarações de que há plantações de maconha nos campi das universidades federais.
A fala do ministro havia provocado “piti” em reitores das ditas universidades e nos setores de oposição. Pois bem, o ministro foi lá e mostrou que realmente sabia do que estava falando. Depois ninguém mais repercutiu o assunto.
Quando a declaração foi feita, o barulho foi grande, mas a explicação não mereceu sequer um sussurro. Mas não escrevo isso em benefício do ministro, que considero um rotundo fracasso. Ele não deveria estar dando explicações sobre frases de efeito, mas tomando decisões efetivas para mudar os rumos dos investimentos que o país faz em Educação.
Não é novidade nenhuma a enorme decadência que são os ambientes das grandes universidades, especialmente nas áreas de ciências humanas, em termos intelectuais, ideológicos e éticos. Mas as autoridades devem tomar decisões efetivas sobre isso. Não é com frases no Twitter que se governa um país.
Afinal, quando o governo parará de enviar navios de dinheiro para manter privilégios históricos nessas universidades federais, que estão muito longe de cumprir seu papel? O modelo das nossas federais é antilógico. Quem passa no vestibular dos seus melhores cursos é quem tem grana para frequentar o ensino privado no fundamental e no médio e se manter em tempo integral nos seus centros educacionais. Ora, nós estamos pagando muito, mas muito caro, para dar ensino de qualidade (quando o é de fato) para quem tem condições de pagar por ele.
Se se planta ou se fuma maconha nas universidades é problema quase secundário. O pior é que são nossos impostos que pagam por tudo isso, sem quase nenhum retorno. Aliás, é na formação de professores dessas universidades que está o criadouro da decadência ideológica que depois vem ser despejada nas nossas escolas públicas.
Eu esperava, com muita ânsia, por sinalizações de mudanças efetivas dessas políticas, mas, até agora, apenas frases soltas no ar. Parece que o buraco é bem mais fundo do que a gente imagina que seja.
Por fim, o ano foi marcado pela impertinência das frases de efeito dos filhos do presidente, que tanto deram fôlego para a grande imprensa e para a oposição. Afinal, parece que estão aprendendo a manter a boca e o twiter fechados. Será que vai durar?
Mas eis que o filhinho prodígio de Lula também aparece agora, como alvo da 69ª fase da Lava Jato. Sua trajetória de funcionário de zoológico a empresário bilionário, na esteira do tráfico de influências do governo do papai começa a ser desvendada. Como se vê, manter os filhos na linha não é tarefa fácil. Especialmente para quem é Presidente da República.