Sobrevivência da fauna depende do rio Itajaí-Mirim, mas poluição representa ameaça
Rio é ponto de encontro entre presa e predador; poluição representa ameaça a longo prazo para sobrevivência das espécies
“Existe toda uma intrincada ‘teia’ de interrelações e interdependências ocorrendo o tempo inteiro nesse ecossistema. A qualidade ambiental do rio é o ponto de partida para que toda a flora e fauna associadas a ele possam existir”, destaca o biólogo Fabrício Ulber.
Ele acrescenta que todos os fios dessa teia são importantes. “O rompimento de qualquer um desses pode resultar na falência de todo o sistema”, complementa.
Há animais que vivem na área de mata que vão até o rio para se alimentar ou utilizam o rio como norteador durante seus deslocamentos. O gambá é um deles. De hábito noturno, anda às margens do rio procurando comida.
Outros animais como tatu-galinha, gato-maracajá, preá, ouriço-cacheiro e quati podem ser avistados às margens do rio.
Como o rio é um local que oferece bastante recurso e os animais vão até lá para beber água, acaba sendo um ponto de encontro entre a presa e o predador. “São predadores que vão estar em busca desses outros animais para a alimentação deles. Tudo vai estar ligado”
O gato-maracajá, por exemplo, é um predador do rato-d’água, da cutia e do filhote de capivara.
Como a poluição impacta os animais que vivem no rio Itajaí-Mirim
Os despejos de efluentes no rio Itajaí-Mirim são prejudiciais para a sobrevivência dos animais que ali vivem e de toda a cadeia alimentar.
“Esses poluentes vão se acumulando. Tem vários tipos de resíduos que não são facilmente degradados no rio. Eles não somem, eles acumulam”, conta o biólogo. Estes poluentes se acumulam no solo e são absorvidos pelas plantas.
“Animais que se alimentam dessas plantas vão indiretamente absorvendo esses poluentes. E, se um predador come aquele animal que já comeu o capim contaminado, esses contaminantes vão passando de uma população para outra”, complementa Ulber.
Há poluentes chamados de bioacumulativos, que entram no organismo e não saem mais, vão acumulando a cada absorção. “Acumula em órgãos que normalmente estão tentando limpar o organismo. Pode chegar a um ponto que gera lesão nesses órgãos e levar esses animais à morte”.
“É uma coisa que não é visível a pequeno prazo, mas que a longo prazo pode estar impactando em toda a população de algum tipo de animal”, finaliza o biólogo.
Além do mais, a turbidez da água pode prejudicar a caça dos animais. As aves, por exemplo, têm mais dificuldade de localizar os peixes quando a água está turva, assim como as lontras. Os peixes têm a respiração afetada pela baixa quantidade de oxigênio.
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